The Haunting of Gillespie House (2015) de Darcy Coates

by - julho 13, 2023

 

Sinopse: Elle não consegue acreditar na sua sorte: vai passar um mês a tomar conta da bela propriedade dos Gillespie. Escondida perto do bosque e a uma hora de carro da cidade mais próxima, os seus quartos escuros e a sua rica mobília seduzem-na a explorar os seus segredos. Há até um cemitério escondido atrás da casa, cheio de lápides com o mesmo ano de morte.

Se ao menos os arranhões nas paredes se calassem...

A história negra e mortal da casa rapidamente se confunde com a vida de Elle. No centro de tudo isso está Jonathan Gillespie, o líder de um culto tirânico e proprietário original da casa. Como Elle logo descobre - só porque ele está morto, não significa que ele se foi embora.



Opinião: Depois de The Haunting of Blackwood House, Craven Manor e The Carrow Haunt, estamos de volta a mais uma casa assombrada criada por Darcy Coates. 

A receita é a mesma de sempre: a casa tem mais do que um piso, situa-se no meio do nada e mais de uma hora de viagem da cidade mais próxima, há um local onde não se pode ir, e tanto a eletricidade como a rede são algo instáveis.

Mas, como se diz na gíria futebolística: em equipa que vence não se mexe, e neste caso não podia estar mais de acordo. 

Elle é contratada para tomar conta de uma casa enquanto os seus proprietários vão para um retiro. Parece que o casamento deles não anda bem, e este pode ser a última oportunidade de conseguirem fazer alguma coisa em relação a isso.

A casa é estranha. Apesar de grande, parece mal cuidada, desleixada até. A mobília é escassa e pouco moderna, o jardim completamente negligenciado, há quartos vazios, há um cheio de móveis antigos cobertos por panos... Mas aquele que lhe suscita mais curiosidade, é aquele cuja porta se encontra trancada.


Começo já por aqui: porque raio é que uma porta fechada lhe desperta tanta curiosidade? Ela foi contratada para tomar conta da casa, não para andar a cuscuvilhar as divisões todas. Mas foi precisamente isso que ela fez assim que ficou sozinha. E não se ficou pelo interior da casa. Pelo contrário, também decidiu ir explorar o cemitério e o mausoléu. Bem sei que um mês numa casa no meio de um bosque pode tornar-se aborrecido, mas fiquei com a ideia que ela conseguiu enfiar o nariz em tudo no espaço de uma semana.

À noite, ela ouvia um som de algo a arranhar no interior da parede. Mas esse som parecia vir precisamente do quarto que se encontrava trancado. Se ela já era curiosa por natureza, depois disto não se conseguiu conter mais e arrombou a porta com uma espécie de pé de cabra. Se a história não se desenrolasse como se desenrolou, gostava de saber qual a desculpa que ela iria dar à patroa.

O mausoléo também parecia esconder um segredo. E portanto, nada como ir até lá e levantar o pedaço de madeira gigantesco que mantinha as portas no lugar. Mais uma vez, não sei bem como é que ela pretendia justificar ter invadido o repouso eterno de um dos familiares da dona da casa.

À medida que vamos descobrindo mais acerca da casa, a história vai-se tornando interessante. Ficamos a saber que foi construída 200 anos antes e que o proprietário original era o líder de um culto com centenas de seguidores, muitos deles as suas mulheres e filhos. Depois de uma tentativa de rebelião contra ele, deu-se uma "grande calamidade", na qual muitos perderam a vida, e o que explica que as lápides no jardim tenham em comum o ano da morte dos que se encontram sete palmos debaixo da terra.

Gostei dos flashbacks através dos quais vamos vendo como era a vida na casa durante o tempo de vida do líder do culto, mas já estava a perder a paciência com a personagem principal. Primeiro, pela ânsia dela em andar a espreitar os recantos todos da casa, depois pelas sucessivas más decisões que foi tomando ao longo da história. Irritante, no mínimo...

The Haunting of Gillespie House não é dos melhores que já li desta autora, mas ainda assim, gostei da forma como ela criou uma atmosfera de mistério, e como conseguiu interligar tão bem o passado e o presente.

Uma recomendação para quem gosta de casas assombradas e não perde a paciência com cuscuvilheiras.



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