Dark Matter (2016) de Blake Crouch

by - maio 04, 2018

Dark Matter
★★★★☆

Sinopse:
"Are you happy in your life?"

Those are the last words Jason Dessen hears before the masked abductor knocks him unconscious.

Before he awakes to find himself strapped to a gurney, surrounded by strangers in hazmat suits.

Before the man he's never met smiles down at him and says, 'Welcome back'.
In this world he's woken up to, Jason's life is not the one he knows. His wife is not his wife. His son was never born. And Jason is not an ordinary college physics professor.

Is it this world or the other that's the dream? The answer lies in a journey more wondrous and horrifying than anything Jason could've imagined..."


Opinião [contém spoilers]:
Durante 80% do livro, fui da opinião que Dark Matter era a melhor das minhas leituras de 2018 e que seria o primeiro a ser classificado com cinco estrelas mas, à medida que me aproximava do final, fui mudando de opinião e acabei o livro com a mesma sensação com que termino os do Stephen King: desilusão.

A personagem central do livro é Jason Dessen, um professor de Mecânica Quântica no Lakemond Collegue e, outrora, um cientista promissor que se dedicava ao estudo de como criar uma sobreposição quântica de um objecto que fosse visível ao olho humano. 

"My life is great. It's just not exceptional. And there were a time when it could have been."
Dark Matter (p.34)

A reviravolta que ocorreu na vida de Jason, e que levou a que não tivesse a vida excepcional que poderia ter tido, aconteceu quando tinha vinte e sete anos e Daniela, a pessoa com quem estava há alguns meses, lhe disse estar grávida. 

"She told me she was pregnant. We were having fun, but it wasn't love. Or maybe it was. I don't know. We definitely weren't looking to start a family."
Dark Matter (p.34)

E apesar de, enquanto cientista, saber que é essencial ter algum trabalho publicado antes de chegar aos trinta anos, Jason optou pela vida familiar em detrimento da vida académica, o que lhe custou a sua carreira enquanto investigador. No entanto, de uma coisa está certo: nunca se arrependeu da decisão que tomou.

Mas .... e se a decisão tivesse sido diferente ?

É precisamente esse conceito que Dark Matter explora: as ramificações de todas as escolhas que poderiam ter sido feitas e a ideia de que, existem universos infinitos em que as decisões tomadas foram diferentes, conduzindo a uma realidade distinta daquela que conhecemos como sendo a nossa realidade.

Para começar - e aqui sou suspeita porque ficção que envolva universos paralelos capta logo a minha atenção - adorei o conceito e não me recordo de alguma vez ter lido algo que o abordasse da forma como o autor o faz neste livro, ou seja, existir uma caixa num espaço físico, comum a todos os universos possíveis e dentro da qual um corredor que se prolonga infinitamente permite escolher entre várias portas, cada uma delas servindo de passagem para um universo onde as decisões tomadas foram outras e onde a realidade pode ser BASTANTE diferente daquela que conhecemos ...

Ora, depois de uma noite em família, Jason Dessen sai para ir a um bar mas, no regresso a casa, acaba por ser raptado por alguém que parece excessivamente interessado na sua vida pessoal e que o leva até uma central eléctrica abandonada onde lhe coloca várias perguntas:

"What it's like to be you?"
"How do you feel about your place in the world, Jason?"
"Are you happy in your life?"
"Do you regret your decision to stay with Daniela and make a life with her?"

Antes de perder os sentidos devido à droga que o raptor o força a tomar, Jason ainda tenta perceber o que se vai passar daí em diante mas, nada o poderia preparar para aquilo que o esperava.

I whisper "Now what?"
And he says, "You wouldn't believe me if I told you."
Dark Matter (p.36)


Nem ao Jason, nem a mim.
Ler o Dark Matter foi uma verdadeira montanha russa, o que tornou difícil a tarefa de o pousar, principalmente porque durante grande parte do livro era difícil antever o que estava para vir. À medida que ia lendo ponderava possíveis desfechos "Ah, agora vai acontecer isto! Agora vai acontecer aquilo! Pffff se for isso é mesmo previsível!" Mas a verdade é que as coisas nunca eram exactamente como eu pensava que seriam e gosto quando o autor nos conduz numa direcção para depois nos deitar um balde de água gelada em cima e mostrar que todas as nossas suposições estavam erradas. E acreditem que durante a leitura deste livro, os olhos podem estar naquilo que está escrito mas, a imaginação vai parecer uma daquelas páginas porno com pop-ups por todo o lado!

Quanto à forma como está escrito, li algumas opiniões que criticam aquilo que consideram ser uma "escrita telegráfica" e percebo aquilo a que se referem. No entanto, não vejo que isso seja um ponto negativo. Pelo contrário! 

"Are you real?" she asks.
  Am I real?
  I can't speak.
  My throat aches with grief.
  Tear begin to fill my eyes."
Dark Matter (p.232)

Parece-me que, a "escrita telegráfica", confere muito mais dinamismo e a sensação de estarmos a assistir em directo ao que se está a passar, do que se fosse qualquer coisa como: Ela perguntou-me se eu era real... Será que sou real? - questiono-me. Não consigo sequer falar, quando as lágrimas me começam a encher os olhos e a minha garganta dói com a tristeza. 

Até aqui, tudo o que escrevi parece ser bastante positivo. Mas então, porque raio é que começo o post a dizer que o livro foi uma desilusão ?

Pois... na verdade achei o livro mesmo muito bom (de tal forma que acabei à procura de documentários e artigos sobre sobreposição quântica e universos paralelos) e sim, é verdade que o li num abrir e fechar de olhos mas, não sei o que se terá passado a partir do penúltimo capítulo porque, de repente, parece que o autor se apercebeu que tinha um deadline a cumprir e estava a ficar sem tempo. Acabamos por ter um final que me pareceu bastante apressado, escrito por uma pessoa totalmente diferente. É o mesmo que estar a saborear a última garfada de um belo prato de arroz de polvo e de repente sentir um cabelo lá no meio... ARGH! 

Por outro lado, mas aqui já pensando no livro em retrospectiva, chego à conclusão que a história acaba por ser demasiado lamechas. Quer dizer, o tipo acorda num mundo que não é o dele, mas que podia ter sido se tivesse tomado decisões diferentes e a única preocupação dele é encontrar a mulher ?! Aliás, a única preocupação dele durante todo o livro é encontrar a mulher ? A mim parece-me um bocado redutor mas, quem gosta de uma história de amor (coisa que a mim não me seduz minimamente) é capaz de achar que isso é que marca a diferença neste livro. Eu, como certamente já imaginam, não sou grande fã de love stories. 

Ainda assim, acho que é um excelente livro e gostei bastante de o ler até ao penúltimo capítulo. Mesmo que o final me tenha parecido apressado, a verdade é que as hipóteses levantadas em Dark Matter são tantas que dou comigo, mesmo uma série de dias depois de o ter lido a pensar em cenários hipotéticos.


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