Shift [Silo #2] (2013) de Hugh Howey
★★★★☆
Sinopse:
In a future less than fifty years away, the world is still as we know it.
Time continues to tick by.
The truth is that it is ticking away.
A powerful few know what lies ahead.
They are setting us on a path from wich we can never return.
A path that will lead to destruction; that will take us below ground.
The history of the silo is about to be written.
Our future is about to begin.
Aviso
In a future less than fifty years away, the world is still as we know it.
Time continues to tick by.
The truth is that it is ticking away.
A powerful few know what lies ahead.
They are setting us on a path from wich we can never return.
A path that will lead to destruction; that will take us below ground.
The history of the silo is about to be written.
Our future is about to begin.
Aviso
Esta crítica contém alguns spoilers do primeiro volume desta trilogia. Por isso, caso ainda não tenham tido oportunidade de ler a publicação acerca desse livro, convido-vos a espreitar para terem uma ideia daquilo que vos espera - ler Opinião "O Silo" [Silo #1] de Hugh Howey.
Opinião: Shift é o segundo volume da trilogia Wool e é constituído por três histórias intimamente ligadas e que fazem parte do mesmo universo. Pelo que pude pesquisar, os três livros que compõem a trilogia Wool são na verdade as compilações dessas histórias que Hugh Howey vai escrevendo e que acompanham o silo, desde a sua criação. Assim, enquanto que em determinados sites ouvimos falar de nove livros, noutros ouvimos falar de três. Às vezes pode tornar-se um pouco confuso e às tantas já não sabemos ao certo quantos são. Assim, e para facilitar a pesquisa àqueles que também estão curiosos acerca desta trilogia, aqui vai:
Traduzido para português pela Editorial Presença com o título O Silo, inclui várias histórias, convertidas em capítulos.
1. Wool - Tradução: Holston (publicado a 30 de Julho, 2011)
2. Wool: Proper Gage - Tradução: Uma Avaliação Ponderada (publicado a 30 de Novembro, 2011)
3. Wool: Casting Off - Tradução: Expulsão (publicado a 11 de Dezembro, 2011)
4. Wool: The Unraveling - Tradução: O Desvendar (publicado a 26 de Dezembro, 2011)
5. Wool: The Stranded - Tradução: Encurralados (publicado a 25 de Janeiro, 2012)
Ainda sem tradução para português, e inclui:
6. First Shift: Legacy (publicado a 14 de Abril, 2012)
7. Second Shift: Order (publicado a 12 de Novembro, 2012)
8. Third Shift: Pact (publicado a 24 de Janeiro, 2013)
Também sem tradução para português.
É um só livro, publicado a 17 de Agosto de 2013, e encerra a trilogia.
Portanto, serem três ou nove livros, dependerá da opção que fizerem: se compram as histórias uma a uma, ou as compilações. Pessoalmente, optei pelos três livros: O Silo [Silo #1], Shift [Silo #2] e Dust [Silo #3], sobretudo por uma questão prática. Bom, espero ter conseguido lançar alguma luz sobre a o número de livros e assim poupar-vos tempo em pesquisas mas, se tiverem alguma questão em que eu possa ajudar, basta usarem o formulário de contacto.
Vamos então ao livro ?
Acabei de ler Shift hoje durante a pausa para almoço e ainda estou a digerir a informação.
Ou melhor dizendo, a falta dela.
Essencialmente, à medida que ia avançando no livro, a minha reacção foi quase sempre a mesma:
Caso já tenham lido o livro anterior (se ainda não o fizeram, ainda vão a tempo de ler Opinião | "O Silo" [Silo #1]) recordar-se-ão de Julliete, a recém nomeada xerife do Silo 18 que, devido a umas quantas artimanhas levadas a cabo pelo responsável do silo, Bernard, acaba por ser condenada à limpeza, ou seja, banida do silo e sentenciada à morte certa. A grande reviravolta foi quando, contra todas as expectativas, Jules não só sobrevive mais tempo no exterior do que qualquer um dos anteriores condenados, como descobre a existência do Silo 17, cujo pequeno grupo de habitantes se compromete a ajudar.
O primeiro livro termina então com Juliette de volta ao Silo 18, onde Lukas, agora responsável do IT, a convence a aceitar o cargo de mayor. Jules aceita, mas deixa claro que as coisas vão ser bastante diferentes do que até então e está determinada a que todos os residentes no silo saibam que não estão sós.
Claro que embora no primeiro livro comecemos a descobrir algumas coisas, nomeadamente a existência de outros silos, muitas questões são deixadas em aberto:
- Quantos silos são ao todo ?
- Quem é que criou os silos e com que propósito ?
- O que é que aconteceu realmente lá fora ?
- Será que aconteceu sequer alguma coisa ou é tudo encenado ?
- Quem é a pessoa com quem Lukas fala ao telefone e que parece ser "o chefe"?
E se pensam que este Shift vai ser mais elucidativo e vão finalmente descobrir todos os mistérios do silo ...
Shift está organizado em três capítulos, correspondendo cada um deles a um turno (em inglês, shift) da personagem central e acompanha as histórias dos silos 1, 17 e 18 que se irão cruzar em mais do que uma ocasião.
O Silo [Silo #1] é um dos meus livros favoritos e, para ser franca, tinha um certo receio de ficar desiludida com esta prequela (tal como aconteceu com o Metro 2034). Achava que, depois de se ter descoberto que havia mais do que um silo, dificilmente o autor conseguiria criar mais uma grande reviravolta. Estava completamente errada.
Ao longo da primeira parte, First Shift-Legacy, a narrativa alterna entre Washington DC em 2049, e o Silo 1 em 2110. Ou seja, damos estes grandes saltos no tempo que nos transportam entre a fase inicial de design deste «just in case building» e a vida no silo, anos depois. Na minha opinião, esta fórmula resultou muito bem porque deixou bem claro a diferença entre aquilo que o silo era suposto ser, uma espécie de bote salva-vidas, e aquilo em que se tornou, um espaço onde tudo parece concebido para criar a máxima apatia.
« And then there was the routine, the mind-numbing routine. It was the castration of the thought, the daily grind of an office worker who had drooled at the clock, punched out, watched TV until sleep overtook him, slapped an alarm three times, did it again. It was made worse by the absence of weekends. There were no free days. It was six months on and decades off. »
Outro aspecto importante referir é o facto de estar extraordinariamente bem organizado em termos de cronologia. Se considerarmos que a janela temporal abrange 507 anos, entre 2049 e 2110, assim como a história de três silos (1, 17 e 18), percebe-se o porquê da organização ser um factor importante, pois caso contrário, o livro corria o risco de se tornar uma verdadeira embrulhada. Pessoalmente, em momento algum senti que as coisas estavam a ficar confusas porque o autor consegue realmente que saibamos sempre onde e quando estamos. Ainda assim, se em algum momento precisarmos de refrescar a memória, podemos sempre recorrer às cronologias esquematizadas no final de cada capítulo, o que me pareceu ser uma excelente ideia visto que nos permite ter uma ideia mais abrangente e contextualizada daquilo que se vai passando.
Portanto, serem três ou nove livros, dependerá da opção que fizerem: se compram as histórias uma a uma, ou as compilações. Pessoalmente, optei pelos três livros: O Silo [Silo #1], Shift [Silo #2] e Dust [Silo #3], sobretudo por uma questão prática. Bom, espero ter conseguido lançar alguma luz sobre a o número de livros e assim poupar-vos tempo em pesquisas mas, se tiverem alguma questão em que eu possa ajudar, basta usarem o formulário de contacto.
Vamos então ao livro ?
Acabei de ler Shift hoje durante a pausa para almoço e ainda estou a digerir a informação.
Ou melhor dizendo, a falta dela.
Essencialmente, à medida que ia avançando no livro, a minha reacção foi quase sempre a mesma:
O primeiro livro termina então com Juliette de volta ao Silo 18, onde Lukas, agora responsável do IT, a convence a aceitar o cargo de mayor. Jules aceita, mas deixa claro que as coisas vão ser bastante diferentes do que até então e está determinada a que todos os residentes no silo saibam que não estão sós.
Claro que embora no primeiro livro comecemos a descobrir algumas coisas, nomeadamente a existência de outros silos, muitas questões são deixadas em aberto:
- Quantos silos são ao todo ?
- Quem é que criou os silos e com que propósito ?
- O que é que aconteceu realmente lá fora ?
- Será que aconteceu sequer alguma coisa ou é tudo encenado ?
- Quem é a pessoa com quem Lukas fala ao telefone e que parece ser "o chefe"?
E se pensam que este Shift vai ser mais elucidativo e vão finalmente descobrir todos os mistérios do silo ...
Shift está organizado em três capítulos, correspondendo cada um deles a um turno (em inglês, shift) da personagem central e acompanha as histórias dos silos 1, 17 e 18 que se irão cruzar em mais do que uma ocasião.
O Silo [Silo #1] é um dos meus livros favoritos e, para ser franca, tinha um certo receio de ficar desiludida com esta prequela (tal como aconteceu com o Metro 2034). Achava que, depois de se ter descoberto que havia mais do que um silo, dificilmente o autor conseguiria criar mais uma grande reviravolta. Estava completamente errada.
Ao longo da primeira parte, First Shift-Legacy, a narrativa alterna entre Washington DC em 2049, e o Silo 1 em 2110. Ou seja, damos estes grandes saltos no tempo que nos transportam entre a fase inicial de design deste «just in case building» e a vida no silo, anos depois. Na minha opinião, esta fórmula resultou muito bem porque deixou bem claro a diferença entre aquilo que o silo era suposto ser, uma espécie de bote salva-vidas, e aquilo em que se tornou, um espaço onde tudo parece concebido para criar a máxima apatia.
« And then there was the routine, the mind-numbing routine. It was the castration of the thought, the daily grind of an office worker who had drooled at the clock, punched out, watched TV until sleep overtook him, slapped an alarm three times, did it again. It was made worse by the absence of weekends. There were no free days. It was six months on and decades off. »
Shift
Hugh Howey
É também nesta história que temos o primeiro contacto com a personagem central, Troy. Li algumas críticas que referem que as personagens de Shift são bastante unidimensionais e previsíveis e, em certa medida, até compreendo a ideia. De facto o autor não entra em grandes detalhes mas, sou da opinião que algumas delas estão bastante bem exploradas, sobretudo Troy que surge como uma espécie de herói trágico que perdeu tudo para o silo mas que foi, ao mesmo tempo, um dos que mais contribuiu para a sua criação. Será ele a voz da dissonância e, numa realidade onde toda a gente encara o silo como uma salvação, ele será o primeiro a questionar se o preço a pagar por essa salvação não terá sido demasiado elevado.
Entramos depois na segunda parte do livro, Second Shift-Order, que corresponde ao segundo turno de Troy. Estamos agora em 2212, 102 anos depois da história anterior e aqui, a acção decorre não só no Silo 1 ("a silo to rule them all", se me permitem o trocadilho com o LOTR) mas entra também em cena o Silo 18, o cenário da «Grande Rebelião», tantas vezes mencionada no primeiro volume da trilogia.
O autor continua a aplicar a fórmula dos cenários alternados: uma espreitadela no que se passa no Silo 18, uma espreitadela do que se passa no Silo... Na minha opinião, continua a resultar muito bem mas, apesar disso, confesso que devo ter saltado umas linhas do Silo 18 porque o que se estava a passar no Silo 1 era tão bem mais interessante (e acredito que quem goste de teorias da conspiração vai partilhar desta opinião). E porquê ? Porque é aqui que vamos começar a perceber a dimensão do poder do Silo 1 e o quão perigoso pode ser quando, quem está no governo, tem um poder ilimitado.
« He had pictured the blasts that freed the layers of a standard silo. He had pictured the blats that freed the layers of heavy concrete between the levels, sending them like dominos down to the bottom, cruzhing everything and everyone in-between.»
Shift
Hugh Howey
A parte final, Third Shift-Pact, corresponde ao terceiro turno de Troy, no ano de 2345. Mais um silo entra em cena, desta vez o Silo 17, cuja história iremos acompanhar de 2312 e 2345.
Parece-me que, neste ponto, é inegável a mestria com que Hugh Howey consegue envolver as histórias e relacioná-las. Reparem que, temos um silo que está presente em todas as histórias, o Silo 1. No Second Shift-Order, temos a introdução do Silo 18, que serve de palco central à acção do primeiro volume da trilogia e, em Third Shift-Pact somos introduzidos no Silo 17 que, se estão recordados é precisamente o silo onde Juliette entra quando é condenada à limpeza e onde irá encontrar Solo, um indivíduo que era ainda adolescente quando se deu a revolta « The Great Lould » e no seguimento da qual a população do silo foi dizimada, deixando-o sozinho durante 34 anos.
É precisamente a ascenção da revolta e os tempos que se seguiram que vamos acompanhar nesta última história que vai terminar, precisamente, em 2345, quando Solo encontra Juliette.
Nesta terceira e última história, continuaremos também a acompanhar Troy, à medida que este vai descobrindo mais e mais sobre as verdadeiras intenções de quem criou o silo. Se dúvidas havia, nesta altura fiquei completamente convencida que se passa alguma coisa de muito estranho e chego a colocar em causa se aquilo não será tudo um projecto secreto ou uma espécie de cápsula do tempo criada por um tipo paranóico e altamente megalómano. Aliás, já nem tenho bem a certeza se o mundo lá fora é realmente mortífero ou se essa ideia é semeada apenas para que as pessoas tenham medo do exterior e aceitem o seu destino no subsolo.
« 'Fear', he said. 'Even the fear of death is barely enough to counter this compulsion of ours. If we didn't show them what was out there, they would go look for themselves. That's what we've always done as a race.'»
Shift
Hugh Howey
Portanto, e vendo de uma forma geral, creio que o autor foi uma vez mas bastante bem sucedido em criar a sensação de uma certa incerteza e, ao mesmo tempo, desconfiança acerca daquilo que se está a passar, e é isso que impele o leitor e o mantém agarrado ao livro e à história.
Shift, Hugh Howey (p.566) |
De uma forma geral, e ao contrário do que receava, este livro foi uma excelente surpresa e é uma leitura que nos deixa sem fôlego. Claro que nem todos estão de acordo e, li algumas críticas que referem que o livro é "extremamente aborrecido", "um dos piores livros que já li" e "altamente previsível". Pessoalmente não achei mas percebo que, comparativamente ao Silo #1 possa ser considerado um pouco mais parado visto que o cerne do livro incide mais sobre a moralidade duvidosa por trás da criação do silo e menos sobre o shoot shoot bang bang.
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