A Espada do Destino (1992) de Andrzej Sapkowski

by - janeiro 11, 2020

  A Espada do Destino
 ★★★☆☆
Sinopse:
Continuando as histórias narradas em O Terceiro Desejo, este é o regresso do misterioso Geralt de Rivia, um homem temido pela sua reputação de bruxo e assassino sem misericórdia. Ele erra pelas florestas e cidades à caça de monstros e demónios saídos de lendas antigas, protegendo inocentes e vítimas do mal.

As suas aventuras como viajante e feiticeiro irão levá-lo aos quatro cantos do mundo, conhecendo personangens que irão influenciar o seu destino e envolvendo-o nas mais extraordinárias histórias de amor, sacrifício, coragem e compaixão. Aos poucos prepara-se o caminho para o maior desafio da sua vida: a guerra iminente que se avizinha entre todas as raças. [Fonte: SAPKOWSKI, Andrzej. A Espada do Destino. Porto Salvo: Saída de Emergência (2017)].

Opinião:
À semelhança do livro anterior, O Terceiro Desejo (ler Opinião | "O Terceiro Desejo" (1993) de Andrzej Sapkowski), também este é composto por uma série de contos durante os quais vamos acompanhar algumas das aventuras de Geralt de Rivia. São eles:

1. O Limite do Possível 
2. Um Fragmento de Gelo 
3. O Fogo Eterno
4. Um Pequeno Sacrifício 
4. A Espada do Destino 
5. Algo Mais 

A principal diferença, na minha opinião, é que enquanto no primeiro livro da série temos seis contos intercalados com uma história que serve de fio condutor, aqui o que vamos encontrar são cinco aventuras distintas que têm Geralt como ator principal.

Embora A Espada do Destino tenha sido escrito em 1992, e O Terceiro Desejo em 1993, a ordem de leitura recomendada inverte a ordem dos livros. Como ainda não comecei a ler a saga propriamente dita, ainda não sei se estes dois são realmente essenciais para perceber o que se vai passar mais adiante mas, em breve saberei.


 O Terceiro Desejo   A Espada do Destino

Há quem defenda que estes dois primeiros livros são facultativos e que, quem quiser ler a saga do The Witcher pode saltar imediatamente para o terceiro livro, O Sangue dos ElfosDa mesma forma que há leitores que são da opinião de que estes dois primeiros livros são essenciais para se conseguir ter uma ideia mais abrangente do que se vai passar adiante. Pelo que pude pesquisar até agora, parece-me que é um pouco como acontece com o The Hobbit: não é essencial para perceber e apreciar a história mas dá-nos uma melhor contextualização.

Quanto ao livro propriamente dito, tenho lido péssimas opiniões, muitas das quais alegam que a história é de um « sexismo flagrante », « ofensiva », e há até um leitor que diz que A Espada do Destino é « um agonizante olhar machista e pretensioso, cheio de pseudo-filosofias ».



Mas, considerando que hoje em dia que há muitos pãezinhos sem sal que se ofendem facilmente, já seria de esperar que um livro que envolve mamas ao léu e brincadeiras eróticas em grupo fosse ofender algumas pessoas. 

Chamo a vossa atenção para o facto de, em nenhum dos casos, estarmos perante descrições ou badalhoquices por aí além. 

Chamo também a vossa atenção para o facto da história nos remeter para um ambiente medieval, época em que a função da mulher era tratar das crianças e da casa. Ora, em A Espada do Destino temos mulheres em posições elevadas de poder, mulheres independentes, mulheres guerreiras, mulheres que têm sexo com quem querem e porque querem... E vêm dizer que é sexista porque há mamas ao léu ?! 


POUPEM-ME!
E vão ler mas é as aventuras do Ruca ou da Patrulha Pata


Pessoalmente achei que havia lamechice a mais e demasiado drama romântico. Esperava que num livro em que a personagem principal é um bruxo, um mutante cuja profissão consiste em matar monstros a troco de dinheiro, houvesse mais luta e sangue derramado, mas acabou por ser mais uma espécie de considerações filosóficas sobre honra em que acabamos por perceber que o bruxo não é nenhum monstro sanguinário.



Por outro lado, as desavenças românticas entre Geralt e Yennefer acabaram por tornar aborrecidas algumas histórias que até pareciam ter algum potencial. No primeiro conto, O Limite do Possível, a caça ao dragão fica completamente estragada a partir do momento em  que Yennefer entra em cena e começa numa berraria desgraçada com Geralt por causa de uma coisa que se passou entre eles há quatro anos atrás. O temível bruxo acaba transformado numa espécie de adolescente insegura e cheia de vontade de agradar, e a história numa coisa que mais parece saída de um daqueles livros dramáticos com letras cor de rosa.

Como se não bastasse, no conto Um Fragmento de Gelo, o autor decidiu dar-nos uma visão da vida doméstica do bruxo e da feiticeira, que se resume a ela a evocar água do mar para ele tomar banho, e dele a dizer coisas como « não precisas de gritar, Yen, nem de ser tão agressiva ».




Pessoalmente, só comecei a sentir algum verdadeiro interesse já mesmo nos dois últimos contos, A Espada do Destino e Algo Mais, onde os caminhos da princesa Cirilla e de Geralt se irão cruzar, mais do que uma vez. É também num destes contos que ficaremos a saber a origem da guerra que opõe humanos a não humanos, o que nos leva a questionar se os monstros o serão realmente ou se serão apenas... diferentes.

No final, o balanço desta leitura acaba por ser positivo. Embora não tenha gostado do formato (não sou, de todo, uma pessoa de contos) apreciei bastante a panóplia de monstros que vão aparecendo, como o basilisco, « um estranho ser com uma longa cauda de réptil » e « bico de pássaro arqueado »; o dopller, que « consegue copiar alguém com tanta precisar que não é possível diferenciá-lo do original »; as dríades, que vivem na floresta de Brokilon e que recusam ser dominadas pelos humanos... 

A única parte menos positiva foi mesmo a moleza de Geralt quando na presença de Yennefer. Acho que nos livros que se seguem a feiticeira voltará a ter um papel predominante mas, espero que a dinâmica entre os dois mude porque, sinceramente, não há pachorra para tanto drama amoroso...
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