Mentes Poderosas (2012) de Alexandra Bracken
★☆☆☆☆
Sinopse:
Quando Ruby acorda no seu décimo aniversário, algo nela mudou. Algo suficientemente alarmante para os pais a trancarem na garagem e chamarem de imediato a polícia. Um fenómeno inexplicável arrancou-a à vida que sempre conheceu e mandou-a para Thurmond, o assustador campo de reabilitação do governo destinado aos sobreviventes. Ruby não sucumbiu à doença misteriosa que aniquilou a maioria das crianças nos Estados Unidos, mas ela e os outros prisioneiros tornaram-se algo muito pior, porque desenvolveram habilidades mentais poderosas que não conseguem controlar.
Fonte: Bracken, Alexandra. Mentes Poderosas. Barcarena: Marcador Editora (2018)
Opinião: Mentes Poderosas pôs a minha paciência à prova e acabei por chegar à conclusão que, decididamente, a paciência não é uma das minhas virtudes e o livro ficou por terminar. Felizmente comprei-o num alfarrabista por três euros. Se tivesse gasto os 18.50 euros que custa nas livrarias online, teria sido um verdadeiro desperdício de dinheiro.
Surpreendentemente, o livro vendeu bem e teve até uma adaptação para cinema mas, a julgar pela pontuação no IMDB, parece que até o filme é mau.
Então como explicar que Mentes Poderosas tenha uma pontuação tão alta no goodreads? Não faço a mínima ideia! Provavelmente deve estar a passar-me muita coisa ao lado mas, pessoalmente, achei o livro absolutamente intragável, sem uma linha de ação definida, com as personagens de um lado para o outro naquilo que parecia ser uma viagem de carro interminável, e com muitos buracos no enredo.
Tudo começa com a morte de um rapaz devido a uma doença que viria a ser chamada de Neurodegeneração Aguda Idiopática Adolescente (NAIA) e cujos sintomas incluem desinteresse pelas atividades, dificuldade de concentração ou concentração excessiva, alucinações, desmaios e o desenvolvimento de comportamentos ou capacidades que são inexplicáveis, perigosos, ou causam danos físicos aos pais ou a outros. Como é que se transmite? Porque é que só afeta as crianças? Qual é a causa? Não faço ideia e a autora parece também ter achado que não era importante explicar.
Mentes Poderosas (2018) |
O Governo lança um apelo para que os pais das crianças que apresentem os tais sintomas as denunciem e, claro que eles o fazem! Num livro sem grande preocupação com coisa nenhuma, estranho seria se os pais, imagine-se, se revoltassem ou oferecessem alguma resistência. As crianças lá acabam por ser levadas para uns campos de reabilitação, que mais não são do que campos de concentração mas com um nome mais simpático. Mas...porque é que os miúdos são levados para campos de concentração?! Qual o objetivo? O que faria sentido, considerando que estamos a falar de milhares de mini x-men, seria treiná-los para se tornarem super soldados ou coisa do género. Mas aquilo que é feito é simplesmente fechá-los nos campos onde, de vez em quando, é feito um extermínio seletivo. Mas porquê?! Mais uma coisa que Alexandra Bracken decidiu que não valia a pena explicar.
Ah, e por falar em campos de concentração: Sabem por quem é que os campos são ocupados? Milhares - atenção: milhares - de crianças com poderes como a telecinese ou controlo de mentes. Há até um episódio em que um dos prisioneiros consegue fazer com que um soldado dê um tiro na própria cabeça apenas por lhe plantar essa ideia. Então porque é que não fazem nada?! Fica bem claro que os soldados são significativamente em menor número... Porque é que os mini x-men não usam os poderes? Em vez disso, sujeitam-se a estar presos durante anos a fio e sujeitos a todo o tipo de abusos. « Ah e tal porque eles têm uma corneta que os deixa incapacitados » - dirão. É verdade, mas no livro também refere que esse sistema não existe desde a criação dos campos, e que não afeta todos da mesma forma.
Vamos continuar pelos campos, está bem? Então se as crianças são todas fechadas nos campos e os adultos estão proibidos de ter mais filhos, como é que vai ser no futuro? Há algum plano? Estão a tentar encontrar algum tipo de cura? Mais uma vez, aquilo que vamos encontrar são espaços em branco.
Mentes Poderosas (2018) |
Percebemos ainda que, nos campos de concentração, as crianças são classificadas por cores: Todos vestiam uniformes brancos com um X de várias cores nas costas e um número escrito a preto por cima. No total vi cinco cores diferentes: verde, azul, amarelo, cor de laranja e vermelho. Os miúdos com x verdes e azuis podiam andar livremente, com as mãos soltas ao lado do corpo. Os que tinham x amarelos, cor de laranja ou vermelho tinham de se debater contra a lama com as mãos e pés presos em algemas de metal (...). Os marcados com cor de laranja tinham ainda máscaras tipo açaime sobre o rosto. Mas... quais os poderes de cada uma das cores? E porque é que a autora decidiu inverter as coisas e pôr o cor de laranja mais perigoso do que o encarnado?
A determinado momento, alguém decide resgatar a nossa personagem principal. Pessoalmente acho que foi um tremendo erro de casting porque certamente havia opções mais interessantes do que ela que, a única coisa que sabia fazer era repetir vezes sem conta a mesma ladainha: « Eu sou um monstro blá blá blá », « Se eles soubessem do que eu sou capaz ...», «Coitadinha de mim que tenho super poderes... sou mesmo um monstro ». Porra! O super poder dela deve ser tirar as pessoas do sério com tanto queixume. Portanto, a personagem central, aquela que deveria trazer algum ânimo a tudo é uma rapariga de dezasseis anos, absolutamente patética e que se perde de amores por um tipo sem que tenha acontecido nada para além de uma troca de olhares pelo espelho retrovisor e de duas frases articuladas.
Mentes Poderosas (2018) |
Seja como for, ela lá é resgatada e acaba por se juntar a um grupo de outros putos com super-poderes (do qual faz parte o rapaz por quem ela se enamora) e, a partir daqui, aquilo que temos é uma interminável viagem de carro para encontrar uma espécie de acampamento santuário para outros jovens com poderes, mas que acaba de se resumir a uma série de paragens para consultar o mapa ou para combater vilões que vão aparecendo aqui e ali. Curiosamente, os cenários descritos têm sempre um aspecto pós apocalítico, e eu pergunto-me: Porquê? As crianças foram levadas para os campos de concentração mas, a vida deve ter continuado para o resto das pessoas... ou não? E se não, o que é que aconteceu?
Portanto, rapidamente cheguei à conclusão que não valia a pena estar a desperdiçar tempo com um livro que, claramente, não me estava a dar nenhum prazer ler. Não sei quanto a vocês, mas eu preciso de saber a razão para as coisas estarem a acontecer... Não basta dizer que « olha agora os miudos têm super poderes e, aqueles que não morrem, são classificados e enviados para campos de concentração e sujeitos a experiências e maus tratos ». Até posso aceitar a ideia mas preciso de saber porque é que as coisas estão a acontecer, caso contrário é só uma data de informação sem sentido.
Não sei... se calhar está a faltar-me alguma peça essencial para perceber o fascínio por este livro (nem posso acreditar que tem 4.1 no goodreads!) ou então, o pessoal atribui pontuações altas para não ficar desfasado da opinião comum. Pessoalmente não houve absolutamente nada na história que me tivesse agradado. Nada. Nunca se percebe de onde surgiu a doença, porque é que as crianças que não morreram passaram ser consideradas perigosas, que tipo de perigo é que constituem, porque é que a medida tomada foi fechá-las em campos de concentração, porque raio é que Ruby decidiu rapar as pernas quando passaram a noite num motel e porque raio é que não segue o exemplo da outra miúda e usa a porra de umas luvas para evitar tocar nas pessoas?!
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2 comments
Concordo completamente!
ResponderEliminarLi quando ainda não tinha sido anunciado sequer o filme, levado pelo hype de fora... mas não percebi o motivo!
Pessoalmente nem sei como é que isto teve tanto sucesso ao ponto de acharem que valia a pena uma adaptação :/ Achei que o livro não tinha pés nem cabeça, que as personagens eram super irritantes e que andavam por ali sem rumo e sem destino. Às vezes fico sem perceber se estou a ficar velha e não compreendo ou se são os livros que estão a perder qualidade...
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