Kill Creek (2017) de Scott Thomas

by - novembro 13, 2021

Sinopse: No fim de uma estrada escura da pradaria, quase esquecida na zona rural do Kansas, encontra-se a Casa dos Finch. Durante anos, permaneceu vazia, e abandonada. Em breve, a porta será aberta pela primeira vez em décadas. Mas algo está à espera, escondido nas sombras, ansioso por conhecer os seus novos hóspedes.

Quando o autor de best-sellers de horror Sam McGarver é convidado a passar a noite de Halloween numa das mais infames casas assombradas do país, ele concorda relutantemente. Pelo menos não estará sozinho; juntam-se a ele três outros mestres do macabro, escritores que têm ajudado a moldar o horror moderno. Mas o que começa como um simples truque publicitário tornar-se-á uma luta pela sobrevivência. A entidade que acordaram irá segui-los, atormentá-los, ameaçando torná-los parte do legado sangrento de Kill Creek.



★★★★★

Opinião: Casas Assombradas não são propriamente a minha temática de eleição quando toca a terror. Mas Kill Creek foi uma completa exceção e, provavelmente, o melhor livro de terror que li em 2021.

A sinopse não é muito apelativa: três escritores que aceitam passar a noite numa casa supostamente assombrada. Já estava a imaginar a história na minha cabeça... portas a bater, móveis a abanar, um vulto que assustava toda a gente e que depois se vinha a descobrir que era de alguém que tinha morrido na casa, ou aquele clássico em que a casa está construída em cima de um cemitério índio. Não podia estar mais errada e, neste caso em concreto, nunca fiquei mais feliz por estar totalmente errada.

A história começa com um desafio: um tipo que gosta de promover conteúdo fora do típico mainstream decide convidar três escritores para uma entrevista exclusiva que será transmitida em direto na sua plataforma online, e que tem a particularidade de ser conduzida em Kill Creek, uma casa envolta em grande mistério e que, ao longo dos anos, tem dado origem a várias mitos urbanos.

Os escritores convidados não podiam ser mais diferentes: um que inspirou gerações, e que é considerado um dos grandes nomes do terror; um que está fortemente ligado à igreja e que escreve essencialmente "terror juvenil" que termina sempre com a vitória do Bem sobre o Mal; um que está a atravessar um grave bloqueio e não consegue escrever absolutamente nada e, por fim, uma escritora que opta por um terror mais explícito e que normalmente envolve práticas sexuais entre demónios e humanos que provavelmente conduziriam à morte de pelo menos um interveniente. 

Por serem tão diferentes entre si, a dinâmica entre as personagens está bastante interessante. Não nos esqueçamos que todos eles são escritores, com os seus egos, e que todos atravessam uma fase complicada das suas carreiras. Por isso, aquela entrevista pode ser o empurrão que lhes faltava para estarem de novo na ribalta. Mas Kill Creek parece ter outros planos.

A primeira ida à casa levanta algumas suspeitas, mas nunca ficamos claramente com a certeza sobre se a casa é assombrada ou não. Aqui e ali, vão sendo dadas pistas do que aconteceu - ou possa ter acontecido - na casa. Realidade e mitos misturam-se e é difícil perceber se há algum fundo de verdade... Mas não para sempre. 

Em momento algum sabemos mais acerca da casa do que os escritores que lá estão, e isso acaba por fazer com que nos sintamos mais próximos das personagens. Será que ele viu mesmo aquilo ?! Será que isto aconteceu mesmo?! Suspeitas atrás de suspeitas, e nós sempre a tentar perceber de que forma é que as coisas se encaixam.

E aquelas descrições... Não sei se já viram O Exorcista (1973), especialmente aquela cena em que a miúda desde os degraus. No filme é assustador, mas no livro O Exorcista (1971) está para lá de assustador. E é curioso porque, não temos imagens num livro, certo ?


Em Kill Creek também temos muitas descrições dessas. Oh sim, muitas mesmo! Esqueçam o terror subtil, meus caros. Se é terror que querem, é terror que vão ter, e é ao estilo imersivo. Acreditem, há cenas tão tensas que vão dar convosco a suster a respiração para não fazer barulho. E outras que vão ficar gravadas na memória, tal como esta cena do Exorcista.

Temos então, personagens interessantes, descrições excelentes, um ambiente tenso... O que é que está a faltar? O final. Pois... o final foi...


DO CARAÇAS ! ! !

Caro Scott Thomas: o que raio foi aquilo?! São twists atrás de twists atrás de twists, e cada um mais retorcido do que o anterior. Não posso dizer muito mais porque não vos quero estragar a leitura mas, se partilhas do entusiasmo pelo livro e quiseres trocar umas ideias, passa pela página do UmBlogueSobreLivros no Instagram. 

Boas Leituras!

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