Artemis (2017) de Andy Weir

by - novembro 22, 2020

 

★★☆☆☆
Sinopse: 
Para viver na lua, Jazz Bashara faria qualquer coisa. Bom, mais ou menos. A vida em Artemis, a primeira e, até ver, única cidade da Lua, é difícil. Só turistas ricos ou bilionários excêntricos que vivem a sua reforma dourada fora do planeta Terra é que conseguem usufruir em pleno do Mar da Tranquilidade. Um pouco de contrabando aqui e ali não é grave, certo?

É por isso que, quando surge a oportunidade de, com um grande golpe, decidir o seu futuro, Jazz não hesita. Tem apenas de conseguir o impossível, e de o fazer fora da colónia, onde não só a gravidade é seis vezes inferior à da Terra como o Sol queima e o ar não existe.

Mas isso será apenas o começo de uma série de eventos que vai pôr em causa a existência da própria colónia. Jazz era apenas uma contrabandista a tentar ganhar a vida. Será que está preparada para pôr tudo em risco para salvar o único lugar onde alguma vez se sentiu em casa ?

Fonte: Weir, Andy. Artemis. Amadora: Top Seller (2018)


Opinião: Não sei se já vos tinha contado, mas sou das pessoas mais despistadas que conheço no que diz respeito a datas. Para terem uma ideia, uma vez fui para o local onde ia decorrer uma sessão de autógrafos do George Martin, e só ao fim de quase uma hora à espera é que descobri que o evento tinha decorrido no mês anterior. Se a funcionária da bilheteira não me tivesse avisado, provavelmente ainda lá estava. 

Pelos vistos, estas minhas trocas também se estendem aos livros. 


Em primeiro lugar, e por alguma razão, achei que o Artemis tinha dado origem a um filme chamado Elysium. Parece que afinal não.

Depois, há toda a saga da compra do livro que começou em 2019 quando fui à Feira do Livro e, por engano, trouxe O Marciano. Em 2020 fui lá novamente, e já só quando estava na fila é que me apercebi que tinha novamente O Marciano nas mãos! 

O lado bom desta troca foi ter lido O Marciano, um livro do qual realmente gostei. O lado negativo foi que fiquei com as expetativas demasiado elevadas, e completamente desprevenida para a desilusão que me esperava em Artemis.


Artemis é o nome da cidade onde decorre a ação e que tem a particularidade de se situar... na Lua. Logo nas primeiras páginas do livro temos um pequeno mapa, onde podemos ver que é constituída por diferentes cúpulas ligadas entre si através de túneis e, ao longo do livro, vamos percebendo que cada cúpula tem as suas particularidades.

A cúpula Conrad, « cheia de canalizadores, vidreiros, metalúrgicos, oficinas de soldadura, oficinas mecânicas »; a redoma Aldrin, que é uma verdadeira estância turística com « hotéis, casinos, casas de putas, teatro e até um parque a sério », e a cúpula Armstrong, « uma parte merdosa da cidade », constituída essencialmente por unidades fabris. E esta é a parte interessante do livro. 

Achei que a descrição da cidade estava muito bem conseguida, especialmente na forma como captou as assimetrias entre as diferentes cúpulas e a fragilidade da vida na lua, onde todos estão totalmente dependentes dos mantimentos provenientes da Terra, e do bom funcionamento de todos os equipamentos. Mas, como já O Marciano tinha sido em torno de um tipo a tentar sobreviver em Marte, ter-se-ia tornado repetitivo se em Artemis a história fosse sobre as pessoas a tentar sobreviver na Lua. Ainda assim, acredito que teria sido mais interessante.

Aquilo que senti durante a leitura deste livro, foi que o autor quis inserir todos os elementos que achava que fariam uma boa história: personagens, teorias da conspiração, a máfia, perseguições, engenhocas, suspense, paixão. A história acabou por sofrer uma overdose e, embora fosse notória a tentativa de construir uma trama interessante, acabei por ler algumas partes na diagonal porque estava a sentir-me verdadeiramente aborrecida. Não sei quanto a vocês mas, para mim, uma cena que se quer de cortar a respiração não pode ser demasiado descritiva. Isto é, se saltou um parafuso se uma cúpula, não quero saber qual o formato da cabeça do parafuso, o material de que é feito, de onde veio nem que tipo de chave de fendas é precisa para reparar. Percebem a ideia?


Depois temos a questão das personagens e, acreditem ou não, já não me recordo da última vez que li um livro com uma personagem central tão mal construída. Sim, eu percebo que o empowerment da mulher é importante e é interessante que se tentem criar personagens femininas que ocupem o papel central, que sejam destemidas, corajosas e por aí fora... Mas Jazz é uma espécie de misto entre um handyman azeiteiro, um machista e um tipo com a mania que é esperto que passa o tempo a dar lições às pessoas e a dizer « É ciência ! ». Poupem-me!

Em suma, ao contrário do que aconteceu com O Marciano, não apreciei especialmente esta leitura. Achei que tinha demasiado blá blá blá de suporte científico a explicar como é que tudo funciona e, apesar de ter funcionado em alguns casos, noutros tornou a narrativa incrivelmente enfadonha. A personagem principal era irritante. A forma como tudo se desenvolveu foi atabalhoada. Ah, e já vos falei das imensas descrições, excessivamente detalhadas ? Às tantas parecia que estava a reler O Nome da Rosa.

E vocês, já leram Artemis ?

Acho que poderás gostar de...

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