Wayward Pines-Revolta [#2] (2013) de Blake Crouch

by - junho 28, 2018

★★★★☆

Sinopse:
Aninhada entre montanhas perfeitas, a idílica cidade de Wayward Pines é um paraíso... se esquecermos a vedação electrificada e o arame farpado, os franco-atiradores que vigiam tudo permanentemente e a vigilância atenta que detecta cada palavra e cada gesto. Ethan Burke viu o mundo do outro lado. Ele é o xerife da comunidade e um dos poucos que conhecem a verdade.


Opinião:

ALERTA DE SPOILERS
Se ainda não leste Wayward Pines-Paraíso, sugiro que não leias esta crítica uma vez que contém uns quantos spoilers do primeiro livro e, nesta trilogia, quanto menos souberes antes de começares a ler, melhor.

Se estás a ler isto é porque:
1. Já leste o primeiro livro. 
2. Não leste o primeiro o primeiro livro mas, como não gostas de supresas, não queres saber dos spoilers.

Seja qual for o caso, BEM VINDO A WAYWARD PINES

Tal como na crítica ao primeiro livro, Wayward Pines-Paraíso, vou tentar manter a aura de mistério e não revelar nenhum segredo que possa eliminar o factor surpresa que é, sem a menor sombra de dúvida, o maior trunfo da trilogia (tal como aconteceu no Dark Matter, também do Blake Crouch).

Tenho de começar por dizer que o primeiro livro foi uma correria.
Literalmente.
Podia muito bem chamar-se Desafio Wayward Pines e o nome continuaria a fazer justiça ao conteúdo.
Ou Maratona Wayward Pines.
Wayward Pines Challenge.

Na minha opinião, o principal ponto-forte foi a forma como me conseguiu manter na expectativa desde a primeira, até à última página. Na verdade, a leitura pareceu estar sempre ensombrada por todas as formas possíveis de como tudo poderia correr mal, e acabei por passar grande parte do livro a pensar Agora é que quero ver como é que te vais safar desta ...

Todo o cuidado é pouco e nunca nos podemos fiar em autores como Blake Crouch.
Ainda assim, não é propriamente um George R.R.Martin.
Se fosse, provavelmente o Ethan Burke teria sido esventrado por um bando de abis assim que pusesse um pé do outro lado da vedação. The End.


Abi | Série TV Wayward Pines (2015)
Mas, como Blake Crouch não é o George Martin, o que acontece é que, ainda que haja bastante suspense durante os três livros, uma coisa é clara desde o início: Ethan Burke é a personagem central e, de uma forma ou de outra, lá se vai safando porque é badass e portanto consegue correr, trepar rochas, envolver-se numa luta corpo a corpo com um abi e ainda ter forças para andar a rastejar por um túnel. Isto tudo movido a pouco mais do que uma cenoura que levava no bolso.

Voltando a Wayward PinesAté ao momento sabemos que:
- Wayward Pines não é uma cidade normal.
- Há uma vedação electrificada à volta de toda a cidade.
- Do outro lado da vedação estão os abis.
- A maioria dos citadinos não sabe o que existe do outro lado da vedação.
- A cidade tem 461 residentes.
- Aos residentes é dito onde viver, trabalhar e com quem casar.
- Há câmaras ocultas nas ruas, nas casas e nos estabelecimentos.
- Todos os residentes têm um chip implantado na perna.
- A maioria desconhece que está sujeito a vigilância 24 horas.
- É absolutamente proibido falar sobre a vida anterior a Wayward Pines.
- Ocasionalmente são organizadas fêtes «para os que praticam actos de destruição».


Ethan Burke | Série TV Wayward Pines (2015)
David Pilcher e Pope | Série TV Wayward Pines (2015)

Em Wayward Pines-Paraíso, comecei por não saber muito bem o que se estava a passar e com uma crescente sensação de paranóia em que desconfiava de tudo e de todos.
Alguma coisa se passava.
De certeza.
Mas o quê ?
Depois, temos a caça ao Ethan Burke e, aos poucos e poucos, o levantar do véu sobre o que realmente se passa em Wayward Pines. Bom, pelo menos uma parte do que se passa em Wayward Pines.

David Pilcher e Ethan Burke | Série TV Wayward Pines (2015)

Entramos depois no segundo livro com Ethan Burke como xerife de Wayward Pines e, provavelmente uma das poucas pessoas que sabe o que realmente se passa na cidade e fora dela mas, embora agora ocupe uma posição privilegiada e pareça ser o homem de confiança de David Pilcher, fica claro desde o início que, nem Pilcher está cem por cento certo de que Ethan esteja na parceria « de alma e coração », nem Ethan parece estar convencido que Wayward Pines não é mais do que um projecto megalómano de um voyeur com síndrome de Deus.


E é precisamente esta desconfiança que marca o segundo livro da trilogia.

Já desde Wayward Pines-Paraíso que sabemos que há um grupo de residentes que descobriu como contornar o sistema de vigilância da cidade, o que, só por si, revela que nem todos os moradores estão conformados com a nova vida que lhes foi atribuída.

« Há um contingente clandestino em Pines que apresenta uma fachada de submissão mas, secretamente, quer tomar o controlo. Chame-lhe... uma insurreição. Uma rebelião. Querem libertar-se, expor os podres, mudar a maneira como as coisas são feitas. Deve compreender que isso significaria o fim de Pines. O fim de todos nós.»
Wayward Pines (p.313)

Em Wayward Pines-Revolta esse grupo será posto à prova e a Ethan Burke serão atribuídas duas missões que o vão conduzir a segredos muito bem guardados.

Mais uma vez, é inegável a mestria com que Blake Crouch conduz o leitor em diferentes direcções e, por mais do que uma vez, dei comigo a pensar quais seriam as suas verdadeiras motivações e a questionar a sua lealdade. 

Temos assim, como sentimentos dominantes nos livros:
#1 Wayward Pines - Paranóia
#2 Wayward Pines - Desconfiança

Para evitar o risco de, inadvertidamente, lançar algum spoiler não há muito mais que possa acrescentar para além do facto que, neste segundo livro, é revelado um pouco mais sobre a cidade e a sua génese. À semelhança do livro anterior, também é um daqueles que se lê de uma assentada (esta trilogia é perigosíssima nesse sentido porque, não rende nada).

Deixo no entanto algumas sugestões:
- Desconfia de tudo.
- Desconfia de todos.
- Nada é o que parece.
- Desfruta da estadia em Wayward Pines.
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