The Haunting of Blackwood House (2015) de Darcy Coates

by - junho 30, 2023

 


Sinopse: Conseguiria sobreviver uma semana numa casa assombrada?

Mara é filha de espiritualistas. A sua infância foi repleta de sessões espíritas, médiuns fraudulentos e conversas sobre presenças fantasmagóricas.

Quando Mara finalmente deixou a casa da sua família, jurou que nunca mais permitiria superstições ou falsas religiões na sua vida. Agora está pronta para recomeçar com o seu noivo, Neil, num mundo baseado na racionalidade e nos factos.

Mas o seu passado ainda não está pronto para a deixar ir.

Mara e Neil compram a Casa Blackwood, uma propriedade abandonada nos arredores da cidade. São avisados sobre estranhas ocorrências no edifício em ruínas. Portas abrem-se sozinhas, vozes sussurram na noite, marcas de mãos ensanguentadas aparecem nas paredes e pontos frios permanecem na cave, onde o proprietário original da casa foi assassinado.

Mas Blackwood era barata e vinha com um grande terreno coberto de vegetação. Mara adora a sua nova casa e ignora os avisos.

Porque os fantasmas não são reais...

...pois não?



Opinião (contém spoilers): Estamos de volta a mais uma casa assombrada, da autoria daquela que se tem vindo a tornar a minha criadora favorita de casas assombradas: Darcy Coates!

Ao fim de alguns livros, começo a notar que as histórias têm sempre o mesmo padrão: 

  • normalmente a casa está a precisar de pequenas reparações
  • a casa surge como uma espécie de esperança de um novo começo
  • o local onde a casa se situa é isolado e há pouca ou nenhuma rede
  • a pessoa que se muda para a casa está sempre numa situação desgraçada

Isto até podia ser algo negativo mas, apesar destes pontos em comum, Darcy Coates consegue tornar cada casa e cada histórica únicas, todas elas com um ambiente fantasmagórico diferente.

Em The Haunting of Blackwood House, Mara está na tal situação limite em que se encontravam os outros personagens centrais criados por Darcy Coates: precisa de sair do apartamento onde está, mas o dinheiro que tem é limitado. É então que surge uma excelente oportunidade: uma casa extremamente barata devido à sua história passada.

Parece que, no início de 1900, houve uma série de desaparecimentos de crianças. Estes acabaram por ser atribuídos a Kant, o antigo morador da casa, que decidiu enforcar-se, supostamente motivado pelo receio de ter sido descoberto. Apesar disso, o preço era realmente uma pechincha, e nem mesmo o enforcamento, o facto de seis crianças terem sido mortas naquele mesmo local, e os relatos de anteriores proprietários acerca de "ocorrências sobrenaturais" foi motivo suficiente para Mara desistir do negócio porque "Ah e tal que eu não acredito em espíritos".


A determinado ponto, a negação dela torna-se realmente exasperante... e estúpida. Mesmo quando todas as evidências apontam para o facto de se passar algo de muito errado com a casa, ela continua sempre a insistir que "a CaSa NãO eStÁ aSsOmBrAdA" . Eu sou ateia, mas se um dia uma criatura descesse dos Céus e me dissesse que era um anjo...Bom, se calhar teria de começar a ponderar as minhas crenças.

Mas Mara não. A casa não é assombrada e ponto final.


- Então e aquelas marcas de mãos ensaguentadas que apareceram do nada?

- Tem de haver certamente uma explicação racional!

- A cadeira de baloiço que se mexe sozinha?

- Isso são as correntes de ar!

- Os passos que ouvimos todas as noites no sótão?

- Deve ser um intruso que trepa pelo exterior da casa até lá.

- Os pontos frios que sentimos na cave?

- Já disse que isto é uma boa casa! Não há nada de mal com ela!


E grande parte do livro é isto. 
O que nos leva a outra coisa: a relação amorosa de Mara. 

Mara namora com um tipo impecável. Ao longo do livro está sempre lá para a apoiar, investiga a história da casa, tenta alertá-la. Mesmo quando ela não lhe dá ouvidos e decide mudar-se, ele aparece lá com sacos cama, lanternas, um fogão de campismo e comida. E Mara é uma besta. Não há outra forma de o dizer, lamento. Às tantas, já me irritava a estupidez dela e a bananice dele. A única explicação seria ele ter algum tipo de mommy issues e ser por isso que a aturava porque, sejamos francos: aquilo era uma relação abusiva.

Infelizmente, e apesar de achar que tanto o ambiente como o desenrolar da história estão incríveis, não me consegui abstrair da dinâmica da relação entre estas duas personagens, e às tantas já estava mais curiosa em chegar à parte em que ele a mandava à merda do que em desvendar o mistério.


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