O Ano do Oráculo (2018) de Charles Soule
★★★☆☆
Sinopse:
Will Dando leva uma vida bastante normal, para alguém com quase 30 anos. Até ao dia em que acorda de um sonho que lhe revela 108 profecias. E esta informação pode bem transformá-lo no homem mais poderoso do mundo. Sabendo estar na posse de algumas informações comprometedoras, decide esconder-se sob o pseudónimo de Oráculo, veiculando uma série de previsões através do Site, uma página de Internet que rapidamente se torna viral e desperta a curiosidade de todo o tipo de pessoas e organizações.
Atraídas pelo fascínio de conhecer o seu próprio futuro, milhares de pessoas contactam o Oráculo, mas o Site acaba também por chamar a atenção de grandes empresas, dispostas a pagar milhões pelo acesso exclusivo a uma previsão que as possa beneficiar. Tudo isto obriga Will a confrontar-se com as dúvidas. O que fazer com o conhecimento que recebeu? E de onde terão surgido as misteriosas previsões?
Com poucas pessoas em quem confiar, a única hipótese de Will é desvendar o significado oculto das previsões, ao mesmo tempo que tenta sobreviver e evitar uma catástrofe mundial.
Opinião: Tinha imensas expectativas em relação a este livro mas, no final, acabou por se revelar uma tremenda desilusão. Na prática, as 412 páginas mais não são do que a sinopse um pouco mais elaborada, visto que não há nada que aconteça no livro que não esteja já descrito na contracapa.
A ideia é realmente interessante: um tipo de 20 e tal anos , Will Dando, que mora num apartamento em Nova Iorque e faz uns trocos a tocar guitarra baixo em eventos, tem um sonho durante o qual lhe são reveladas 108 profecias. Com o propósito de juntar o útil ao agradável decide, juntamente com o seu amigo de longa data, Hamza, criar "O Site" onde são colocadas algumas das profecias, mas onde é também disponibilizado o contacto para quem queira saber mais alguma coisa. Isto, claro, sempre assegurando o anonimato de Will, ou o "Oráculo", como viria a ficar conhecido.
Para ser franca nem sei ao certo o que esperava que acontecesse mas, pelo menos gostava que a história tivesse sido um pouco mais sombria e com um final mais interessante.
A personagem central era aborrecida, desequilibrada e incongruente. Numa ocasião é irresponsável ao ponto de ir para um bar dizer que é o Oráculo e depois fecha-se num quarto de hotel durante dias a fio quase a ter um mental breakdown. Pouco depois já é um tipo decidido, com coragem ora confrontar líderes mundiais e ainda dizer umas piadas pelo meio.
O mesmo em relação aos amigos do Oráculo: Hamza e Miko: o primeiro é o cérebro por detrás do site, a segunda é uma tentativa de personificação de uma santidade. Não bastasse isto, perdi a conta ao número de vezes que foi feita referência à gravidez de Miko. Muito bem: está grávida. Mensagem recebida. Agora será que podemos avançar?
Não vou entrar em mais pormenores acerca das ligações de Will porque, a formula é sempre a mesma: à medida que os acontecimentos se vão desenrolando, as personagens vão adotando comportamentos heróicos ou estúpidos conforme aquilo que ficar melhor, mas sempre de uma forma errática e pouco coerente. Pelo menos os vilões da história pareceram um pouco mais genuínos e com um objetivo trançado.
Claro que, mesmo com personagens tão unidimensionais, a história parecia ter potencial e este acabou por ser um daqueles livros que fui lendo sempre à espera que melhorasse. Mas, quando percebi que tinha uma grande componente de propaganda política e aquela mensagem já mais do que vista de "para alcançarmos a paz mundial temos de ser todos amigos", a pouca esperança que tinha lá acabou por se desvanecer.
Portanto, assim de uma forma muito resumida, diria que o plot é interessante mas foi explorado de forma superficial, havendo detalhes que são completamente ignorados como, por exemplo, sabermos qual a origem das previsões. Se o livro se chama "O Ano do Oráculo", gostava pelos menos de saber por que raio é que foi aquele o tipo escolhido para ser o mensageiro e qual a origem das mensagens. Será pedir muito?
Quanto às personagens, não senti a mínima empatia por nenhuma delas (vá... talvez um pouco pela badass a quem todos chamam a "Treinadora"), visto que todas pareciam peões num jogo que bem sequer sabiam qual era.
Por isso, apesar de a capa dizer "finalista do prémio goodreads para melhor livro de ficção científica", de certeza que encontram outras opções bem mais interessantes dentro do universo sci-fi. Diria que O Ano do Oráculo estará mais dentro da categoria de livros que lemos quando não temos mais nada para ler: não é mau, mas também não é nada que fique na memória.
E vocês, já leram O Ano do Oráculo? Digam-me o que acharam nos comentários!
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