A Maldição de Hill House (1959) de Shirley Jackson
★★☆☆☆
Sinopse:
John Montague, especialista do oculto, chega a Hill House em busca de algo concreto que possa provar a existência do sobrenatural. Acompanham-no Theodora, a sua assistente, Luke, o futuro herdeiro da propriedade e Elanor, uma mulher solitária e frágil, já com experiência de encontro com poltergeists.
John Montague, especialista do oculto, chega a Hill House em busca de algo concreto que possa provar a existência do sobrenatural. Acompanham-no Theodora, a sua assistente, Luke, o futuro herdeiro da propriedade e Elanor, uma mulher solitária e frágil, já com experiência de encontro com poltergeists.
Contudo, aquilo que, inicialmente, era apenas uma experiência em torno de fenómenos inexplicáveis torna-se, em pouco tempo, uma corrida pela sobrevivência, à medida que Hill House ganha poder e escolhe, de entre eles, aquele que quer para si ...
OPINIÃO
"A MALDIÇÃO DE HILL HOUSE"
por Cátia Fonseca@UmBlogueSobreLivros
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| Fotografia de UmBlogueSobreLivros©2018 |
"Nenhum organismo vivo pode existir durante muito tempo em condições de realidade absoluta, mantendo a sanidade. Há quem diga que até as cotovias e os gafanhotos sonham. Hill House, uma casa nada sã, erguia-se solitária entre as colinas que a rodeavam, com uma profunda escuridão dentro de si; existia há oitenta anos e provavelmente existiria por mais oitenta. Por dentro, as paredes continuavam sólidas, os tijolos encaixados com precisão uns nos outros, os soalhos firmes e as portas sensatamente fechadas; o silêncio cobria a madeira e a pedra de Hill House, e o que por lá andasse, andava sozinho."
A Madição de Hill House
Shirley Jackson
E é a loucura!
Para onde quer que me vire: «Hill House» «Hill House» «Hill House».
De repente, parece que todo o mundo anda a ver a série na Netfix.
Todo o mundo menos o meu irmão que, apesar de já ter 24 anos diz que não vê porque mora sozinho e depois à noite tem medo.
Claro que eu também vi a série - entusiasticamente, diga-se a verdade - e foi o outro leitor cá de casa que me disse que havia também um livro.
- Isso é baseado num livro. Mas a única coisa em comum são os nomes da família.
- E temos cá esse livro ?
- Temos mas é em inglês. Mas é pequenino. Lê-se bem ...
O tanas!
Demorei quase duas semanas a ler umas míseras 246 páginas.
Não porque tivesse coisas muito mais interessantes para fazer.
Não porque estivesse a saborear a leitura.
Não porque o livro fosse em inglês.
Mas, basicamente, porque adormecia.
Sim, leram bem: a-d-o-r-m-e-c-i-a a ler aquele que é considerado um dos melhores livros de terror do século XX. Portanto, as hipóteses que se colocam são:
#1 Desenvolvi uma forma de narcolepsia literária
#2 Estou imune a cenários de terror
#3 O livro é aborrecido
Se considerarmos que não há coisa chamada narcolepsia literária e que quando fui à Casa Assombrada de Belas desisti a meio, não estando portanto imune a cenários de terror, resta-nos a terceira opção ...
Os fãs do livro que me desculpem mas devo confessar que gostei mais da série (apesar de não ter nada a ver com o livro mas, já lá vamos). Caramba, até gostei mais das duas adaptações manhosas (The Haunting|1963 e The Hauting|1999) do que do livro!
Já devem ter reparado que agora as prateleiras das livrarias estão cheias de A Maldição de Hill House. Algumas edições têm a capa da série e, claro está, o autocolante a dizer « inspiração para a série netflix ». Acho que a palavra inspiração devia estar a negrito, sublinhado e uns tamanhos acima porque, de certeza que muita gente vai comprar o livro a pensar que aquilo é uma coisa, e depois afinal é outra. Por isso, se estão a pensar comprá-lo para descobrir mais sobre Hill House, os espíritos que a habitam ou o que aconteceu à família, não vale a pena. Para terem uma ideia, a família que habita a casa na série, nem sequer existe no livro.
Vamos então ao livro.
A Maldição de Hill House, da autoria de Shirley Jackson, foi publicada em 1959 e tornou-se de imediato num best seller, sendo ainda hoje considerado um dos melhores livros de terror do século XX. Aliás, se fizerem uma pesquisa no Google sobre "top horror books" ou "best horror books", A Maldição de Hill House vai sempre surgir como parte da leitura recomendada. Portanto, somando isso ao facto de também ter sido contagiada pela hype em volta da série, decidi pegar no livro que tinha lá por casa.
A história começa quando o Dr. Montague, formado em antropologia, decide provar cientificamente a existência do paranormal. Para tal, decide alugar Hill House durante três meses, período durante o qual conta conseguir reunir evidências suficientes para a publicação de um trabalho acerca das « causas e efeitos dos distúrbios psíquicos numa casa dita "assombrada" ».
O motivo pelo qual escolheu Hill House nunca fica totalmente esclarecido.Tal como também nunca fica esclarecido de que forma é que ele pretende reunir as tais evidências de ocorrências paranormais visto que parece que as suas únicas ocupações são jogar xadrez e beber brandy junto à lareira. Mas, se tivermos em conta que a ideia dele era « morar em Hill House e ver o que lá acontecia », talvez isso fizesse parte da metodologia.
O Dr. Montague decide também contratar alguns assistentes e, depois de ter vasculhado os arquivos das sociedades psíquicas e artigos de jornais sensacionalistas, « acabou por compilar uma lista de nomes de pessoas que, de uma maneira ou de outra, num ou noutro momento, tivessem estado envolvidas em acontecimentos anormais, por mais breves ou duvidosos que tivessem sido ».
Mas, da tal lista de pessoas, apenas duas aceitam o convite para participar no estudo: Elanor Vance e Theodora, às quais se virá a juntar Luke Sanderson, o legítimo herdeiro de Hill House.
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| Claire Bloom (Theo), Julie Harris (Elanor) e Russ Tamblyin (Luke) | The Haunting (1999) |
Elanor Vance tem 32 anos, « alguma experiência como enfermeira e uma incapacidade para encarar a luz do sol sem piscar os olhos » devido aos onze anos passados a cuidar da mãe inválida. Theodora, o oposto, é uma artista boémia, para quem o mundo « era feito de prazeres e cores suaves ». Em comum têm o facto de terem algum tipo de capacidades especiais: « Theodora mostrou ser possuidora de alguma capacidade telepática e Elanor esteve, no passado, intimamente envolvida em fenómenos poltergeist »,
Luke Sanderson, por sua vez, não tem quaisquer habilidades para além de fazer desaparecer as pratas da família. É « um mentiroso e um ladrão » e só ali está por imposição do advogado da família que fez dessa a condição para alugar a casa ao Dr. Montague.
Lá chegam eles a Hill House « uma casa sem bondade, nunca destinada a ser habitada, não um local adequado para pessoas, amor ou esperança » e ...
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| The Cabin in The Woods (2012) |
Pancadas nas portas.
Pancadas nas paredes.
Coisas escritas com sangue (ou seria tinta?) na parede.
E é isso.
Questiono-me se alguém terá perdido o sono com este livro...
Já me disseram que "a ideia é precisamente deixar as coisas em aberto... Nunca sabes realmente se há alguma coisa na casa ou não".
Desculpem lá mas, se um livro se chama A Maldição de Hill House, o mínimo que espero é saber que maldição é essa e, para ser franca, não me parece que batidas nas paredes se enquadrem na categoria de maldição. Quando muito enquadrar-se-iam num "aborrecimentozinho sobrenatural".
Quanto às personagens, não houve nenhuma que me tivesse cativado minimamente. O Dr. Montague, que supostamente deveria ser o tipo encarregue da investigação, não investiga nada. A Theodora parece uma miúda mimada que, ora é a melhor amiga da Elanor, ora lhe dá com os pés. O Luke é uma espécie de anémona, anda para ali mas sem nenhum papel ou função definida. E a Elanor ... bom, a Elanor tem claramente sérios problemas, talvez por ter passado tantos anos confinada a tratar da mãe, mas essencialmente é paranóica e insegura.
Curiosamente, aquela de quem mais gostei, a Sr.ª Dudley, nem sequer faz parte do leque das personagens principais mas parece ser a única capaz de transmitir que uma espécie de mau agoiro paira sobre Hill House.
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| Rosalie Crutchley (Mrs. Dudley) | The Haunting (1963) |
« Ponho o jantar no aparador da sala de jantar às seis. Limpo-o de manhã. O pequeno almoço é servido às nove. Não espero por ninguém. Não fico depois de preparar o jantar, não depois de começar a escurecer. Saio saio antes de escurecer ».
Já para o final do livro, surgem outras duas personagens mas que, tal como as outras, parecem não trazer nada de novo para a história.
E essencialmente é isto.
Pessoalmente achei que é um livro demasiado parado. Com um título sonante como A Maldição de Hill House, esperava realmente um pouco mais mas, acabei por ter de me esforçar realmente para conseguir terminar.
No final, acabamos por ficar sem saber se a casa está realmente amaldiçoada e está a afectar a Elanor, se a Elanor está a alucinar ou, a hipótese mais rebuscada, se é a Elanor quem está a provoar as manifestações na casa. Na minha opinião, é tudo na cabeça dela.
E vocês, já leram o livro ?
Acham que merece o título de "um do melhores livros de terror do século XX"?
Adaptação para cinema/televisão:
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