The Amityville Horror (1977) de Jay Anson

by - julho 10, 2023



Sinopse: 28 dias de terror numa casa possuída por espíritos malignos

Em dezembro de 1975, a família Lutz mudou-se para a casa dos seus sonhos, a mesma casa onde Ronald DeFeo tinha assassinado os seus pais, irmãos e irmãs apenas um ano antes.

Os fenómenos psíquicos que se seguiram criaram a experiência mais aterradora com que a família Lutz alguma vez se tinha deparado, obrigando-os a abandonar a casa em 28 dias, convencidos de que estava possuída por espíritos malignos.

A sua história fantástica, nunca antes revelada em pormenor, é um livro inesquecível com todos os choques e suspense de O Exorcista, O Presságio ou O Bebé de Rosemary, mas com uma diferença vital... a história é verdadeira.



Opinião: Vamos começar por contextualizar este livro, e deixo depois ao vosso critério decidirem se estamos perante uma das maiores fraudes de todos os tempos, ou não.

Em 1974, aquela que se viria a tornar uma das mais célebres casas da Ocean Avenue, foi palco de um verdadeiro massacre. Seis membros da família DeFeo foram mortos em casa, com uma espingarda Marlin 336c de calibre 0.35. Entre as vítimas estavam Ronald (43 anos) e Louise (42 anos), e os quatro filhos do casal: Dawn (18 anos), Alison (13 anos), Marc (12 anos) e John (9 anos). Todos foram mortos enquanto dormiam, e o filho mais velho, Ronald DeFeo Jr. (ou "Butch", como gostava de ser tratado) com então 23 anos, acusado das mortes e condenado, em 21 de Novembro de 1975, a seis penas consecutivas de 25 anos.

A família DeFeo (John, Alison, Marc, Dawn e Ronald)

Cerca de um ano após a condenação de Ronald DeFeo, a casa foi vendida a George e Kathleen Lutz que se mudaram para lá com os seus três filhos. Ao fim de 28 dias abandonaram a casa deixando tudo para trás. O motivo? Estavam a ser vítimas de forças demoníacas que, acreditavam ser a causa de uma série de eventos sobrenaturais como odores estranhos pela casa, o aparecimento de uma substância gelatinosa nos tapetes, o aparecimento de um rosto demoníaco com olhos vermelhos... Essencialmente, tudo aquilo que já conhecemos dos filmes.

A família Lutz


Vários intrujões - quero dizer, vários "investigadores do paranormal" - foram chamados à casa em Fevereiro de 1976. Entre eles, o já então famoso casal Warren, pioneiro na exploração do reino do sobrenatural e fundador da New England Society for Psychic Research. Claro que todos eles confirmaram a existência de uma presença demoníaca, tendo ainda havido quem defendesse que a casa estava construída em cima de um antigo cemitério índio, ou que o terreno tinha sido amaldiçoado por uma bruxa que fugiu de Salem. Nenhuma destes investigadores conseguiu no entanto fornecer quaisquer evidências que sustentassem as suas afirmações.

Mas isto ainda fica mais interessante... 

Em 1971 foi publicado O Exorcista que vendeu qualquer coisa como 13 milhões de cópias. Dois anos depois, em 1973, o livro foi adaptado para o cinema e, mais uma vez, um sucesso. Podemos então concluir que nessa altura o tema da possessão demoníaca estava bastante na moda, ou pelo menos na mente de muita gente. 

Em 1974, apenas um ano depois da estreia do filme O ExorcistaButch DeFeo mata toda a família com a caçadeira. Durante o julgamento, o seu advogado, William Weber, tentou alegar insanidade e o próprio DeFeo disse ter ouvido vozes e que, na noite do massacre, estava a ser controlado por algum tipo de força exterior. Em 1975 DeFeo é condenado e a casa vendida aos Lutz que contam uma série de histórias de assombrações... Coincidência? 

O Exorcista (1973)

Mais tarde, seria o próprio Weber quem viria a revelar que a história relatada pelos Lutz tinha sido inventada pelos três, depois de umas quantas garrafas de vinho. Nessa altura, o advogado de defesa de DeFeo tinha vários contratos em aberto com escritores interessados em relatar a história do seu cliente quando foi contactado pelos Lutz. A história que estes contavam e que foi sendo enriquecida com detalhes criativos parecia ter potencial e apresentava uma grande vantagem: permitir-lhe-ia usar a possessão como uma via para conseguir um novo julgamento para o seu cliente, durante o qual esperava vir a provar que matara a família por estar possuído por uma força demoníaca.

Parece no entanto que os Lutz não ficaram satisfeitos com o negócio proposto por Weber, sobretudo porque apenas receberiam cerca de 15% dos lucros que resultassem do livro. Assim, optaram por pegar na sua história e ir ter com Jay Anson cujo livro The Amytiville Horror (1977) se tornou imediatamente um best-seller, e deu origem a uma adaptação que se tornou num sucesso de bilheteira, arrecadando mais de 80 milhões de dólares. Os Lutz, esses, partiram numa digressão mundial a fim de promover a veracidade dos eventos do livro e assim ganhar ainda mais dinheiro com a sua trágica história.


Quanto ao livro em si... percebo que em 1977 tenha sido um sucesso e provocado muitas insónias. Hoje em dia, já não traz nada de novo: maus pressentimentos, vozes, uma janela coberta de moscas, uma cadeira de baloiço que se mexe sozinha, um corpo que flutua acima da cama. É inegável a existência de umas quantas semelhanças com O Exorcista, não acham?

Relativamente às personagens, posso dizer-vos que não senti especial empatia. Mesmo que não fossem uns charlatões, há ali uma série de coisas que não fazem sentido. Por exemplo, a determinado momento da história, surge uma substância viscosa a escorrer já não me lembro de onde. E o que é que o tipo faz? Molha lá o dedo... e prova. Sim, leram bem: prova! Mas em que universo é que isto faz sentido? Depois temos o Padre que, francamente, é um bocado coninhas... Eu sei que isto são coisas do Demo e tal mas, caramba! Então o homem fica cheio de miaúfa e decide fazer-se de morto em vez de ir ajudar os pobres coitados que estavam a sofrer horrores na casa assombrada? Francamente...

Achei tudo muito pouco credível mas, é preciso ter em conta que o livro foi escrito há 26 anos atrás, numa altura em que as possessões ainda eram relativa novidade. Se virmos as coisas nesse prisma, está bem imaginado. Exagerado, mas bem imaginado. Ainda que seja tudo uma grande mentira, gabo a imaginação dos Lutz, assim como o sentido de oportunidade!






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