A História de Uma Serva (1985) de Margaret Atwood
★★★★☆
Sinopse:
Extremistas cristãos de direita derrubaram o governo norte-americano e queimaram a Constituição. A América é agora Gileade, um estado policial fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, são obrigadas a conceber filhos para a elite estéril.
Defred é uma Serva na República de Gileade e acaba de ser transferida para a casa do enigmático Comandante e da sua ciumenta mulher. Pode ir uma vez por dia aos mercados, cujas tabuletas agora são imagens, porque as mulheres estão proibidas de ler. Tem de rezar para que o Comandante a engravide, já que, numa época de grande decréscimo do número de nascimentos, o valor de Defred reside na sua fertilidade e o fracasso significa o exílio nas Colónias, perigosamente poluídas. Defred lembra-se de um tempo, antes de perder tudo, incluindo o nome, em que vivia com o marido e a filha e tinha um emprego. Essas memórias vão-se agora misturando com ideias perigosas de rebelião e amor.
Opinião:
Acabei de ler A História de Uma Serva hoje durante a hora do almoço e é, sem dúvida, um dos melhores livros que já li este ano! Durante algum tempo, andei reticente em comprá-lo porque, embora tivesse lido que se tratava de uma distopia, a fotografia de Margaret Atwood na contracapa só me fazia lembrar uma daquelas autoras de romances melosos para os quais não tenho a mínima paciência. Por outro lado, o livro custa quase 20 euros e, por esse valor, tinha opções que me pareciam bem mais interessantes.
Mas, se há coisa que aprendi, é que as visitas semanais à livraria mais próxima valem quase sempre a pena porque, de vez em quando, lá aparece uma ou outra promoção e vou conseguindo comprar os livros da minha lista de próximas leituras a um preço bastante apelativo. No caso de A História de Uma Serva, encontrei o livro com 30% de desconto e, portanto, ainda que não fosse um dos prioritários, acabei por aproveitar o negócio.
Bom... o que dizer sobre A História de Uma Serva ?
Já vos disse que foi um dos melhores livros que li em 2018?
Curiosamente, foi também um dos mais bizarros e assustadores.
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017)
A narrativa passa-se no coração da fictícia República de Gileade,
« Onde são os seus limites, é coisa que não sabemos, eles variam de acordo com os ataques e contra-ataques; mas aqui é o centro, onde nada se mexe. A República de Gileade está dentro de vós.»
A História de Uma Serva (p.34)
O mundo, como o conhecemos, faz parte de um passado que parece cada vez mais distante, tendo tudo começado « depois da catástrofe em que alvejaram o Presidente e dispararam contra o Congresso e o exército declarou o estado de emergência » (A História de Uma Serva, p.199)
De quem foi a culpa ?
Alegadamente, dos fanáticos islâmicos.
A maioria da população, acreditando que todo o cuidado era pouco, foi aceitando as medidas que iam sendo tomadas pelo governo autoproclamado e que, supostamente, serviriam para garantir a sua segurança.
Aceitaram quando a Constituição foi suspensa, temporariamente.
Aceitaram quando os jornais foram censurados e alguns fechados, por motivos de segurança.
Aceitaram a falta de novas eleições, que levariam algum tempo a preparar.
E, num piscar de olhos, estavam à mercê de um regime extremista cristão, assente em princípios fundamentalistas e no qual a sociedade se encontra estratificada em classes privilegiadas, como as Esposas e os Comandantes, e aquelas que se destinam a servi-los, como é o caso das Servas.
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017)
A nossa narradora, Defred, é precisamente uma dessas Servas.
Defred não é, no entanto, o seu nome verdadeiro mas sim, um patronímico, composto pelo pronome possessivo (De) e pelo nome próprio do Comandante ao qual ela pertence (Fred).
« Não me chamo Defred, tenho outro nome, que agora ninguém usa porque é proibido.»
Extremistas cristãos de direita derrubaram o governo norte-americano e queimaram a Constituição. A América é agora Gileade, um estado policial fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, são obrigadas a conceber filhos para a elite estéril.
Opinião:
Acabei de ler A História de Uma Serva hoje durante a hora do almoço e é, sem dúvida, um dos melhores livros que já li este ano! Durante algum tempo, andei reticente em comprá-lo porque, embora tivesse lido que se tratava de uma distopia, a fotografia de Margaret Atwood na contracapa só me fazia lembrar uma daquelas autoras de romances melosos para os quais não tenho a mínima paciência. Por outro lado, o livro custa quase 20 euros e, por esse valor, tinha opções que me pareciam bem mais interessantes.
Mas, se há coisa que aprendi, é que as visitas semanais à livraria mais próxima valem quase sempre a pena porque, de vez em quando, lá aparece uma ou outra promoção e vou conseguindo comprar os livros da minha lista de próximas leituras a um preço bastante apelativo. No caso de A História de Uma Serva, encontrei o livro com 30% de desconto e, portanto, ainda que não fosse um dos prioritários, acabei por aproveitar o negócio.
Bom... o que dizer sobre A História de Uma Serva ?
Já vos disse que foi um dos melhores livros que li em 2018?
Curiosamente, foi também um dos mais bizarros e assustadores.
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017) |
A narrativa passa-se no coração da fictícia República de Gileade,
« Onde são os seus limites, é coisa que não sabemos, eles variam de acordo com os ataques e contra-ataques; mas aqui é o centro, onde nada se mexe. A República de Gileade está dentro de vós.»
A História de Uma Serva (p.34)
O mundo, como o conhecemos, faz parte de um passado que parece cada vez mais distante, tendo tudo começado « depois da catástrofe em que alvejaram o Presidente e dispararam contra o Congresso e o exército declarou o estado de emergência » (A História de Uma Serva, p.199)
De quem foi a culpa ?
Alegadamente, dos fanáticos islâmicos.
A maioria da população, acreditando que todo o cuidado era pouco, foi aceitando as medidas que iam sendo tomadas pelo governo autoproclamado e que, supostamente, serviriam para garantir a sua segurança.
Aceitaram quando a Constituição foi suspensa, temporariamente.
Aceitaram quando os jornais foram censurados e alguns fechados, por motivos de segurança.
Aceitaram a falta de novas eleições, que levariam algum tempo a preparar.
E, num piscar de olhos, estavam à mercê de um regime extremista cristão, assente em princípios fundamentalistas e no qual a sociedade se encontra estratificada em classes privilegiadas, como as Esposas e os Comandantes, e aquelas que se destinam a servi-los, como é o caso das Servas.
A nossa narradora, Defred, é precisamente uma dessas Servas.
Defred não é, no entanto, o seu nome verdadeiro mas sim, um patronímico, composto pelo pronome possessivo (De) e pelo nome próprio do Comandante ao qual ela pertence (Fred).
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017) |
A nossa narradora, Defred, é precisamente uma dessas Servas.
Defred não é, no entanto, o seu nome verdadeiro mas sim, um patronímico, composto pelo pronome possessivo (De) e pelo nome próprio do Comandante ao qual ela pertence (Fred).
« Não me chamo Defred, tenho outro nome, que agora ninguém usa porque é proibido.»
A História de Uma Serva (p.100)
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017)
Será através do seu olhar que iremos conhecer o ambiente opressivo que caracteriza a vida na República de Gileade, onde os letreiros das lojas foram substituídos por linguagem sinalética - porque as mulheres estão proibidas de ler e de escrever -, e onde aqueles que cometem ou cometeram actos contra os ideais do Governo são enforcados publicamente e deixados à vista de todos, como exemplo.
Mas, sem dúvida que aquilo que mais marca este livro é o facto de as mulheres terem sido completamente destituídas de toda a sua individualidade, autonomia e direitos.
« Servimos um propósito reprodutivo: não somos concubinas, gueixas ou cortesãs. Pelo contrário: fizeram todos os possíveis para nos retirar dessa categoria. Não deve haver nada de recreativo em nós, não pode haver espaço para o desabrochar de desejos secretos (...). Somos úteros andantes, nada mais: veículos sagrados, cálices ambulatórios.»
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017) |
Será através do seu olhar que iremos conhecer o ambiente opressivo que caracteriza a vida na República de Gileade, onde os letreiros das lojas foram substituídos por linguagem sinalética - porque as mulheres estão proibidas de ler e de escrever -, e onde aqueles que cometem ou cometeram actos contra os ideais do Governo são enforcados publicamente e deixados à vista de todos, como exemplo.
Mas, sem dúvida que aquilo que mais marca este livro é o facto de as mulheres terem sido completamente destituídas de toda a sua individualidade, autonomia e direitos.
« Servimos um propósito reprodutivo: não somos concubinas, gueixas ou cortesãs. Pelo contrário: fizeram todos os possíveis para nos retirar dessa categoria. Não deve haver nada de recreativo em nós, não pode haver espaço para o desabrochar de desejos secretos (...). Somos úteros andantes, nada mais: veículos sagrados, cálices ambulatórios.»
A História de Uma Serva (p.100)
Tudo começou quando todas as mulheres foram despedidas dos seus empregos. No mesmo dia, e de forma a evitar o êxodo em massa da cidade, todas as contas com um F (feminino) em vez de um M (masculino) foram congeladas, no seguimento de uma nova lei promulgada pelo Governo e que não permitia às mulheres ter quaisquer bens. Uma acção concertada e bem planeada que não lhes deixou outra opção que não fosse submeterem-se voluntariamente ao jugo deste novo regime extremista ou, tentarem fugir clandestinamente.
O contexto atrás do qual este novo governo se escudou para justificar as medidas adoptadas foi, sobretudo, a queda drástica da taxa de natalidade.
Tudo começou quando todas as mulheres foram despedidas dos seus empregos. No mesmo dia, e de forma a evitar o êxodo em massa da cidade, todas as contas com um F (feminino) em vez de um M (masculino) foram congeladas, no seguimento de uma nova lei promulgada pelo Governo e que não permitia às mulheres ter quaisquer bens. Uma acção concertada e bem planeada que não lhes deixou outra opção que não fosse submeterem-se voluntariamente ao jugo deste novo regime extremista ou, tentarem fugir clandestinamente.
O contexto atrás do qual este novo governo se escudou para justificar as medidas adoptadas foi, sobretudo, a queda drástica da taxa de natalidade.
« Os nados mortos, os abortos espontâneos e as malformações genéticas estavam a aumentar, uma tendência que tem sido associada aos diversos acidentes com centrais nucleares, encerramento de reactores e incidentes de sabotagem (...) fugas em depósitos de material de guerra química e biológica e em lixeiras de resíduos tóxicos.»
« Os nados mortos, os abortos espontâneos e as malformações genéticas estavam a aumentar, uma tendência que tem sido associada aos diversos acidentes com centrais nucleares, encerramento de reactores e incidentes de sabotagem (...) fugas em depósitos de material de guerra química e biológica e em lixeiras de resíduos tóxicos.»
A História de Uma Serva (p.341)
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017)
Com o objectivo de com combater esta tendência, as mulheres foram divididas fecundas e infecundas.
As fecundas serão atribuídas a uma família e a sua função consistirá em manter relações sexuais com o Comandante até que engravide. Caso consiga dar à luz uma criança saudável « será transferida, para ver se consegue repetir a proeza, com outra pessoa que precise do serviço » (A História de Uma Serva, p.146).
As infecundas, eram consideradas Não-Mulheres e enviadas para as Colónias onde eram usadas como brigadas descartáveis de limpeza de lixo tóxico.
« Nas Colónias passam o tempo todo a limpar (...). Calculam que, nessas, a pessoa dure três anos, no máximo. Até lhe cair o nariz e ficar com a pele como luvas de borracha. Não se dão ao trabalho de dar muita comida, nem fatos de protecção nem nada, fica mais barato assim.»
The Handmaid's Tale | Série Televisiva (2017) |
Com o objectivo de com combater esta tendência, as mulheres foram divididas fecundas e infecundas.
As fecundas serão atribuídas a uma família e a sua função consistirá em manter relações sexuais com o Comandante até que engravide. Caso consiga dar à luz uma criança saudável « será transferida, para ver se consegue repetir a proeza, com outra pessoa que precise do serviço » (A História de Uma Serva, p.146).
As infecundas, eram consideradas Não-Mulheres e enviadas para as Colónias onde eram usadas como brigadas descartáveis de limpeza de lixo tóxico.
« Nas Colónias passam o tempo todo a limpar (...). Calculam que, nessas, a pessoa dure três anos, no máximo. Até lhe cair o nariz e ficar com a pele como luvas de borracha. Não se dão ao trabalho de dar muita comida, nem fatos de protecção nem nada, fica mais barato assim.»
A História de Uma Serva (p.282)
Não existia, portanto, uma opção que fosse preferível a outra.
Viver para servir as classes privilegiadas, ou morrer nas Colónias.
É assustador imaginar um mundo assim mas, mais assustador ainda é, durante a leitura, tomarmos consciência de que há certos aspectos que não estão assim tão longe daquela que é a realidade dos dias de hoje, em muitos locais, e para muitas mulheres.
Mas, não julguem que este livro é exclusivamente sobre mulheres.
Inicialmente também eu tinha essa ideia. Afinal de contas, o livro chama-se A História de Uma Serva, a narradora é uma Serva, e grande parte do livro incide sobre os abusos aos quais esta classe está sujeita. Mas, à medida que avançava na leitura, fui-me apercebendo que todos, mesmo os pertencentes às classes privilegiadas, como as Esposas e os Comandantes, estavam sujeitos à opressão do regime, ainda que de formas diferentes.
A forma como a realidade nos vai sendo revelada aos poucos é, na minha opinião, um dos pontos fortes do livro. A protagonista, Defred, narra o seu dia a dia enquanto Serva, sendo esta narrativa intercalada com reminiscências do passado. Isto acaba por resultar numa narrativa fragmentada mas que me parece resultar muito bem visto que enfatiza as diferenças entre o antes e o depois. Em algumas críticas que tive oportunidade de ler, este é um dos aspectos do qual os leitores não gostaram por considerarem que dificulta a leitura e torna difícil perceber o que se está a passar e quando. Concordo que nas primeiras páginas isso acontece, tal como sucede sempre que lemos um estilo diferente, mas à medida que nos vamos familiarizando com o estilo de escrita de Margaret Atwood, vamos também sentido que a leitura começa a fluir com mais facilidade.
Outro aspecto que valorizo bastante num livro são as personagens e, se já são leitores habituais de UmBlogueSobreLivros sabem que sou da opinião que, uma má personagem pode arruinar por completo aquilo que poderia ser uma boa história, como aconteceu com A 5ª Vaga. Bom, em A História de Uma Serva não achei que as personagens fossem particularmente marcantes mas, em contrapartida, o ambiente opressivo está tão bem conseguido que conseguimos sentir o seu peso e isso é absolutamente brilhante!
Mas, mais do que tudo isto, o que na minha opinião mais marca este livro é a sua intemporalidade e, nesse aspecto, fez-me lembrar o 1984 de George Orwell. Este último livro foi publicado em 1949 e, nessa altura, o cenário descrito parecia ficção, sobretudo a parte de existir um "Grande Irmão" que tudo vê, a todo o momento. Hoje em dia temos as redes sociais, câmaras em tudo quanto é sítio e até assistentes pessoais virtuais...
A História de uma Serva, por sua vez, foi publicada em 1985 e, quando lerem o livro, irão reparar que há certos aspectos que já sairam da esfera da ficção, o que torna o livro ainda mais assustador...
Pessoalmente, e tal como disse no início, este é um dos melhores livros que li em 2018. Há livros que leio e dos quais gosto, mas que quando a história acaba, acabou. Depois às vezes apanho um livro como este, que me deixam a pensar em tudo o que li durante bastante tempo, mesmo depois de terminar a leitura. Por isso, se gostam de distopias, coloquem A História de Uma Serva na vossa lista de "livros para ler" porque é um daqueles que vale mesmo a pena ler.
Viver para servir as classes privilegiadas, ou morrer nas Colónias.
É assustador imaginar um mundo assim mas, mais assustador ainda é, durante a leitura, tomarmos consciência de que há certos aspectos que não estão assim tão longe daquela que é a realidade dos dias de hoje, em muitos locais, e para muitas mulheres.
Mas, não julguem que este livro é exclusivamente sobre mulheres.
Inicialmente também eu tinha essa ideia. Afinal de contas, o livro chama-se A História de Uma Serva, a narradora é uma Serva, e grande parte do livro incide sobre os abusos aos quais esta classe está sujeita. Mas, à medida que avançava na leitura, fui-me apercebendo que todos, mesmo os pertencentes às classes privilegiadas, como as Esposas e os Comandantes, estavam sujeitos à opressão do regime, ainda que de formas diferentes.
A forma como a realidade nos vai sendo revelada aos poucos é, na minha opinião, um dos pontos fortes do livro. A protagonista, Defred, narra o seu dia a dia enquanto Serva, sendo esta narrativa intercalada com reminiscências do passado. Isto acaba por resultar numa narrativa fragmentada mas que me parece resultar muito bem visto que enfatiza as diferenças entre o antes e o depois. Em algumas críticas que tive oportunidade de ler, este é um dos aspectos do qual os leitores não gostaram por considerarem que dificulta a leitura e torna difícil perceber o que se está a passar e quando. Concordo que nas primeiras páginas isso acontece, tal como sucede sempre que lemos um estilo diferente, mas à medida que nos vamos familiarizando com o estilo de escrita de Margaret Atwood, vamos também sentido que a leitura começa a fluir com mais facilidade.
Outro aspecto que valorizo bastante num livro são as personagens e, se já são leitores habituais de UmBlogueSobreLivros sabem que sou da opinião que, uma má personagem pode arruinar por completo aquilo que poderia ser uma boa história, como aconteceu com A 5ª Vaga. Bom, em A História de Uma Serva não achei que as personagens fossem particularmente marcantes mas, em contrapartida, o ambiente opressivo está tão bem conseguido que conseguimos sentir o seu peso e isso é absolutamente brilhante!
Mas, mais do que tudo isto, o que na minha opinião mais marca este livro é a sua intemporalidade e, nesse aspecto, fez-me lembrar o 1984 de George Orwell. Este último livro foi publicado em 1949 e, nessa altura, o cenário descrito parecia ficção, sobretudo a parte de existir um "Grande Irmão" que tudo vê, a todo o momento. Hoje em dia temos as redes sociais, câmaras em tudo quanto é sítio e até assistentes pessoais virtuais...
Outro aspecto que valorizo bastante num livro são as personagens e, se já são leitores habituais de UmBlogueSobreLivros sabem que sou da opinião que, uma má personagem pode arruinar por completo aquilo que poderia ser uma boa história, como aconteceu com A 5ª Vaga. Bom, em A História de Uma Serva não achei que as personagens fossem particularmente marcantes mas, em contrapartida, o ambiente opressivo está tão bem conseguido que conseguimos sentir o seu peso e isso é absolutamente brilhante!
Mas, mais do que tudo isto, o que na minha opinião mais marca este livro é a sua intemporalidade e, nesse aspecto, fez-me lembrar o 1984 de George Orwell. Este último livro foi publicado em 1949 e, nessa altura, o cenário descrito parecia ficção, sobretudo a parte de existir um "Grande Irmão" que tudo vê, a todo o momento. Hoje em dia temos as redes sociais, câmaras em tudo quanto é sítio e até assistentes pessoais virtuais...
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