The Haunting of Rookward House (2017) de Darcy Coates
Sinopse: Ela está sempre a observar...
Quando Guy encontra a escritura de uma casa no sótão da sua mãe, parece um golpe de sorte incrível. É certo que o edifício não é habitado há quarenta anos e as vinhas estrangulam as paredes manchadas pelo tempo, mas Guy está convencido de que pode limpá-lo e vendê-lo. Seria louco se recusasse dinheiro à borla. Não é?
A casa fica a horas de distância de qualquer outra habitação, e Guy não consegue ter rede telefónica no velho edifício. Decide acampar ali enquanto faz as reparações. De certeza que nada de muito mau pode acontecer no espaço de uma semana.
Mas há uma razão para ninguém viver em Rookward House, e os quartos em ruínas não estão tão vazios como parecem...
Uma mulher perturbada atormentou uma família em Rookward quarenta anos antes. Agora, o seu fantasma agarra-se ao edifício como podridão. Ela é amarga, obsessiva e ciumenta... e uma vez que Guy se mudou para sua casa, ela não tem intenção de deixá-lo partir.
Opinião: Este é o oitavo livro que leio desta autora e, no que diz respeito a casas assombradas, mantenho o que disse nas reviews anteriores: a fórmula é sempre a mesma.
- A casa surge como uma salvação para alguém que está numa situação tramada
- Fica no meio do nada, sem água, eletricidade ou forma de contatar com o exterior
- Tenta-se sempre encontrar uma explicação racional para o que acontece
- Finalmente chega-se à conclusão que a casa está realmente assombrada (duh!)
Desta vez, o novo residente é Guy. Um tipo que se exalta com facilidade e que atropelou acidentalmente a ex-mulher depois de uma discussão. A notícia espalhou-se depressa e por isso ninguém lhe dá trabalho. Acaba a viver em casa da mãe.
Durante umas arrumações, encontra a escritura de uma casa que tinha sido deixada à sua mãe há muitos anos atrás, e que ela desconhecia. Não percebo como é que alguém não sabe que herdou uma casa... mas enfim.
Decidido a ganhar algum dinheiro, muda-se para lá com o objetivo de fazer algumas reparações de modo a conseguir vendê-la. Ao início é o mesmo de sempre: portas a bater, sons que não se consegue identificar mas para os quais parece sempre haver uma explicação lógica. Honestamente que chega a um ponto em que já não há muita paciência para as justificações.
Hellooooo!!!
Está uma mulher com um ar de quem não está vivo há bastante tempo a espreitar pela janela!!!! Que tipo de explicação lógica esperas ?!
Não sei... se calhar é o meu sentido de auto preservação, mas se estivesse numa casa no meio de nenhures e começasse a ouvir coisas, não ficaria lá para descobrir a origem do ruído.
Durante as noites passadas em Rookward House, Guy começa a ter uns sonhos estranhos que nos permitem aceder à história da linha temporal de 1965, através da qual vamos descobrir o que deu origem ao que quer que seja que se passa atualmente na casa. Gostei especialmente desta parte e lamento que a autora não a tenha explorado um pouco mais. Ficamos com uma ideia geral, mas teria sido interessante ir mais a fundo, sobretudo porque a história de 1965 parece bem mais interessante do que a de 2015.
Mas mesmo apenas com a ideia geral, acho que este é o livro mais macabro que já li de Darcy Coates. Nos anteriores, aquilo que assombra a casa nunca teve propriamente um passado cheio de unicórnios, mas aqui acho que ela se excedeu!
Descobrimos que o anterior morador da casa, Thomas, se tinha envolvido com a filha do patrão (clássico!) e que a convencera que iria deixar a mulher para ficar com ela. Parece que afinal Thomas não era um homem de palavra, e a rapariga sentiu-se enganada, tendo desenvolvido uma obsessão muito pouco saudável por ele. Começou uma marcação cerrada, o que incluiu segui-lo mesmo quando ele se mudou para Rookward House com a mulher e os três filhos.
Gostei da forma como, inicialmente, ficamos com a ideia que a casa já era assombrada no tempo de Thomas, visto que ele e a mulher referem ter visto uma mulher e um dos filhos até faz alguns desenhos de uma pessoa de cabelo comprido e dentes afiados. Mas depois descobrimos que, naquela altura, Amy ainda era uma pessoa bem real, de carne e osso, e disposta a fazer tudo para ficar com Thomas só para si.
E é precisamente isso que acontece, quando decide matar a família toda. O cadáver da esposa de Thomas foi deixado no sótão, mas os restantes foram, durante vários dias, vestidos com diferentes roupas, e colocados em cenários familiares onde ela vivia a ilusão de serem uma família feliz. A parte dela sentada no sofá ao lado do cadáver do homem, que já tinha as gengivas enegrecidas e os olhos afundados nas órbitas, e falar com ele como se estivesse vivo... wow... Como se não bastasse, ainda sentou as crianças em frente à televisão como se fosse um belo serão familiar. Deve ter desenvolvido imensa massa muscular naquela altura, porque andar a acartar cadáveres escada acima escada abaixo não deve ser fácil.
As cenas ao estilo Inception também estavam absolutamente incríveis! Gostei da ideia de a Amy conseguir criar uma espécie de realidade paralela de modo a convencer Guy de que estava tudo bem. Pergunto-me é onde é que aquilo se passava... Será que ele andava pela casa e via as coisas como se tivessem aquele véu de embelezamento por cima? Ou será que ele estava inconsciente e aquilo que ele via era uma criação mental? Qualquer uma das opções me parece boa.
Lamento que a história tenha acabado da forma que acabou. A sério que era só esfaquear... o fantasma? Eu nem sei bem onde é que isto faz sentido. O fantasma não é suposto ser uma criatura incorpórea? Como é que ele a consegue esfaquear? Será que ela conseguia viver e manifestar-se em dois planos diferentes: o corpóreo e incorpóreo? Bem, se calhar já estou a pensar demasiado nisto. Em qualquer um dos casos, é um final fraquinho. Quer dizer que durante aquele tempo todo, bastava ele ter esfaqueado a assombração e acabava tudo?!
Por último, a autora quis dar um final bonito à história, e temos o grande reencontro de Guy com a ex-mulher e a filha de ambos. Muito lindo, sim. Mas não teria sido bem mais interessante se também isto fosse uma ilusão criada por Amy?
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