Armada (2015) de Ernest Cline

by - abril 12, 2018

Armada Ernest Cline
★★★★☆
Sinopse:
Para Zack Lightman é apenas mais um dia na escola secundária, até que olha pela janela da sala e vê um disco voador.
Zack pensa que está a enlouquecer. O objecto voador não identificado para o qual está a olhar parece directamente saído do Armada, o videojogo que joga todas as noites e no qual o objectivo é proteger a terra de uma invasão alienígena.
Mas aquilo que Zack vê parece demasiado real e a sua perícia será necessária para salvar a terra daquilo que está prestes a acontecer.
Ainda assim, quando se prepara para enfrentar a investida alienígena, Zack não consegue evitar pensar em todos os livros de ficção científica, programas televisivos e filmes com os quais cresceu. Não haverá algo neste cenário que parece ... demasiado familiar ?


Opinião:
Em Fevereiro li o Ready Player One depois de praticamente ter tropeçado nele por duas vezes numa livraria, e confesso que só me chamou a atenção por causa da capa. Até aquele dia, nunca tinha ouvido falar do Ernest Cline, e livros que envolvessem videojogos não eram propriamente algo que procurasse mas, o livro acabou por entrar directamente para o meu top 5. Claro que, tal como acontece sempre que termino de ler um livro de que realmente gostei, a primeira pergunta é: E agora ? 

Foi assim que acabei por encomendar o Armada e, mais uma vez, WOW !!! 

O livro conta a história de Zack Lightman, um adolescente com um pequeno problema de anger management - o que lhe valeu a alcunha de ZACK ATTACK -, que trabalha na Starbase Ace, uma "crappy video game store" (como Ernest Cline a descreve numa entrevista à Paste Magazine) e que mora sozinho com a mãe, Pamela Lightman, depois do pai ter morrido com apenas dezanove anos num acidente na estação de tratamento de águas residuais onde trabalhava.

Zack não tem qualquer recordação do pai, dado que morreu quando ele ainda era bebé. Mas, ao fazer dez anos, a mãe entrega-lhe a chave do sótão onde, durante todo aquele tempo, guardou várias caixas (verdadeiras "cápsulas do tempo", como Zack lhes chama) que contêm os pertences de Xavier Lightman: mais jogos do que aqueles que uma pessoa conseguiria jogar no espaço de uma vida, um leitor de VHS, várias cassetes de filmes e programas de ficção científica, algumas roupas e um caderno com o título PHAËTON, onde o pai descreve uma teoria da conspiração na qual filmes como 2001: Odisseia no Espaço e Close Encounters seriam na verdade parte de um programa que tinha como objectivo uma lavagem ao cérebro, a nível mundial, com o propósito de preparar a Humanidade para o primeiro contacto com uma espécie alienígena.

Zack acaba assim por crescer a ver os mesmos filmes que o pai via, a jogar os mesmos jogos que o pai jogava, a ouvir as mesmas músicas que o pai ouvia, surgindo aqui as primeiras referências à cultura dos anos 80 que, à semelhança do que acontece no Ready Player One estarão presentes ao longo de todo o livro. 


Armada Ernest Cline

Um desses jogos é o Armada, um simulador de combate aéreo, que permite aos jogadores controlarem remotamente drones de defesa aeroespacial e usá-los para combater os invasores Sobrukai tanto no espaço como sobre as cidades ameaçadas da Terra e, Zack Lightman é de facto um excelente jogador, ocupando o 6º lugar do ranking de pilotos da Earth Defense Alliance (EDA)

Por isso, quando a invasão alienígena está iminente e a destruição da Terra parece cada vez mais próxima, Zack é chamado para se juntar à EDA na derradeira tentativa para derrotar os invasores e assegurar a permanência da espécie humana, ao mesmo tempo que descobre que talvez a teoria da conspiração do pai seja mais do que uma simples teoria...

Na minha opinião, Ernest Cline conseguiu uma vez mais transportar grande parte do imaginário dos anos 80 para este livros, com referências aqui e ali, a filmes e músicas que farão com que quem não conheça queira pesquisar e quem conheça mergulhe numa agradável nostalgia (pessoalmente adorei a referência às cinco notas do Close Encounters! Já não me lembrava desse filme...).


Armada Ernest Cline

Em termos de ritmo, e nisto é algo que o Armada tem em comum com o Ready Player One: não esperem tempos mortos. Afinal de contas, a Terra está prestes a ser atacada por uma força alienígena com capacidade para dizimar toda a espécie humana e acaba por ser difícil pousar um livro quando tanta coisa está em risco! Costumo dizer que o meu barómetro para avaliar a qualidade de um livro é a minha reacção aos tempos de espera da Carris e, quando fico contente por haver atrasos (o que me dá mais tempo para ler) é sinal que o livro é mesmo bom! 

Claro que o livro podia ter um excelente cenário, acção com fartura e ser uma porcaria se as personagens fossem sensaboronas mas, também nisso Ernest Cline consegue ser genial ao criar personagens com as quais nos identificamos ou, pelo menos, com as quais criamos uma empatia imediata, desde Zack Lightman ao seu cão Muffit. Pessoalmente adoro quando um livro consegue suscitar algum tipo de reacção emocional e o Armada foi uma espécie de montanha-russa. Talvez por isso, em dois momentos me entrou um pouco de pó nos olhos (cof*cof*) e tive de esmurrar uma parede to feel manly again. 

Por tudo isso, e apesar de inicialmente estar um pouco reticente sobre se este livro seria tão bom como o Ready Player One, reconheço que acabei por gostar mais deste por ser muito mais imprevisível!

Agora fica-me a faltar ler o The Last Starfigher, de Alan Dean Foster e publicado em 1984. Pelo que pesquisei, a história é bastante semelhante e existirão até várias referências ao livro no Armada mas, como nunca li The Last Starfigher, elas passaram-me completamente ao lado...

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