As Ruínas (2006) de Scott Smith

by - outubro 11, 2021


Sinopse: O que acontece quando um grupo de pessoas vulgares se vê isolado numa situação extrema? Eram apenas umas férias descontraídas para Jeff, Amy, Eric, Stacy, Mathias e Pablo, nas praias do México. Mas quando Mathias lhes confessa que está a pensar ir à procura do irmão que desapareceu numas escavações arqueológicas na selva mexicana, em breve todos estarão a atravessar o ponto a partir do qual não poderão mais regressar. Embrenhando-se na floresta, ignorando os sinais de perigo que se multiplicam, são aprisionados numa colina por um grupo de indígenas armados, carecendo de água e alimentos e começando numa desesperada e inimaginável luta pela sobrevivência. A pouco e pouco, porém, apercebem-se de que não estão sozinhos e que algo ou alguém aguarda apenas que as escolhas, o pânico, o arrependimento e a resignação os vençam, como uma sentença pairando sobre as suas cabeças. Scott Smith explora com uma precisão impiedosa as tensões psicológicas e os medos insondáveis da natureza e das relações humanas à medida que o suspense ascende a um nível quase claustrofóbico. Um livro perturbador que conquistou os lugares cimeiros de diversas tabelas de vendas, foi traduzido em cerca de 30 línguas e vê a sua adaptação ao cinema concretizada em 2009.


★★★☆☆

Opinião [contém spoilers]: Ler este livro depois de ter visto o filme, é basicamente o mesmo que ir ver o Sexto Sentido sabendo que o tipo está morto: perde-se completamente o fator surpresa. Por isso, ficam avisados.

As Ruínas têm como cenário as paisagens paradisíacas do México, onde quatro amigos decidem ir passar férias juntos: Amy, Stacy, Jeff e Eric. Amy e Stacy, eram como irmãs, « cheias de segredos, intimidades sem palavras e olhares cúmplices". Jeff era o namorado de Amy, Eric o de Stacy, e davam-se razoavelmente bem. É junto ao hotel que conhecem Mathias, um alemão que tinha ido para ali de férias com o irmão. Irmão esse que se enamorou de uma arqueóloga, decidiu deitar tudo para trás das costas e ir atrás dela para uma escavação no meio de nenhures. Comportamento muito pouco sensato, na opinião de Mathias, e é precisamente por isso que ele comenta estar a pensar ir atrás dele. Os outros, que nem sequer o conhecem de lado nenhum, decidem acompanhá-lo porque, afinal de contas, a tal escavação fica só a meio dia de viagem do hotel. O problema é que a viagem será muito mais longa do que qualquer um deles esperava.


Sabem que mais? Eu às vezes questiono-me se os protagonistas dos livros e filmes de terror vivem numa realidade onde não existem livros nem filmes de terror. Por exemplo, se eu estiver sozinha em casa e de repente as luzes se apagarem e as portas dos armários começarem a bater, eu não vou andar às escuras pela casa a dizer « Hello? Is anyone there? It's not funny anymore ». Pois claro que não vou. E sabem porquê? Porque vejo filmes de terror e sei que, das duas uma, ou aparece um maluco com uma faca, ou um poltergeist endiabrado. 

Infelizmente, parece que este grupo não via muitos filmes e terror.

O motorista do autocarro em que vão, diz-lhes que o sítio para onde vão « não é bom » e até se oferece para os levar de volta sem cobrar mais por isso. O que é que eles fazem? Riem-se do motorista.

Depois chegam à aldeola perto da tal escavação, e o ambiente é estranhamente pesado. As pessoas olham de lado, outras ignoram-nos, e veem até uma mulher que parece estar a embalar uma criança morta. O que é que eles fazem? Tiram fotografias! Riem-se mais um bocadinho.

Decidem então ir à procura do caminho para a escavação, e só o encontram à segunda tentativa. Porquê? Porque tinha sido propositadamente escondido com vegetação. Mais uma vez o que fazem? Afastam os galhos e folhas e seguem pelo carreiro fora, felizes e saltitantes.

Caramba! Há uma altura em que aparecem vários tipos a cavalo com espingardas nas mãos, aos gritos, a tentar impedi-los de entrar na clareira... E o que é que eles fazem? Toca a andar em frente! Neste ponto, a conclusão a que chego é que o que quer que aconteça dali para a frente é a seleção natural a trabalhar.


Achavam que ficava por aqui ? Enganaram-se. Pois que a determinado ponto o grupo parece ouvir um telemóvel a tocar no fundo de um poço. E daqui sai a ideia mais genial de sempre: atar um dos tipos a uma corda que estava presa a uma roldana e descê-lo pelo poço. Já estão a ver no que isto vai dar, não é ? Pois... não se pode dizer que tenha sido a ideia mais brilhante de sempre, mas dá para apimentar um bocado a história.

E o resto é o que seria de esperar: falta de água, falta de comida, falta de um plano que lhes permita sair dali, e a crescente convicção que nunca sairão da clareira. Eu, apesar de não ter ficado fã do livro, gostei da forma como o autor explora o crescente desespero e a progressiva perda de esperança num final final. Claro que, se não conhecesse já o final, a leitura tinha sido muito mais empolgante...

Uma coisa que nunca fica bem claro é que raio a trepadeira quer. Se é que quer alguma coisa... Geralmente as histórias que envolvem ruínas maias ou astecas têm uma componente sobrenatural, embora não me pareça que seja esse o caso. Se calhar é a Natureza a querer vingar-se das pessoas e a querer recuperar novamente a totalidade do mundo. Mas esta hipótese também não faz muito sentido porque a maldita planta mata tudo o que mexe, humano ou não. Portanto, não sei...  

Resumindo, diria que não é um livro de tirar o fôlego, mas que ainda assim tem algumas partes com alguma tensão. Recomendado para quem está a pensar ir de férias ao México, para poder estar a par os sinais de alerta e não acabar numa clareira a ser comido vivo por plantas demoníacas.

Boas Leituras!

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