A Educação de Elanor de Gail Honeyman (2017)
★★★☆☆
Sinopse:
Elanor Oliphant tem uma vida perfeitamente normal - ou assim quer acreditar. É uma mulher algo excêntrica e pouco dotada na arte da interação social, cuja vida solitária gira à volta de trabalho, vodca, refeições pré-cozinhadas e conversas telefónicas semanais com a mãe.
Porém, a rotina que tanto preza fica virada do avesso quando conhece Raymond, um novo colega de trabalho e ambos socorrem Sammy, um senhor de idade que perdeu os sentidos no meio da rua.
A amizade entre os três acaba por trazer mais pessoas à vida de Elanor e alargar os seus horizontes. E, com a ajuda de Raymond, ela começa a enfrentar a verdade sobre a sua vida e o seu passado, num processo penoso mas que lhe permitirá por fim abrir o seu coração.
Elanor Oliphant tem uma vida perfeitamente normal - ou assim quer acreditar. É uma mulher algo excêntrica e pouco dotada na arte da interação social, cuja vida solitária gira à volta de trabalho, vodca, refeições pré-cozinhadas e conversas telefónicas semanais com a mãe.
Porém, a rotina que tanto preza fica virada do avesso quando conhece Raymond, um novo colega de trabalho e ambos socorrem Sammy, um senhor de idade que perdeu os sentidos no meio da rua.
A amizade entre os três acaba por trazer mais pessoas à vida de Elanor e alargar os seus horizontes. E, com a ajuda de Raymond, ela começa a enfrentar a verdade sobre a sua vida e o seu passado, num processo penoso mas que lhe permitirá por fim abrir o seu coração.
Opinião:
Acho que foi em Fevereiro, ou talvez Março de 2019, que parecia que toda a gente andava a ler "A Educação de Elanor" e o feed do instagram estava inundado de fotografias do livro e respetivos leitores de polegar em riste, a dizerem que o livro era absolutamente imperdível.
Pelas opiniões que fui lendo, percebi que muitos referiam ser um livro sobre a solidão, outros sobre a fragilidade humana, e outros ainda mencionavam qualquer coisa sobre o sentimento de ajudar o próximo.
Tudo demasiado rainbows and unicorns para o mesmo gosto e, portanto, estava fora de questão perder tempo a ler lamechices porque já se sabe como é que estas coisas são e, não tardava, estava a ler Nora Roberts e Nicolas Sparks.
Mas numa das minhas incursões à Note! acabei por encontrar o livro em promoção e decidi comprá-lo para fazer um giveaway no instagram @umbloguesobrelivros. Depois lembrei-me que estar a trocar gostos por livros é uma coisa meio mafiosa de se fazer (Sim, eu sei que é marketing e que aumenta o número de seguidores e afins. No entanto, o objetivo do blogue e do instagram nunca foi ter uma horda de seguidores mas sim partilhar aquilo que vou lendo com as pessoas a quem possa interessar e acho que a determinado ponto me comecei a deixar levar pela pressão da rede social) e lá acabei por ficar com "A Educação de Elanor" em cima da mesa de cabeceira durante meses.
Até que em Outubro decidi dar-lhe uma oportunidade.
Comecei a ler o livro meio desconfiada e já a antever que ia detestar, que o ia deixar a meio, que ia ser uma lamechice pegada... e quando cheguei ao terceiro capítulo já estava completamente rendida.
Publicado em 2017, "A Educação de Elanor" (título original: "Elanor Oliphant is Completely Fine") foi o romance de estreia de Gail Honeyman e vencedor, nesse mesmo ano, do Costa Book Awards. A personagem principal é Elanor, uma pessoa solitária, com uma vida organizada ao mais ínfimo pormenor, cheia de rituais diários, e com o hábito de, à sexta feira, ir ao Tesco Metro comprar uma pizza, uma garrafa de Chianti e duas garrafas grandes de vodka Glen's que vai bebendo ao longo do fim de semana, « de modo a nunca estar nem bêbada nem sóbria ». No entanto, Elanor parece estar 100% bem com tudo isso, ao contrário do que as normas sociais ditam.
Mas a vida de Elanor vai começar a mudar quando conhece Raymond, técnico de informática na empresa onde ambos trabalham.
Raymond cheira a tabaco e a comida.
Usa uma « marca barata de colónia para homens ».
Anda num « passo estranhamente saltitante », apoiando-se nas pontas dos pés.
Usa calças de ganga que lhe assentam « demasiado baixo nas ancas ».
E ténis. Anda sempre de ténis.
O à vontade de Raymond vai contrastar com a forma de estar extremamente metódica de Elanor e é precisamente este contraste que torna a narrativa tão interessante e a transforma numa espécie de carrossel de emoções.
Elanor não tem competências sociais.
Raymond, é o típico tipo simpático de quem toda a gente gosta.
Elanor é uma introvertida, alheada do que se passa à sua volta.
Raymond é uma pessoa genuinamente bondosa, que gosta de ajudar o próximo.
Será precisamente um desses momentos, de ajuda a quem precisa, que irá estabelecer o laço entre estas duas pessoas tão diferentes e mudar o rumo da vida de Elanor que, aos poucos, vai começar a perceber que o mundo é mais do que vodka e pizza margherita.
À medida que a história se vai desenrolando, vamos também aos poucos percebendo o porquê do isolamento de Elanor e da sua falta de competências sociais. Na minha opinião, este foi - em parte - mais um dos pontos a favor do livro visto que, em vez de nos desvendar logo tudo de uma só vez, vamos tendo pequenas pistas, aqui e ali, que nos vão permitindo construir o nosso puzzle e formar uma ideia mais pessoal acerca de Elanor que, seja ela qual for, pode ser abalada com a reviravolta final (a mim apanhou-me de tal forma de surpresa que fiquei: « então... então mas isto quer dizer que... ? »).
Mas, não obstante tudo isto, digam-me uma coisa: terei sido só eu quem achou Elanor uma pessoa absolutamente intragável?
Aquilo às tantas já me estava a parecer uma versão citadina e moderna do Crepúsculo.
Agora que penso nisso, é uma versão citadina e moderna do Crepúsculo.
Raymond é o lobisomem, o tipo que parece não ter amor próprio e atura tudo e mais alguma coisa. Elanor é a tipa com cara de enjoada que, aparentemente, pode fazer e dizer o que quiser sem sofrer quaisquer consequências. O cantor é aquele vampiro que brilha, não precisando de fazer nada para além de existir para que a outra fique perdida de amores.
Mas, apesar de não ter gostado da personalidade das personagens, isso não quer dizer que não tenha simpatizado com elas. À sua maneira, cada uma delas tinha alguma coisa. Creio que, principalmente, porque são extremamente realistas e, provavelmente, todos nós conhecemos uma Elanor ou até mesmo um Raymond.
Dito isto, achei "A Educação de Elanor" um livro leve e bem disposto - pelo menos durante a maior parte do tempo -, que se lê com facilidade. Não deixa de ser uma versão citadina do Crepúsculo mas, ainda assim, é um daqueles livros que vale a pena ler se estiverem voltados para alguma coisa mais ligeira.
Acho que foi em Fevereiro, ou talvez Março de 2019, que parecia que toda a gente andava a ler "A Educação de Elanor" e o feed do instagram estava inundado de fotografias do livro e respetivos leitores de polegar em riste, a dizerem que o livro era absolutamente imperdível.
Pelas opiniões que fui lendo, percebi que muitos referiam ser um livro sobre a solidão, outros sobre a fragilidade humana, e outros ainda mencionavam qualquer coisa sobre o sentimento de ajudar o próximo.
Tudo demasiado rainbows and unicorns para o mesmo gosto e, portanto, estava fora de questão perder tempo a ler lamechices porque já se sabe como é que estas coisas são e, não tardava, estava a ler Nora Roberts e Nicolas Sparks.
Mas numa das minhas incursões à Note! acabei por encontrar o livro em promoção e decidi comprá-lo para fazer um giveaway no instagram @umbloguesobrelivros. Depois lembrei-me que estar a trocar gostos por livros é uma coisa meio mafiosa de se fazer (Sim, eu sei que é marketing e que aumenta o número de seguidores e afins. No entanto, o objetivo do blogue e do instagram nunca foi ter uma horda de seguidores mas sim partilhar aquilo que vou lendo com as pessoas a quem possa interessar e acho que a determinado ponto me comecei a deixar levar pela pressão da rede social) e lá acabei por ficar com "A Educação de Elanor" em cima da mesa de cabeceira durante meses.
Até que em Outubro decidi dar-lhe uma oportunidade.
Comecei a ler o livro meio desconfiada e já a antever que ia detestar, que o ia deixar a meio, que ia ser uma lamechice pegada... e quando cheguei ao terceiro capítulo já estava completamente rendida.
Publicado em 2017, "A Educação de Elanor" (título original: "Elanor Oliphant is Completely Fine") foi o romance de estreia de Gail Honeyman e vencedor, nesse mesmo ano, do Costa Book Awards. A personagem principal é Elanor, uma pessoa solitária, com uma vida organizada ao mais ínfimo pormenor, cheia de rituais diários, e com o hábito de, à sexta feira, ir ao Tesco Metro comprar uma pizza, uma garrafa de Chianti e duas garrafas grandes de vodka Glen's que vai bebendo ao longo do fim de semana, « de modo a nunca estar nem bêbada nem sóbria ». No entanto, Elanor parece estar 100% bem com tudo isso, ao contrário do que as normas sociais ditam.
« Sempre me orgulhei muito de conseguir gerir a minha vida sozinha. Sou uma sobrevivente solitária: sou Elanor Oliphant. Não preciso de mais ninguém: não há nenhum grande vazio na minha vida, não falta peça nenhuma do meu puzzle particular. Sou uma entidade autónoma.»
Numa entrevista de Gail Honeyman ao The Guardian, a autora refere que a ideia para a personagem surgiu quando leu um artigo num jornal onde, uma das entrevistadas, era uma jovem de 20 anos que confidenciou que, depois de sair do emprego na sexta feira, muitas vezes só voltava a falar com alguém na segunda feira, quando regressava. No entanto, a autora não queria que Elanor Oliphant fosse retratava como uma vítima o que, na minha opinião, foi muito bem conseguido até certo ponto.
Sim, ela é um pouco... estranha. Talvez até, diria eu, bastante socially awkward. Mas, não será esse um dos efeitos de se passar muito tempo sozinho? Naturalmente que, a partir do momento em que deixamos de interagir com outras pessoas, vamos perdendo progressivamente as nossas competências sociais. É uma questão de tempo até deixarmos de nos sentir confortáveis em situações que envolvam socializar com alguém e, a partir daí, passamos a evitá-las. Como as evitamos, socializamos menos e como socializamos menos, temos cada vez menos capacidade de socializar. Quando menos esperarmos estamos transformados numa espécie de gollum citadino que se irrita com tudo, desde pessoas na fila do supermercado a criancinhas que gritam de tal forma que uma pessoa fica sem saber se lhes bate ou se chama um exorcista. Mas chega de falar de mim.
Um dos aspetos de que mais gostei neste livro foi precisamente a forma como a temática da solidão é abordada: não como um fardo, não algo negativo, mas sim como algo com o qual Elanor está confortável. Claro que a sua falta de competências sociais conduz a uma série de situações absolutamente hilariantes e umas quantas observações mordazes acerca das quais qualquer pessoa lhe diria que « Elanor, isso não se diz. Mesmo que seja o que penses, guarda para ti».
« - Quanto tempo acha que vai ficar internado, Sammy? - questionei. - Só pergunto porque as probabilidades de contrair uma infeção pós operatória aumentam bastante em pacientes com internamento prolongado... gastroenterite, Staphylococcus aureus, Clostridium difficile... »
Raymond cheira a tabaco e a comida.
Usa uma « marca barata de colónia para homens ».
Anda num « passo estranhamente saltitante », apoiando-se nas pontas dos pés.
Usa calças de ganga que lhe assentam « demasiado baixo nas ancas ».
E ténis. Anda sempre de ténis.
O à vontade de Raymond vai contrastar com a forma de estar extremamente metódica de Elanor e é precisamente este contraste que torna a narrativa tão interessante e a transforma numa espécie de carrossel de emoções.
Elanor não tem competências sociais.
Raymond, é o típico tipo simpático de quem toda a gente gosta.
Elanor é uma introvertida, alheada do que se passa à sua volta.
Raymond é uma pessoa genuinamente bondosa, que gosta de ajudar o próximo.
Será precisamente um desses momentos, de ajuda a quem precisa, que irá estabelecer o laço entre estas duas pessoas tão diferentes e mudar o rumo da vida de Elanor que, aos poucos, vai começar a perceber que o mundo é mais do que vodka e pizza margherita.
Aquilo às tantas já me estava a parecer uma versão citadina e moderna do Crepúsculo.
Agora que penso nisso, é uma versão citadina e moderna do Crepúsculo.
Raymond é o lobisomem, o tipo que parece não ter amor próprio e atura tudo e mais alguma coisa. Elanor é a tipa com cara de enjoada que, aparentemente, pode fazer e dizer o que quiser sem sofrer quaisquer consequências. O cantor é aquele vampiro que brilha, não precisando de fazer nada para além de existir para que a outra fique perdida de amores.
Dito isto, achei "A Educação de Elanor" um livro leve e bem disposto - pelo menos durante a maior parte do tempo -, que se lê com facilidade. Não deixa de ser uma versão citadina do Crepúsculo mas, ainda assim, é um daqueles livros que vale a pena ler se estiverem voltados para alguma coisa mais ligeira.
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