Elixir (2014) de Cédric Bannel
★★☆☆☆
Sinopse:
Bosko, um geneticista genial, conseguiu, não apenas travar, mas inverter o processo de envelhecimento que conduz à morte. Para conseguir realizar as suas experiências, firmou um acordo com uma poderosa organização japonesa. E só quando já era demasiado tarde é que descobriu que esta organização visava objectivos de natureza criminal. Decide então desaparecer, deixando para trás Anaki, uma septuagenária cujo corpo deslumbrante aparenta uma idade não superior a vinte e poucos anos. É nessa altura que a misteriosa organização, liderada por um japonês enfermo, amador de vinhos de grande qualidade, lança os seus homens na pista de Bosko e os seus assassinos na de Anaki ... Do Japão tradicional a Tóquio, capital da alta tecnologia, da Côte d'Azur a Londres, Elixir é um mergulho macabro no universo das contradições da ciência dos nossos dias, em que uns trabalham para o bem da humanidade, enquanto outros ambicionam o mais supremo poder. [Fonte: BANNEL, Cédric. Elixir. Lisboa: Livros do Brasil, 2006]
Opinião:
E a lição de hoje é: faz sempre uma cópia em word de todas as reviews que publicas no blogue. Estava aqui a fazer a última revisão do post quando de repente ... PUF! Foi-se tudo. A parte chata é que a review já foi feita a semana passada e depois disso já li mais um livro e metade de outro ... Mas, acho que ainda tenho as ideias relativamente frescas para conseguir (re)fazer o trabalho perdido.
Vamos lá.
Se tivesse de resumir Elixir numa frase, diria que é uma espécie de novelização de um daqueles filmes dos anos 80 ou 90 que passavam na televisão nas tardes de sábado à tarde. Aqueles do kung fu, em que havia sempre um tipo muito mau versus herói renegado, geralmente um ex-militar que tinha sido expulso e que agora regressa, ainda que contrariado, para uma última missão, durante a qual se vem a descobrir que afinal de contas ele até era um tipo porreiro e foi injustamente acusado.
Este livro tem tudo isso.
Tudo começa com a morte de Peter, o sobrinho do geneticista Bosko, às mãos de um assassino contratado vegetariano que dá pelo nome de Grego e que, tem uns quantos hábitos bizarros, entre os quais: comer rabanetes durante as vigilâncias (não chego a perceber se os leva no bolso, se leva uma cestinha de piquenique e uma toalha axadrezada ou se os leva num daqueles sacos isotérmicos que há à venda nas lojas chinesas), proferir frases espirituosas quando mata alguém, e abusar de rapazinhos imberbes.
Embora a morte de Peter pareça acidental, a sua namorada Hiko insiste em procurar a ajuda do professor Foster, pois acredita que há mais qualquer coisa por trás do sucedido.
Foster é um psiquiatra viúvo, vencedor do prémio nobel e que, ocasionalmente trabalhou com os serviços secretos ingleses. Claro que, tal como em qualquer filme de sábado à tarde, começa por dizer que não quer tomar parte daquilo, mas depois lá se deixa entusiasmar e a diferença é como da noite para o dia. Bom, se bem se recordam, já no livro O Caçador eu tinha reclamado - bastante - de Joona Linna. A verdade é que, nos policiais, não acho muita piada a estas personagens que parecem dotadas de super poderes. E acreditem que Foster roça ali as características de super herói porque, apesar de ser psiquiatra de profissão, tem um variadíssimo leque de competências altamente desenvolvidas, nomeadamente em:
- Técnicas de interrogatório
- Medicina
- Genética
- Vigilância e outros conhecimentos táctico-militares
- História
- Técnicas de camuflagem
- Técnicas de camuflagem
Acaba por ser uma espécie de guru e, sempre que surge algum obstáculo mais complicado, lá fica ele em modo contemplativo a olhar para o vazio até que lhe surge uma resposta absolutamente genial que, aparentemente, não surgiu a mais ninguém em toda a a força policial. Já estão a ver a ideia ...
Portanto, do lado dos bons, vamos ter o Dr.Foster; Hiko, a namorada do falecido Peter que, apesar da sua aparência frágil é na verdade uma moça super perspicaz e corajosa; e Shelby, um tipo que foi expulso da força militar da qual fazia parte por ter utilizado força excessiva, mas que viremos a descobrir que afinal até é um tipo sensível.
Há tantos clichés que até parece que o Elixir é uma espécie de compêndio.
Do lado dos maus - e se esperavam que os clichés já tivessem terminado, enganaram-se - temos o enfermo, o chefe super poderoso de uma organização mafiosa, apreciador de bons vinhos e que mergulha em ácido aqueles que falham as missões. Quer dizer, não é ele quem os mergulha lá, porque ele próprio anda numa cadeira de rodas e portanto, não há grande coisa que consiga fazer sem o auxílio dos seus subordinados. Mas o que interessa aqui, é que o tipo é mau como as cobras e quer desesperadamente o Elixir a fim de levar a cabo uma missão que, para ser franca, nunca percebi bem qual era. Logo abaixo dele, temos o general Töi, que é um pau mandado mas, o facto de ser general dá logo a entender o quão poderoso o enfermo é, visto que até um tipo nesta posição lhe obedece. Por último, o Grego, que como já vimos logo no início do post, é um assassino com requintes de malvadez.
Cliché.
Atrás de cliché.
Atrás de cliché.
A história em si não é má e decorre a um excelente ritmo. No entanto, o facto de ser tão previsível, corta completamente a expectativa e mesmo aqueles acontecimentos que, supostamente, deveriam ser um twist na história e provocar algum tipo de surpresa são, na verdade, um twist cliché, que já está visto e mais do que visto.
Por isso, se não tiverem mais nada para ler, ou se estiverem à espera que chegue aquela encomenda, este livro dá para entreter. Mas não esperem muito mais para além de perseguições, lugares comuns, amores (im)prováveis e todo esse leque fantástico que normalmente encontramos nos filmes do Jean Claude Van Damme.
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