Fortaleza Impossível (2017) de Jason Rekulak
★★★☆☆
Sinopse:
Estamos em 1987 e três adolescentes planeiam um roubo genial: a edição de maio da revista Playboy, com nus integrais da beldade mais apetecível da televisão. Para os jovens, a revista é como o Santo Graal: inestimável, mas impossível de alcançar.
Entre noites passadas a ver filmes, a ouvir música e a jogar computador, Billy, Alf e Clark concebem um plano arriscado: Billy deve tornar-se amigo de Mary Zelinsky, filha do dono da loja de conveniência, e assim conseguir acesso ao interior da loja e às revistas. Mas Mary não é uma adolescente normal: adora computadores, tem um grande sentido de humor e um coração ainda maior. E o que começa como um mero jogo para conquistar a confiança de Mary, acaba no maior dilema da vida de Billy: decepcionar a rapariga que pode ser o seu primeiro amor ou quebrar a promessa que fez aos seus melhores amigos?
[Fonte: REKULAK, Jason. Fortaleza Impossível. Lisboa: Saída de Emergência, 2018]
Opinião:
Não sei bem quando é que este livro entrou no meu radar mas, se não estou em erro, foi ali entre a leitura do Armada e a do Ready Player One porque, tal como muitos de vocês, quando gosto muito de um determinado livro, vou à procura de livros semelhantes.
Às vezes corre bem e acabo por descobrir autores excelentes.
Outras vezes corre mal e fico super irritada por me ter deixado enganar.
Mas desta vez relativamente correu bem.
E bastou ler as primeiras páginas para perceber isso.
Não vou dizer que foi um livro que mudou a minha vida, porque não foi.
Mas foi um livro que me proporcionou uma leitura bastante agradável.
Se tivesse de o classificar empregando meia dúzia de adjectivos, diria que é um livro juvenil, fofinho, inocente, aventureiro, amoroso e tenso (q.b). Basicamente, todo aquele ambiente juvenil que encontramos, por exemplo, no Stranger Things, E.T. O Extraterrestre, ou em qualquer série em que temos um grupo de amigos muito unidos, um plano com um grande potencial para correr mal e, no final, a mensagem de que a amizade supera tudo.
Estamos em 1987 e Vanna White, a apresentadora do programa televisivo Roda da Fortuna e paixão platónica de muitos adolescentes, acaba de ser capa da revista Playboy.
No entanto, comprar esta revista numa cidade pequena pode ser um problema.
Sobretudo de tiverem menos de 18 anos.
É então que Billy, Clark e Alf decidem dar início à "Operação Vanna", uma operação com um forte potencial para fracassar e que tem como objectivo obter um ou mais exemplares da revista de formas que eu diria serem, no mínimo, engenhosas.
A Operação Vanna acaba, no entanto, por se desdobrar em várias missões que se revelam infrutíferas porque as coisas nunca correm conforme planeado. Pessoalmente, adorei assistir às tentativas do grupo em obter a revista e achei que foi a parte do livro que melhor captou a capacidade de sonhar que às vezes se vai dissipando à medida que envelhecemos.
O trio vai criando planos que vemos c-l-a-r-a-m-e-n-t-e estarem destinados ao fracasso. Como por exemplo, tentarem passar por empresários maiores de 18 anos e tentar comprar a revista de forma bastante casual depois de terem enchido os cestos com uma parafernália de artigos para os quais não têm qualquer utilidade. Isto nunca iria correr bem, mas vê-los a tentar remete-nos logo para aquela fase em que andamos atrás do pavilhão da escola a fumar cigarros às escondidas e achamos que se mastigarmos pastilha a seguir nunca seremos apanhados. Ou para aquela vez em que decidi rapar o bigode com a gillete do meu padrasto e fiquei cheia de cortes. Quando à hora de jantar ele me perguntou o que é que eu tinha andado a fazer, disse-lhe que tinha caído na aula de ginástica. Na ginástica! Como é que eu pude sequer achar que isso era minimamente credível ?! Hilariante.
Bem, voltemos ao livro.
Esgotados quase todos os planos da Operação Vanna, resta-lhes apenas uma opção: entrar sorrateiramente na loja e levar uma revista mas, para tal, vão precisar do código de segurança. E é aqui que entra Billy.
Billy ficará então com a missão de «travar amizade com a Miss Piggy», Mary Zelinsky, que é filha do proprietário da loja e levá-la a dizer-lhe o código de segurança da loja do pai.
O que Billy não contou aos amigos, por saber que «a troça de Alf e Clark atingiria proporções catastróficas», era que na verdade achava que Mary «parecia ser engraçada, inteligente e porreira».
O resto já devem imaginar porque é uma história que já está mais do que vista e revista: ele aproxima-se dela para a usar e atingir determinado propósito mas, a certo ponto, apercebe-se que afinal até nasceu ali qualquer coisa de verdadeiro. Nessa altura já é tarde de mais porque as engrenagens do plano já estão em curso e não há retrocesso possível.
Sejamos honestos: a história é completamente previsível. Vi algumas reviews de leitores que diziam que a história tinha uma grande reviravolta no final, completamente imprevisível. Eh pá ... concordo até determinado ponto. Há realmente um pequeno segredo que é revelado e do qual nem sequer desconfiei durante toda a leitura, mas para ser franca, não foi nada que me tivesse deixado em êxtase.
Mas, apesar da sua previsibilidade, é um livro agradável de se ler, e na minha opinião tal deve-se, em grande parte, às personagens principais com as quais sentimos logo uma grande empatia.
Billy, que mora com a mãe e que « no nono ano, eu era o rapaz mais alto, mas não posso dizer que ser alto fosse uma coisa boa; eu andava desengonçado pela escola como uma girafa bebé, com pernas finas como palitos e braços balançantes ».
Alf, o « mais baixo, mais robusto, suava mais, e , para sua maldição, partilhava o nome com o extraterrestre mais famoso da televisão. (...) Ambos os Alfs tinham a constituição de um troll, com narizes grandes, olhos lustrosos e cabelo castanho desgrenhado ».
E Clark, que era « a figura de um galã de uma capa da Bravo. Ele era alto e musculado, com o cabelo loiro ondulado, olhos azuis penetrantes e pele perfeita » mas que no entanto tinha uma deficiência de nascença bizarra, que lhe unira os dedos da mão esquerda, « transformando-a em algo semelhante a uma pinça de caranguejo cor de rosa » ao qual chamava de Garra.
Achei interessante a forma como o livro expõe as fragilidades das personagens principais ao mesmo tempo que descreve as suas façanhas destemidas, e acredito que um público mais jovem - que, na prática, é o público alvo deste livro - se identifique bastante com elas.
[Fonte: REKULAK, Jason. Fortaleza Impossível. Lisboa: Saída de Emergência, 2018]
Opinião:
Não sei bem quando é que este livro entrou no meu radar mas, se não estou em erro, foi ali entre a leitura do Armada e a do Ready Player One porque, tal como muitos de vocês, quando gosto muito de um determinado livro, vou à procura de livros semelhantes.
Às vezes corre bem e acabo por descobrir autores excelentes.
Outras vezes corre mal e fico super irritada por me ter deixado enganar.
Mas desta vez relativamente correu bem.
E bastou ler as primeiras páginas para perceber isso.
Não vou dizer que foi um livro que mudou a minha vida, porque não foi.
Mas foi um livro que me proporcionou uma leitura bastante agradável.
Se tivesse de o classificar empregando meia dúzia de adjectivos, diria que é um livro juvenil, fofinho, inocente, aventureiro, amoroso e tenso (q.b). Basicamente, todo aquele ambiente juvenil que encontramos, por exemplo, no Stranger Things, E.T. O Extraterrestre, ou em qualquer série em que temos um grupo de amigos muito unidos, um plano com um grande potencial para correr mal e, no final, a mensagem de que a amizade supera tudo.
Estamos em 1987 e Vanna White, a apresentadora do programa televisivo Roda da Fortuna e paixão platónica de muitos adolescentes, acaba de ser capa da revista Playboy.
No entanto, comprar esta revista numa cidade pequena pode ser um problema.
Sobretudo de tiverem menos de 18 anos.
É então que Billy, Clark e Alf decidem dar início à "Operação Vanna", uma operação com um forte potencial para fracassar e que tem como objectivo obter um ou mais exemplares da revista de formas que eu diria serem, no mínimo, engenhosas.
A Operação Vanna acaba, no entanto, por se desdobrar em várias missões que se revelam infrutíferas porque as coisas nunca correm conforme planeado. Pessoalmente, adorei assistir às tentativas do grupo em obter a revista e achei que foi a parte do livro que melhor captou a capacidade de sonhar que às vezes se vai dissipando à medida que envelhecemos.
O trio vai criando planos que vemos c-l-a-r-a-m-e-n-t-e estarem destinados ao fracasso. Como por exemplo, tentarem passar por empresários maiores de 18 anos e tentar comprar a revista de forma bastante casual depois de terem enchido os cestos com uma parafernália de artigos para os quais não têm qualquer utilidade. Isto nunca iria correr bem, mas vê-los a tentar remete-nos logo para aquela fase em que andamos atrás do pavilhão da escola a fumar cigarros às escondidas e achamos que se mastigarmos pastilha a seguir nunca seremos apanhados. Ou para aquela vez em que decidi rapar o bigode com a gillete do meu padrasto e fiquei cheia de cortes. Quando à hora de jantar ele me perguntou o que é que eu tinha andado a fazer, disse-lhe que tinha caído na aula de ginástica. Na ginástica! Como é que eu pude sequer achar que isso era minimamente credível ?! Hilariante.
Bem, voltemos ao livro.
Esgotados quase todos os planos da Operação Vanna, resta-lhes apenas uma opção: entrar sorrateiramente na loja e levar uma revista mas, para tal, vão precisar do código de segurança. E é aqui que entra Billy.
Billy ficará então com a missão de «travar amizade com a Miss Piggy», Mary Zelinsky, que é filha do proprietário da loja e levá-la a dizer-lhe o código de segurança da loja do pai.
« - Ouve-me, simplesmente - continuou Tyler. - A Mary trabalha todas as tardes na loja. E a miúda anda mais carente do que um babuíno, certo? Eu quase que tive de lhe dar com um barrote nas costas. Ela não conseguia manter as mãos longe de mim. Ela está desesperada por um pouco de acção. »
O que Billy não contou aos amigos, por saber que «a troça de Alf e Clark atingiria proporções catastróficas», era que na verdade achava que Mary «parecia ser engraçada, inteligente e porreira».
O resto já devem imaginar porque é uma história que já está mais do que vista e revista: ele aproxima-se dela para a usar e atingir determinado propósito mas, a certo ponto, apercebe-se que afinal até nasceu ali qualquer coisa de verdadeiro. Nessa altura já é tarde de mais porque as engrenagens do plano já estão em curso e não há retrocesso possível.
Sejamos honestos: a história é completamente previsível. Vi algumas reviews de leitores que diziam que a história tinha uma grande reviravolta no final, completamente imprevisível. Eh pá ... concordo até determinado ponto. Há realmente um pequeno segredo que é revelado e do qual nem sequer desconfiei durante toda a leitura, mas para ser franca, não foi nada que me tivesse deixado em êxtase.
Mas, apesar da sua previsibilidade, é um livro agradável de se ler, e na minha opinião tal deve-se, em grande parte, às personagens principais com as quais sentimos logo uma grande empatia.
Billy, que mora com a mãe e que « no nono ano, eu era o rapaz mais alto, mas não posso dizer que ser alto fosse uma coisa boa; eu andava desengonçado pela escola como uma girafa bebé, com pernas finas como palitos e braços balançantes ».
Alf, o « mais baixo, mais robusto, suava mais, e , para sua maldição, partilhava o nome com o extraterrestre mais famoso da televisão. (...) Ambos os Alfs tinham a constituição de um troll, com narizes grandes, olhos lustrosos e cabelo castanho desgrenhado ».
E Clark, que era « a figura de um galã de uma capa da Bravo. Ele era alto e musculado, com o cabelo loiro ondulado, olhos azuis penetrantes e pele perfeita » mas que no entanto tinha uma deficiência de nascença bizarra, que lhe unira os dedos da mão esquerda, « transformando-a em algo semelhante a uma pinça de caranguejo cor de rosa » ao qual chamava de Garra.
Achei interessante a forma como o livro expõe as fragilidades das personagens principais ao mesmo tempo que descreve as suas façanhas destemidas, e acredito que um público mais jovem - que, na prática, é o público alvo deste livro - se identifique bastante com elas.
Outro aspecto positivo do qual gostei bastante, é que este livro vem com um bónus! Não é propriamente novidade, e já no Armada tinham feito a mesma coisa: transpor para a nossa realidade, alguma coisa que pertence à realidade do livro. Neste caso, é o jogo Fortaleza Impossível, que pode ser jogado online e que me permitiu concluir que não tenho jeito nenhum para jogos visto que, mesmo no nível mais fácil, nunca consegui chegar sequer à princesa.
De uma forma geral, não há nenhum ponto negativo que eu possa atribuir ao livro.
As personagens estão bem construídas
As aventuras e desventuras do grupo estão bem conseguidas e mantêm o leitor na expectativa pelo desenrolar dos acontecimentos.
Existem alguns momentos de tensão que nos fazem desejar que as coisas corram pelo melhor e, ao mesmo tempo, recear que tal possa não acontecer.
E, claro, existe o amor pueril e os dilemas da adolescência.
Porque raio dou então apenas três estrelas?
Porque, pessoalmente, não foi um livro que me tivesse feito palpitar o coração. Foi bom para me entreter nos transportes públicos e proporcionou umas boas horas de leituras mas não foi daqueles que me tivesse deixado de ressaca literária depois de terminar.
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