O Ocaso (2010) de Guillermo del Toro & Chuck Hogan
★★★☆☆
Sinopse: Nova Iorque. Uma estirpe misteriosa transforma os habitantes da cidade, um a um, em vampiros. O vírus tomou conta da cidade, está a espalhar-se pelo país e ameaça o resto do mundo. Apenas um pequeno grupo tenta lutar contra os monstros sedentos de sangue que vagueiam pelas ruas da cidade. Entre eles está Eph Goodweather, o médico que consegue finalmente identificar o parasita que causa a infecção. Mas pode ser demasiado tarde.
O Mestre tem planos aterradores, de que resulta uma guerra sangrenta entre vampiros do Novo e do Velho Mundo pelo domínio do planeta. Enredados nas malhas dos conflitos entre as duas facções de vampiros, os humanos - vulneráveis e impotentes perante os predadores - perdem o poder e passam a viver subjugados.
Com o futuro do mundo em jogo, Eph, também vítima pessoal da batalha entre vampiros, tem de inspirar a sua equipa a combater as forças do Mal, porque o destino que os vampiros reservam para os humanos é ainda pior do que a aniquilação total. Terá chegado o momento do ocaso? [DEL TORO, Guillermo & HOGAN, Chuck. O Ocaso. Carnaxide: Suma de Letras (2010)]
O Mestre tem planos aterradores, de que resulta uma guerra sangrenta entre vampiros do Novo e do Velho Mundo pelo domínio do planeta. Enredados nas malhas dos conflitos entre as duas facções de vampiros, os humanos - vulneráveis e impotentes perante os predadores - perdem o poder e passam a viver subjugados.
Com o futuro do mundo em jogo, Eph, também vítima pessoal da batalha entre vampiros, tem de inspirar a sua equipa a combater as forças do Mal, porque o destino que os vampiros reservam para os humanos é ainda pior do que a aniquilação total. Terá chegado o momento do ocaso? [DEL TORO, Guillermo & HOGAN, Chuck. O Ocaso. Carnaxide: Suma de Letras (2010)]
Opinião: Se a leitura do primeiro livro durou apenas uma semana, a deste segundo volume arrastou-se durante quase três e, mesmo assim, foi a custo. E porquê? Porque o livro é uma lamechice pegada. Não sei o que é que se passou mas, a partir de determinado ponto, o livro deixou de ser sobre uma epidemia para passar a ser uma espécie de filme familiar de domingo à tarde sobre o poder do amor e a força dos laços familiares.
Ora, se eu quisesse ler um livro sobre o amor, haveriam escolhas mais óbvias como... sei lá... qualquer coisa da Nora Roberts ou Nicholas Sparks. Mas, se opto por um livro sobre uma epidemia vampírica, aquilo que espero encontrar é sangue, caos e cabeças a voar.
Mas vamos por partes.
Chegamos a este segundo livro com três facções já bem definidas: as Forças do Bem, as Forças do Mal e as Forças Assim-Assim.
Do lado do Bem vamos encontrar Ephraim Goodweather, um epidemiologista do CDC e ex-alcoólico a atravessar um processo judicial no qual luta pela custódia do filho Zack; Vasiliy Fet, um exterminador brutamontes que, juntamente com Setrakian são as melhores personagens de todo o enredo; Nora, colega e amante de Eph, e Abraham Setrakian, o velho prestamista judeu com graves problemas cardíacos e que é uma espécie de Van Helsing dos tempos modernos.
Do lado do Mal temos uma aliança entre um humano, Palmer Eldritch, e um vampiro, Sardu - ou "Mestre", para os amigos. Palmer Eldritch, é um velho enfermiço que, desde que se lembra, sempre sofreu de uma série de problemas de saúde, tendo apenas conseguido sobreviver graças ao dinheiro que tem e que lhe permite ter acesso aos melhores cuidados, e graças à falta de escrúpulos, o que lhe permite encontrar "dadores" de órgãos sempre que precisa. Sardu, por sua vez, é um vampiro megalómano que quer dominar o mundo e transformá-lo numa espécie de menu a la carte.
Os Anciãos são os Assim-Assim. Querendo isto dizer que estão para o lado que mais lhes interessar. Por esta altura ficamos a saber que a presença dos vampiros é muito mais antiga do que aquilo que julgávamos. No entanto, optaram por permanecer nas sombras, puxando um cordelinho aqui e acolá, decidindo o rumo do mundo de forma a, progressivamente, ir criando as condições ideais para ascenderem ao Poder.
Vistas as coisas desta forma, tudo parece estar bastante bem orientado para termos aqui mais um volume empolgante, tal como aconteceu com A Estirpe. No entanto, isso não aconteceu. E porquê ? Principalmente porque os autores quiseram humanizar demasiado as personagens e expor as suas fragilidades.
A mim parece-me óbvio que, um tipo que atravessa uma cidade infestada de vampiros para ir salvar o filho, gosta minimamente do puto, certo? Não preciso de páginas e páginas de discursos lamechas...
Vasiliy Fet é a personagem mais máscula de toda a equipa. É aquele tipo que se entrar num túnel e se aperceber que há vampiros à frente, aquilo que faz não é correr na direcção oposta... Aquilo que faz é avançar na sua direcção, com um ferro na mão e uma vara luma na outra e dizer:
Mas vamos por partes.
Chegamos a este segundo livro com três facções já bem definidas: as Forças do Bem, as Forças do Mal e as Forças Assim-Assim.
Dr.Eph Goodweather, Vasiliy Fet, Nora e Abraham Setrakian | The Strain (TV Series 2014-2017) |
Do lado do Bem vamos encontrar Ephraim Goodweather, um epidemiologista do CDC e ex-alcoólico a atravessar um processo judicial no qual luta pela custódia do filho Zack; Vasiliy Fet, um exterminador brutamontes que, juntamente com Setrakian são as melhores personagens de todo o enredo; Nora, colega e amante de Eph, e Abraham Setrakian, o velho prestamista judeu com graves problemas cardíacos e que é uma espécie de Van Helsing dos tempos modernos.
The Strain #8 | Dark Horse Comics |
Do lado do Mal temos uma aliança entre um humano, Palmer Eldritch, e um vampiro, Sardu - ou "Mestre", para os amigos. Palmer Eldritch, é um velho enfermiço que, desde que se lembra, sempre sofreu de uma série de problemas de saúde, tendo apenas conseguido sobreviver graças ao dinheiro que tem e que lhe permite ter acesso aos melhores cuidados, e graças à falta de escrúpulos, o que lhe permite encontrar "dadores" de órgãos sempre que precisa. Sardu, por sua vez, é um vampiro megalómano que quer dominar o mundo e transformá-lo numa espécie de menu a la carte.
Quinlad e os Anciãos | The Strain (TV Series 2014-2017) |
Os Anciãos são os Assim-Assim. Querendo isto dizer que estão para o lado que mais lhes interessar. Por esta altura ficamos a saber que a presença dos vampiros é muito mais antiga do que aquilo que julgávamos. No entanto, optaram por permanecer nas sombras, puxando um cordelinho aqui e acolá, decidindo o rumo do mundo de forma a, progressivamente, ir criando as condições ideais para ascenderem ao Poder.
Vistas as coisas desta forma, tudo parece estar bastante bem orientado para termos aqui mais um volume empolgante, tal como aconteceu com A Estirpe. No entanto, isso não aconteceu. E porquê ? Principalmente porque os autores quiseram humanizar demasiado as personagens e expor as suas fragilidades.
A mim parece-me óbvio que, um tipo que atravessa uma cidade infestada de vampiros para ir salvar o filho, gosta minimamente do puto, certo? Não preciso de páginas e páginas de discursos lamechas...
« O amor de um pai - o meu amor por ti, Z - é a coisa mais forte da minha vida, sem qualquer sombra de dúvida. »
Podiam ter ficado por aqui. Mas não ficaram. E este segundo volume acaba por andar demasiado à volta da tentativa de Eph manter o filho a salvo e por aí fora. Terá sido isto uma tentativa dos autores alcançarem outro tipo de público, como por exemplo aquelas mamãs auto centradas que se projectam em tudo e que ao lerem isto vão dizer que fariam exactamente o mesmo porque "pelos meus filhos eu faço tudo!" ?
Eu cá sei bem o que faria numa situação destas ...
Os autores acharam também que seria interessante incluir uns capítulos aos quais chamaram: « Blogue do Fet » e que são, essencialmente, entradas escritas pelo exterminador. Vou aqui tentar ignorar a parte em que me parece altamente improvável um tipo ter tempo para se sentar em frente ao computador a escrever num blogue quando está a sob o ataque cerrado de uma horda de vampiros, e focar-me num outro aspecto: porque raio é que o Fet parece uma adolescente de 15 anos a escrever? É que só falta mesmo começar as entradas com um "querido blogue".
Vasiliy Fet | The Strain (TV Series 2014-2017) |
« None of you seem to understand. I'm not looked in here with you... You're locked in here with me »
Parece no entanto que quando escreve no blogue, Fet sofre uma espécie de crise de identidade, acabando a escrever coisas como « estamos metidos num rico sarilho », « uma coisa que só direi aqui, porque não me atrevo a contar isto a ninguém », « se calhar até sou fabuloso ».
Mas se acham que as lamechices ficam por aqui, estão enganados.
Lembra-se de vos ter dito que isto parece a porra de um filme familiar? Pois então já não bastavam os discursos sentimentais de Eph e as confissões de Fet, eis que entra em cena, vinda de nenhures, a mãe de Nora.
Qual é o papel dela na história toda? Basicamente andar aos trambolhões o tempo todo, a gritar coisas sem sentido e a pôr em risco a segurança de todos os que estão à volta dela. A cereja no topo do bolo é que sofre de demência e portanto não tem como sobreviver sozinha.
The Strain: The Fall #6 | Dark Horse Comics |
Mais uma vez, fiquei com a ideia que esta personagem só serviu para encher chouriços e explorar o dilema moral de Nora, que se vê dividida entre matar a mãe e ter alguma hipótese de sobreviver, ou continuar a andar com a mulher atrás e ter morte certa.
Mas se isto foi mau, então o que dizer de Kelly, a mãe de Zack que agora é também um vampiro?
The Strain: The Fall #1 | Dark Horse Comics |
Ficámos a saber no livro anterior que os recém transformados sentem uma espécie de desejo incontrolável de transformar aqueles que lhes são mais próximos - os seus Entes Queridos, como são designados no livro -. Portanto, quando Kelly é transformada, é óbvio que o seu próximo passo será transformar o seu filho Zack mas, por algum estranho motivo, aquilo que ela faz é levá-lo ao Mestre. Eu cá não sou nenhum professor Mamadu mas vou dizer-vos o que acho que vai acontecer no volume seguinte (depois logo vemos se estou certa):
- A parte humana de Kelly é mais forte do que a parte vampírica
- Kelly protege o filho, desafiando assim as ordens do Mestre
- Kelly acaba por morrer a proteger Zack
Espero que isto não aconteça mas, se o livro continuar neste rumo, acho que é o mais certo, embora isso estrague um bocado o ambiente sanguinário de que eu estava à espera.
Não obstante todas estas tretas emocionais, o livro conta com algumas cenas bem interessantes e tensas e, lá para o final, começa a melhorar bastante. Espero que isso seja um bom presságio para o volume que se segue, A Noite Eterna. Até lá, e se ainda não o fizeram, aproveitem para ler a review do primeiro volume, A Estirpe, aqui no blogue.
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