Woom (2016) de Duncan Ralston
Sinopse: "Acredito que a dor persiste", disse Angel. "Será que acredito em espíritos? No sobrenatural? Provavelmente não".
O Lonely Motel guarda muitos segredos sombrios... e o Quarto 6 poderá possuir o pior de todos eles.
Angel sabe tudo sobre a dor. A sua mãe morreu neste quarto. Ele pesquisou a sua história. Hoje ele voltou para acabar com ela, custe o que custar, de uma vez por todas.
Shyla, uma prostituta plus-sized, pensa que as histórias que Angel lhe conta não podem ser verdadeiras. Segredos tão vis, que não vai querer deixá-los entrar dentro de si.
Mas o Lonely Motel não esquece. Não perdoa. E reivindica sempre a sua vítima.
Opinião: O aviso na capa não podia ser mais claro: « An extreme horror novel ». As reviews que li, também não deixavam margem para dúvida. Por isso: se eu sabia ao que ia? Sim. Se estava preparada. Definitivamente não.
A história começa com Angel a entrar no quarto n.º 6 do Loney Motel, um hotel planeado para servir as hospedeiras e pilotos do aeroporto, mas que acabou convertido num espaço de prostituição e tráfico de droga com quartos pagos à hora.
Não é a primeira vez que Angel vem a este quarto, mas espera que hoje seja a última. Hoje será o dia em que renascerá, deixando para trás todo o mal que lhe tem acontecido ao longo da vida e que começou precisamente neste quarto, onde a sua mãe morreu.
Pouco depois de chegar, contata uma empresa de acompanhantes e pede que lhe enviem uma escort pluz-sized. O tamanho é realmente importante, e Angel faz questão de deixar isso claro, referindo que já anteriormente tinha solicitado o mesmo serviço e que a acompanhante enviada não deu para o que ele pretendia. Aqui, uma pessoa começa logo a pensar: mas que raio é que ele pretende fazer à mulher?
A prostituta que lhe bate à porta, Shyla, é precisamente o que ele procurava: uma mulher negra, super pluz-sized, e disponível para o que quer que ele pretenda fazer. É também uma personagem incrível que faz lembrar aquelas big mommas que tratam as pessoas por honey ou sweetie e cuja doçura irá contrastar com os horrores que Angel lhe irá confessar.
Pois, porque aquilo que ele quer realmente fazer é... conversar. "O dinheiro é teu", ri-se Shyla.
As histórias que vão sendo contadas correspondem aos capítulos do livro e, apesar de não ser totalmente óbvio logo no início, estão relacionadas entre si.
Mas, serão as histórias assim tão chocantes como é anunciado na capa, ou aquilo é só publicidade enganosa?
Cramps. Sobre um homem capaz de fazer tudo pela sua namorada, inclusive ser mula de droga para pagar uma dívida que ela fez devido à quantidade de heroína que consome. De todas, esta foi a história que mais me meteu mais nojo porque, sejamos francos, só há duas formas de enfiar saquinhos de droga no corpo. Cento e tal sacos não é coisa fácil... E para mim, que detesto terror force feeding, foi uma aventura chegar ao final do capítulo sem vomitar o almoço.
Pro(lapse). Hum... como explicar? Basicamente temos um gang bang, um tipo com um fetiche por sexo anal, e um prolapso retal. Se não sabem o que é podem pesquisar imagens no google, mas aviso já que não é bonito de se ver.
Woom. Envolve uma grávida e um cabide de metal. Mais não digo.
(S)mother. Esta história é contada por Shyla e é acerca do fetiche de um cliente seu. De todas, foi talvez a mais fraquinha e menos chocante. Deu para recuperar o fôlego da anterior.
Man(nequim). A mais triste, ainda que de uma maneira retorcida, sobre uma miúda e a sua paixão por um manequim de plástico.
(Still)born again. Eh pá... O que é um proplapso retal ao pé disto? JASUS CREDO VALHA-ME NOSSA SENHORA. Tragam-me já a lixívia ou um garfo para espetar nos olhos.
Acrescentar ainda que, enquanto as histórias vão sendo contadas, Angel está entretido a enfiar um dildo gigante na Shayla. Não de uma forma sexual mas, como ela própria diz, como se estivesse a fazer um trabalho. É um cenário estranho, no mínimo. Ainda assim, e apesar de ter conteúdo bastante gráfico, as coisas até acabam por encaixar e fazer um certo sentido no final.
Seja como for, não me parece que volte a ler livros deste género... Gosto de terror, mas prefiro aquele terror dissimulado e tenso sem cenas escatológicas pelo meio.
Mas não me lixem! O Angel deve estar amaldiçoado ou coisa do género para ter tanto azar. Primeiro é a mãe que o tenta arrancar de dentro dela com a porra de um cabide, depois é a namorada que lhe arranca a pilinha com uma lixa elétrica para recriar a anatomia de um manequim, depois é a outra namorada que se mete nas drogas e ele acaba a defecar sacos de heroína... Eu entendo que há pessoas com azar na vida, mas isto pareceu de mais. Mas a ideia era criar cenários de horror extremo, sem que fossem apenas violência gratuita, e nisso o autor foi bem sucedido.
Percebi que a ideia das pequenas histórias, era chegarmos ao clímax final e descobrirmos que o Angel era, afinal, o protagonista de todas elas. Francamente fiquei com essa suspeita logo no primeiro capítulo, e quando terminei o do aborto com o cabide, já tinha a certeza que Angel e Johny eram a mesma pessoa, e senti que perdi um bocado aquele momento de grande revelação final.
Ainda assim, não estava preparada para o facto de ele ter sido castrado. Percebi que havia ali qualquer coisa estranha porque ele nunca manifestou interesse em ter relações sexuais com a Shyla, mas nunca pensei que ele tivesse um coto parecido com um polegar apenas para a função de urinar...
Mas o mais chocante mesmo foi aquele final. Toda a conversa de renascer, de usar o dildo para dilatar a Shyla, e de se questionar sobre se ela aceitaria receber o que ele tinha para dar, davam a entender que ele ia pôr alguma coisa dentro dela. Mas nunca pensei QUE FOSSE A PORRA DA PRÓPRIA CABEÇA! Pensei que ele tinha um bébe morto num saco ou assim... Dos dois, não sei bem o que seria pior, mas quando cheguei ao fim já tinha lido tanta bizarria, que um bébe me pareceu ser a cena mais razoável. Mas acabamos com um tipo a enfiar a cabeça pela prostituta adentro para "nascer outra vez". A sério, quem é que se lembra disso?! DUNCAN RALSTON!
Boas Leituras!
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