A Torre da Andorinha (1997) de Andrzej Sapkowski
Sinopse:
O mundo está coberto pela neblina sufocante e cruel da guerra. Ciri, a criança da profecia, desapareceu. Procurada tanto por amigos como por adversários, assumiu a identidade de um bandido e vive em liberdade pela primeira vez na vida. Mas o cerco à sua volta está a apertar e os assassinos impiedosos de Nilfgaard seguem o seu rasto.
Geralt, o bruxo, não desistiu da sua missão. Apesar das feridas, reuniu um grupo de aliados determinados a resgatar Ciri. Mas os crimes que cometeu tornaram-na famosa, e os mercenários que a procuram são implacáveis. Conseguirá Geralt salvar a jovem ? E será a lendária Torre da Andorinha um porto seguro ?
Opinião [contém spoilers]:
Já cheguei àquele ponto em que já não sei se me torturo mais um bocadinho e acabo a série, ou se compro os livros só mesmo para completar a coleção. A Torre da Andorinha é o sexto livro e, sinceramente, continuo à espera das cenas emocionantes que me foram prometidas, como lutas entre o bruxo e criaturas monstruosas, batalhas grandiosas, feiticeiras poderosas... A verdade é que neste momento, até uma receita de bacalhau à Zé do Pipo seria mais interessante do que 397 páginas do livro. Pelo menos saberia qual era o objetivo.
Se considerarmos os dois primeiros livros, O Último Desejo e A Espada do Destino, as coisas até parecem interessantes mas, aparentemente, o autor esgotou tudo o que era emoção nesses dois primeiros volumes e agora restam-nos apenas centenas de páginas entediantes e um leque de personagens que parecem nunca fazer nada de interessante não ser andarem de um lado para o outro.
O que me chateia mais nisto tudo é que eu queria mesmo gostar do livro. A sério que sim. Aliás, o que eu queria mesmo era gostar da saga. Mas tenho notado que ainda não houve um único livro que me proporcionasse realmente um bom momento de leitura e continuo a ler na expetativa que as coisas melhorem. Se considerarmos que já só faltam dois livros para isto terminar, não acredito que haja grandes melhorias.
O que dizer então de A Torre da Andorinha ?
Estamos numa de honestidade, sim? Então diria que foi uma seca descomunal. Foram mais as vezes que adormeci do que aquelas em que fechei o livro por minha iniciativa, e chegou a um ponto que já nem sequer tinha a mínima noção de que raio se estava a passar. Andamos ali de um lado para o outro, de cena em cena, sem saber muito bem para onde nos dirigimos e durante grande parte da história nem sequer ouvimos falar do Geralt (não é propriamente a minha personagem favorita, mas pelo menos sempre é aquela que proporcionava os momentos mais animados).
Mas eu acho que o Sapkowski sabia que o livro era entediante e, numa jogada de mestre, decidiu incluir numa série de capítulos um parágrafo gigantesco com qualquer coisa como « se naquele dia, depois do anoitecer, alguém conseguisse aproximar-se sorrateiramente da choupana perdida no meio do pantanal (...) ». Ou seja, uma pessoa está a ler aquilo e fica sempre à espera da altura em que alguma coisa vai mudar e alguém de consegue aproximar e entrar por ali adentro. Mas não. Não se passa absolutamente nada. A Ciri lá continua a contar a sua história, e o ancião lá continua a ouvi-la. Então para que raio foi aquilo ?! Parece uma daquelas publicidades enganosas onde oferecem montes de coisas, mas depois na prática o que dão é uma mão cheia de nada.
E depois temos as intermináveis intrigas políticas que, como costumam dizer nos filmes de terror It's not funny any more. Mas imagino que a resposta do autor a isto seria qualquer coisa como...
Em vez de se ir adensando aos poucos, parece que em cada um dos livros se procurou que as intrigas atingissem o seu grau máximo de complexidade, e para mim isso fez com que se tornassem absolutamente desinteressantes. Em vez de apreciar a leitura, tenho de estar sempre super focada para me conseguir lembrar dos nomes das personagens, de quem são os aliados, os inimigos e os traidores. Não bastasse, ainda temos a acrescentar o facto de não termos uma linha temporal propriamente linear, e andarmos constantemente a saltitar.
E é isto. Para ser franca, não posso acrescentar muito mais porque o livro foi tão desinteressante e adormeci tantas vezes, que já nem sequer me lembro do que é que aconteceu. Se tivesse de fazer um resumo seria qualquer coisa como:
« A Ciri foi atacada por alguém e fugiu de cavalo até um pantanal, onde foi acolhida por um velhote a quem contou como chegou até ali. Ficamos a saber que tinha sido atacada por um mercenário que era amigo de um presidente de uma terriola. Acho que o presidente tinha oferecido uma recompensa mas o mercenário descobriu quem ela era e decidiu que valia mais entregá-la a alguém que não me lembro quem fosse. A Yennefer está numa cidade que tem barcos e anda lá à procura de um diamante para fazer qualquer coisa. Não faço ideia de onde está o Geralt.»
Resumindo e concluindo: a única coisa de nota no livro é a capa da autoria do Luís Melo.
Boas Leituras!
1 comments
O que eu me ri com a tua opinião!
ResponderEliminarOk...não é bonito rir do teu desespero mas, mesmo assim, achei imensa piada à forma como escreveste a tua revolta em relação ao livro!
Por incrível que pareça, ainda fiquei com mais vontade de o ler :p Acho que é para provar a mim mesma que foi um bom investimento (de tempo e de dinheiro, visto que os livros não são baratos....).
Já tenho o livro cá em casa. Já vou preparada para o pior, mas à espera que não seja assim tão mau como descreves... :D