Clube de Combate (1996) de Chuck Palahniuk
★★★★★
Sinopse:
A primeira regra do Clube de Combate é: não falar do Clube de Combate.
A segunda regra do Clube de Combate é: não falar do Clube de Combate.
A terceira regra do Clube de Combate é: dois homens por luta.
No mundo apocalíptico de Tyler Durden, os rituais secretos de combate são vividos como um desafio a todos os limites. O que é a lealdade ? Que sentido faz pertencer a um grupo ? A solidão é uma libertação ou a imagem íntima de terror ?
Clube de Combate, adaptado ao cinema, em 1999 por David Fincher e com as interpretações de Brad Pitt e Edward Norton, foi um livro que marcou uma geração.
Opinião:
Esta não foi a primeira vez que li este livro.
Nem a segunda.
E tenho a certeza que não será a última.
O livro é tão ... intenso, que dei comigo a enviar SMS com citações acompanhadas de um "tens MESMO de ler isto" e a fazer umas pausas contemplativas para absorver o que tinha acabado de ler.
A adaptação ao cinema, feita em 1999, também é muito boa e, embora não seja cem por cento fiel ao livro, depois de vermos o filme, torna-se difícil dissociar as personagens de um e de outro.
A adaptação ao cinema, feita em 1999, também é muito boa e, embora não seja cem por cento fiel ao livro, depois de vermos o filme, torna-se difícil dissociar as personagens de um e de outro.
Fight Club (1999) | Realizado por David Fincher |
A pornografia moderna que é o catálogo do Ikea.
Empregos merdosos para termos dinheiro para comprar ... coisas.
Regras corporativas.
Regras sociais.
Regras culturais.
Regras que acabam por nos transformar em mais uma roda na engrenagem.
Morremos sem que tenhamos feito nada de notório com a nossa vida.
E vivemos uma vida governada pelo que temos e pelo que queremos ter.
Este livro foi considerado uma sátira e uma crítica social.
Na capa pode ler-se "um livro que marcou uma geração".
Embora lançado em 1996, portanto há mais de vinte anos, Chuck Palahniuk conseguiu ser tão premonitório como George Orwell com o seu 1984, e acredito que o Fight Club venha a marcar muitas mais gerações, cujas vidas são afectadas pela precariedade e pelas exigência de se ter mais e melhor.
O autor opta por nos atirar directamente para o final do livro.
Portanto, começamos logo a pensar que raio terá acontecido para termos um tipo com uma pistola enfiada na boca, dentro do 191º andar de um edifício que vai deixar de existir dentro de dez minutos.
Nove.
Oito.
Sete.
O tipo com a arma enfiada na boca é o narrador. Chamemos-lhe "N".
Este livro foi considerado uma sátira e uma crítica social.
Na capa pode ler-se "um livro que marcou uma geração".
Embora lançado em 1996, portanto há mais de vinte anos, Chuck Palahniuk conseguiu ser tão premonitório como George Orwell com o seu 1984, e acredito que o Fight Club venha a marcar muitas mais gerações, cujas vidas são afectadas pela precariedade e pelas exigência de se ter mais e melhor.
O autor opta por nos atirar directamente para o final do livro.
Portanto, começamos logo a pensar que raio terá acontecido para termos um tipo com uma pistola enfiada na boca, dentro do 191º andar de um edifício que vai deixar de existir dentro de dez minutos.
Nove.
Oito.
Sete.
Fight Club (1999) | Realizado por David Fincher |
O tipo com a arma enfiada na boca é o narrador. Chamemos-lhe "N".
N é um « coordenador de campanhas de recolha » de automóveis.
Basicamente, é ele quem é chamado quando há bronca.
Por bronca entenda-se « quando o diferencial traseiro bloqueia e se despista e arde com toda a gente lá fechada dentro » ou a utilização de um couro curtido « com uma substância teratógenica, Nirret sintético qualquer coisa igualmente ilegal e que ainda é usada nos cortumes do Terceiro Mundo. Uma coisa tão forte que podia causar defeitos de nascença no feto de qualquer grávida que tivesse contacto com ela».
O trabalho dele consiste em calcular o que sai mais barato: recolher todos os carros defeituosos ou indemnizar os lesados.
N detesta o trabalho que tem.
N detesta o patrão.
N adora o faqueiro Alle de aço inoxidável que pode ir à máquina.
N adora as paredes de cimento com 30 centímetros do seu apartamento.
O conjunto de sofás Haparanda com as capas cor de laranja, design de Erika Pekkari.
O cadeirão Johnneshow com aquele tecido de riscas verdes Strinne.
E portanto N tem de trabalhar para pagar as coisas que possui.
Mas será ele que as possui ou que se tornou num « escravo do instinto de ninho» ?
E não seremos nós também escravos deste mesmo instinto ?
Embora, aparentemente, N possua bastantes bens materiais (ou será o contrário?), há « alguma coisa mais profunda » que não o deixa dormir e acaba a viver num mundo em que tudo parece uma cópia, de uma cópia, de uma cópia.
"Tinham passado três semanas e eu sem dormir. Três semanas sem dormir e tudo se transforma numa experiência extra-corporal. O meu médico disse-me:
- A insónia é só um sintoma de qualquer coisa mais profunda. Descubra o que é que está de facto mal. Ouça o seu corpo.
Eu só queria dormir. Queria as capsulazinhas azuis de Amytal Sodium, de 200 miligramas. Queria as cápsulas vermelhas e azuis, em forma de bala, de Tuinal e os Seconals vermelho-vivos."
" O que tens de saber é que a Marla ainda está viva. A filosofia de vida da Marla, disse-me ela, é que pode morrer a qualquer instante. A tragédia da vida dela é que não morre."
Não entrando em grandes detalhes para evitar spoilers que arruinariam por completo a leitura (se bem que, por esta altura, a maioria das pessoas já deva ter visto o filme e saiba a que spoiler me refiro), o que na minha opinião mais sobressai no Fight Club é este antagonismo entre N e Tyler Durden que, acaba por espelhar o antagonismo que existe em muitos de nós actualmente.
Um mora numa casa com paredes de 30 centímetros de espessura.
Outro, numa casa devoluta com pregos ferrugentos por todo o lado.
Um tem o cadeirão Johnneshow com aquele tecido de riscas verdes Strinne.
Outro, tem pilhas de revistas National Geographic e Reader's Digest deixadas pelo anterior proprietário.
Um, vive de acordo com as regras.
Outro, defende que a autodestruição é a única forma de ser livre.
Ainda assim, apesar das diferenças (será que existem?), N e Tyler Durden, que defende que « só depois de teres perdido tudo é que serás livre para fazeres tudo o que quiseres », irão fundar o Clube de Combate, um clube que « só existe entre as horas entre o momento em que o clube de combate começa e aquele em que o clube de combate acaba ».
As regras são:
1.Não se fala do Clube de Combate.
2.Não se fala do Clube de Combate.
3.Quando alguém diz "pára" ou desmaia, mesmo que seja só a fingir, a luta acaba.
4.Só podem ser dois tipos por combate.
5.Um combate de cada vez.
6.Lutam sem camisa e sem sapatos.
7.Os combates duram o tempo que tiverem de durar.
8.Se for a primeira noite no clube, têm de lutar
" Quem eu sou no clube de combate não é a pessoa que o meu patrão conhece.
Depois de uma noite no clube de combate, tudo no mundo real fica com o som desligado. Não há nada que te consiga chatear. A palavra é lei e se as outras pessoas desrespeitam essa lei ou te põem em causa, mesmo isso não te chateia."
Mais tarde, estes clubes de combate irão dar origem ao Project Mayhem, cuja missão é « destruir a civilização para podermos transformar o mundo numa coisa melhor ».
A ideia da autodestruição como forma de alcançar a libertação, é algo que está presente durante todo o livro.
Diria eu que Fight Club é uma excelente parábola da sociedade em que vivemos, onde se dedica a vida, vivida de forma insignificante, em empregos desumanizantes. Por esta razão, acaba por ser fácil ao leitor identificar-se com as personagens que acabam por espelhar os seus próprios dilemas.
Por tudo isto, é um livro que vale bem a pena ler, reler e partilhar.
O trabalho dele consiste em calcular o que sai mais barato: recolher todos os carros defeituosos ou indemnizar os lesados.
Fight Club (1999) | Realizado por David Fincher |
N detesta o trabalho que tem.
N detesta o patrão.
N adora o faqueiro Alle de aço inoxidável que pode ir à máquina.
N adora as paredes de cimento com 30 centímetros do seu apartamento.
O conjunto de sofás Haparanda com as capas cor de laranja, design de Erika Pekkari.
O cadeirão Johnneshow com aquele tecido de riscas verdes Strinne.
E portanto N tem de trabalhar para pagar as coisas que possui.
Mas será ele que as possui ou que se tornou num « escravo do instinto de ninho» ?
E não seremos nós também escravos deste mesmo instinto ?
Embora, aparentemente, N possua bastantes bens materiais (ou será o contrário?), há « alguma coisa mais profunda » que não o deixa dormir e acaba a viver num mundo em que tudo parece uma cópia, de uma cópia, de uma cópia.
Fight Club (1999) | Realizado por David Fincher |
"Tinham passado três semanas e eu sem dormir. Três semanas sem dormir e tudo se transforma numa experiência extra-corporal. O meu médico disse-me:
- A insónia é só um sintoma de qualquer coisa mais profunda. Descubra o que é que está de facto mal. Ouça o seu corpo.
Eu só queria dormir. Queria as capsulazinhas azuis de Amytal Sodium, de 200 miligramas. Queria as cápsulas vermelhas e azuis, em forma de bala, de Tuinal e os Seconals vermelho-vivos."
Clube de Combate (p.19)
Mas para o médico, a insónia era um mal menor.
Se N queria ver sofrimento a sério, que passasse na Primeira Eucaristia numa terça-feira à noite.
E é assim que N acaba a frequentar grupos de auto-ajuda.
Parasitas do cérebro.
Parasitas do sangue.
Doenças degenerativas dos ossos.
Disfunções orgânicas do cérebro.
Cancro testicular.
E é assim que N conhece Marla Singer.
Fight Club (1999) | Realizado por David Fincher |
" O que tens de saber é que a Marla ainda está viva. A filosofia de vida da Marla, disse-me ela, é que pode morrer a qualquer instante. A tragédia da vida dela é que não morre."
Clube de Combate (p.108)
N irá também conhecer Tyler Durden.
Não num grupo de apoio, mas numa praia de nudistas.
Tyler é um criado de banquetes, serve à mesa num hotel na baixa e é projeccionista filiado no sindicato dos projeccionistas
Tyler é um « terrorista de guerrilha da indústria de prestação de serviços », o que se traduz em urinar para o creme suave de tomate com ameijoas e coentros, espetar a pila nas mousses de laranja e soltar « uns peidos para cima de todo o carrinho carregado de Boccone Dolce para o lanche da Liga dos Juniores ».
Fight Club (1999) | Realizado por David Fincher |
Não entrando em grandes detalhes para evitar spoilers que arruinariam por completo a leitura (se bem que, por esta altura, a maioria das pessoas já deva ter visto o filme e saiba a que spoiler me refiro), o que na minha opinião mais sobressai no Fight Club é este antagonismo entre N e Tyler Durden que, acaba por espelhar o antagonismo que existe em muitos de nós actualmente.
Um mora numa casa com paredes de 30 centímetros de espessura.
Outro, numa casa devoluta com pregos ferrugentos por todo o lado.
Um tem o cadeirão Johnneshow com aquele tecido de riscas verdes Strinne.
Outro, tem pilhas de revistas National Geographic e Reader's Digest deixadas pelo anterior proprietário.
Um, vive de acordo com as regras.
Outro, defende que a autodestruição é a única forma de ser livre.
Fight Club (1999) | Realizado por David Fincher |
Ainda assim, apesar das diferenças (será que existem?), N e Tyler Durden, que defende que « só depois de teres perdido tudo é que serás livre para fazeres tudo o que quiseres », irão fundar o Clube de Combate, um clube que « só existe entre as horas entre o momento em que o clube de combate começa e aquele em que o clube de combate acaba ».
As regras são:
1.Não se fala do Clube de Combate.
2.Não se fala do Clube de Combate.
3.Quando alguém diz "pára" ou desmaia, mesmo que seja só a fingir, a luta acaba.
4.Só podem ser dois tipos por combate.
5.Um combate de cada vez.
6.Lutam sem camisa e sem sapatos.
7.Os combates duram o tempo que tiverem de durar.
8.Se for a primeira noite no clube, têm de lutar
" Quem eu sou no clube de combate não é a pessoa que o meu patrão conhece.
Depois de uma noite no clube de combate, tudo no mundo real fica com o som desligado. Não há nada que te consiga chatear. A palavra é lei e se as outras pessoas desrespeitam essa lei ou te põem em causa, mesmo isso não te chateia."
Clube de Combate (p.49)
Mais tarde, estes clubes de combate irão dar origem ao Project Mayhem, cuja missão é « destruir a civilização para podermos transformar o mundo numa coisa melhor ».
A ideia da autodestruição como forma de alcançar a libertação, é algo que está presente durante todo o livro.
Diria eu que Fight Club é uma excelente parábola da sociedade em que vivemos, onde se dedica a vida, vivida de forma insignificante, em empregos desumanizantes. Por esta razão, acaba por ser fácil ao leitor identificar-se com as personagens que acabam por espelhar os seus próprios dilemas.
Por tudo isto, é um livro que vale bem a pena ler, reler e partilhar.
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1 comments
Adoro o filme! O livro, nunca li, mas, se for como a regra geral, será muito melhor do que o filme! Ui ui! Tenho de rever a minha lista de desejos, este vai entrar, com certeza! Todo este filme é inquietante e surpreendente, às vezes nem é bom olhar. Mas continuo a adorar
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