Aniquilação (2014) de Jeff VanderMeer
★☆☆☆☆
Sinopse:
Área X. Uma zona misteriosa e isolada do resto do mundo. Onde a natureza reclamou para si qualquer vestígio de civilização. Sucessivas expedições são enviadas para investigar o mistério que levou à sua contaminação, mas todas redundam em fracasso e os seus membros regressam meras sombras das pessoas que partiram.
Área X. Uma zona misteriosa e isolada do resto do mundo. Onde a natureza reclamou para si qualquer vestígio de civilização. Sucessivas expedições são enviadas para investigar o mistério que levou à sua contaminação, mas todas redundam em fracasso e os seus membros regressam meras sombras das pessoas que partiram.
Até que chega a vez da 12.ª expedição. Composta por quatro mulheres (antropóloga, topógrafa, psicóloga e bióloga), a sua missão é desvendar o enigma. Mas acontecimentos bizarros minam a confiança entre os membro da expedição. Nada é o que parece e o perigo espreita a cada esquina. Que novos horrores se escondem na Área X? Será a 12.ª expedição capaz de revelar todos os segredos... ou estará condenada à pior das tragédias ?
Opinião:
Descobri este Aniquilação quando, depois de ter terminado de ler a trilogia Silo, andava à procura de sugestões de livros pós-apocalípticos. As opiniões que li eram bastante positivas. A juntar a isso temos o facto do livro ter ganho, em 2014, os prémios Shirley Jackson e Nebula para Best Novel. Como se não bastasse, em 2018 foi adaptado ao cinema e houve uma grande hype à volta do filme. A classificação no IMDB é má (6.9 em 10) mas, se alguém achou que o livro valia uma adaptação, significa que alguma coisa tem de ter, certo ?
Não.
Para ser franca, o facto de o livro ter como protagonistas apenas mulheres já me tinha deixado um pouco reticente. Isto porque actualmente anda aí uma obsessão com a "igualdade" e, em nome disso, têm-se produzido umas quantas atrocidades como um Ghost Busters ou um Ocean's 8 só com mulheres. Mas, como o Aniquilação é de 2014, e esta moda me parece ser mais recente, achei que o motivo para só ter mulheres como protagonistas havia de ser outro.
Continuo sem perceber qual.
Aniquilação rima com desilusão e foi isso que este livro foi. Aliás, nem posso dizer que tenha sido uma desilusão porque nunca estive particularmente iludida a seu respeito. Mas, ainda assim, não esperava que fosse tão mau! Sobretudo se considerarmos que foi com este livro que Jeff Vandermeer alcançou o sucesso.
Por onde começar ?
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| Aniquilação (2018) |
A premissa do livro é bastante interessante, um grupo de quatro cientistas, composto por uma bióloga, uma antropóloga, uma topógrafa e uma psicóloga, é enviado para a Área X.
«A nossa missão era simples: continuar a investigação governamental dos mistérios da Área X, partindo lentamente do acampamento base. (...) Tudo o que se esperava de nós, simplesmente, era que mantivéssemos um registo de ocorrências, como esta, num diário, como este: leve mas quase indestrutível, com papel à prova de água (...). Estes diários voltariam connosco ou seriam encontrados pela próxima expedição.»
Aniquilação (p.11-15)
O livro arranca assim sem que saibamos exactamente o que é a Área X.
Sabemos apenas que:
Sabemos apenas que:
- Esta é a primeira expedição a lá entrar em mais de dois anos.
- Os membros da segunda expedição suicidaram-se com armas de fogo.
- Os membros da terceira expedição mataram-se uns aos outros.
- A maioria nunca regressou da Área X.
- Os poucos que o fizeram, voltaram uma sombra daquilo que eram.
Contudo, de uma coisa podemos estar certos: o governo sabe da existência da Área X e, como em qualquer conspiração, tenta esconder a sua existência do resto do mundo.
« Quando a Área X apareceu, a reacção foi vaga e confusa, e é ainda verdade que, no resto do mundo, muito pouca gente sabe da sua existência. A versão governamental enfatizou uma catástrofe ambiental de âmbito local causada por experiências do foro militar.»
Aniquilação (p.104)
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| Aniquilação (2018) |
Como vêem, a ideia até parece ter bastante potencial: uma área secreta que ninguém sabe exactamente onde fica, o governo a querer esconder alguma coisa que não se sabe bem o que é, grupos e grupos de expedições que desaparecem...
MAS AFINAL O QUE É QUE SE PASSA NA ÁREA X ?
Comecei logo a imaginar uma série de cenários diferentes mas, apesar do potencial da história, se me pedissem para resumir o livro numa palavra, diria enfadonho.
"Mas porquê?" - perguntam vocês.
Vamos lá ver então ...
"Mas porquê?" - perguntam vocês.
Vamos lá ver então ...
A narrativa chega-nos sob a forma de um diário escrito pela bióloga, cujo nome nunca nos diz mas que, em contrapartida, faz questão de partilhar connosco que « o meu marido começou a chamar-me "pássaro fantasma", que era a sua forma de me admoestar por não estar tão presente quanto devia na sua vida » (Aniquilação, p.119).
Ora acontece que este diário - que deveria servir para registar o que se passa na Área X - rapidamente se torna num longo e aborrecido monólogo sobre relações, intrigas e sentimentos. Ou seja, enquanto aquilo que queremos é explorar a Área X, acabamos com páginas e páginas sobre a infância da bióloga, sobre a relação conjugal da bióloga, sobre a psicóloga ser uma marota porque as hipnotizou a todas (o cliché do psicólogo hipnotista) , sobre a topógrafa querer ser a dominante mas haver alturas em que se deixa dominar...
De vez em quando lá parece que a história vai finalmente arrancar.
Uma pessoa recosta-se no sofá, respira fundo e pensa "eh pá, é agora que isto vai começar a aquecer!"
Mas não.
É mais do mesmo durante todas as 208 páginas do livro.
Se costumam ler as opiniões publicadas em UmBlogueSobreLivros sabem que uma das coisas mais valorizadas por estes lados são as personagens e, francamente, achei as personagens de Aniquilação tão más que pouco me importava se viviam ou se morriam. Mesmo todo aquele discurso da bióloga sobre o facto de ter sido uma criança que se isolou muito, e que preferia ficar a ver as formas de vida que iam surgindo na piscina do quintal em vez de brincar com outras crianças, não me fez nutrir qualquer tipo de simpatia por ela. Simplesmente fiquei com a ideia que era uma fraca tentativa de humanizar a personagem para que o leitor se identificasse com ela mas, por outro lado, torna-se dificil humanizar uma personagem que nem sequer nome próprio tem...
Outro aspecto bastante apreciado são os detalhes sangrentos (espreitem a Opinião | "Forças do Mercado" de Richard Morgan para lerem o excerto de um excelente exemplo) e, este Aniquilação também falha em proporcionar isso embora, às vezes quase pareça que o vai fazer.
« Do seu rosto restava muito pouco, e a pele exibia estranhas marcas de queimaduras. Da sua queixada partida, que parecia ter sido quase arrancada num único gesto de brutalidade, saía uma torrente de cinza verde que se acumulava num pequeno monte sobre o peito »
Uma pessoa recosta-se no sofá, respira fundo e pensa "eh pá, é agora que isto vai começar a aquecer!"
Mas não.
É mais do mesmo durante todas as 208 páginas do livro.
Se costumam ler as opiniões publicadas em UmBlogueSobreLivros sabem que uma das coisas mais valorizadas por estes lados são as personagens e, francamente, achei as personagens de Aniquilação tão más que pouco me importava se viviam ou se morriam. Mesmo todo aquele discurso da bióloga sobre o facto de ter sido uma criança que se isolou muito, e que preferia ficar a ver as formas de vida que iam surgindo na piscina do quintal em vez de brincar com outras crianças, não me fez nutrir qualquer tipo de simpatia por ela. Simplesmente fiquei com a ideia que era uma fraca tentativa de humanizar a personagem para que o leitor se identificasse com ela mas, por outro lado, torna-se dificil humanizar uma personagem que nem sequer nome próprio tem...
Outro aspecto bastante apreciado são os detalhes sangrentos (espreitem a Opinião | "Forças do Mercado" de Richard Morgan para lerem o excerto de um excelente exemplo) e, este Aniquilação também falha em proporcionar isso embora, às vezes quase pareça que o vai fazer.
« Do seu rosto restava muito pouco, e a pele exibia estranhas marcas de queimaduras. Da sua queixada partida, que parecia ter sido quase arrancada num único gesto de brutalidade, saía uma torrente de cinza verde que se acumulava num pequeno monte sobre o peito »
Aniquilação (p. 70)
Mas, mais uma vez, fica pelo quase porque esta situação, e outras que surgirão mais à frente, são escritas da mesma forma que se escreve uma receita e, como sabemos, as receitas não costumam ser particularmente empolgantes.
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| Aniquilação (2018) |
Faço minhas as palavras que Phil Bradley publicou na sua página do goodreads, pois eu não diria melhor.
« Oh dear. Basically an unknown authority in an unknown time at an unknown place gets a group of unnamed people to explore an unknown region for an unknown purpose »
E é isto.
Aniquilação está entre os piores livros que li em 2018, sendo até pior do que A 5ª Vaga. Não consigo apontar absolutamente nada de positivo em neste livro e, como um azar nunca vem só, comprei logo o raio da trilogia porque achei que era um bom investimento. Seja como for, e como acho que cada livro corresponde a uma expedição, quando acabar de ler The Terror vou voltar ao Jeff Vandermeer mas, só mesmo para ver se os livros são todos tão maus como o primeiro.
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