A Noite Eterna (2011) de Guillermo del Toro e Chuck Hogan

by - julho 12, 2019

★★★☆☆

Sinopse: A Terra encontra-se envolta em trevas... E já não é o nosso mundo.

Dois anos passaram desde que o vírus vampírico atacou a humanidade e o inverno nuclear lançou o mundo envenenado na noite eterna. Os restos de vida que subsistem foram subjugados, presos em campos e «criados» como gado para alimentar o exército do Mestre.

Contudo, a luta continua. Uma rede de seres humanos livres, constituída por pessoas comuns, incluindo Eph, Zack, Vassily e Gus, mantém uma resistência deseperada, perturbando a nova a devastadora ordem mundial.

Na hora mais escura da humanidade, um deles pode ser a chave para a salvação. Mas um traidor está entre eles. E quem vai estar disposto a fazer o sacrifício final para que os outros possam sobreviver? [FONTE: DEL TORO, Guillermo & HOGAN, Chuck. A Noite Eterna. Lisboa: Suma de Letras. 2012]



Opinião: Com A Noite Eterna encerramos a trilogia iniciada em 2009 com A Estirpe, ao qual se seguiu O Ocaso em 2010.

Dos três livros, sem dúvida que o meu favorito foi o primeiro, visto ter sido o único onde o ambiente de terror era realmente palpável e onde o foco incidiu mais sobre o efeito desta epidemia na população.

O segundo volume perdeu bastante qualidade (ler opinião "O Ocaso"), tendo ficado mais parecido com um filme familiar de Domingo à tarde do que propriamente com uma história de terror.


Por esse motivo, comecei a ler A Noite Eterna já com algumas reservas. Por um lado, tinha um certo receio que o livro fosse, como se costuma dizer, "mais do mesmo" e que se mantivesse no registo dos dramas sentimentais e familiares do segundo volume. Mas, por outro lado, desejava genuinamente que as coisas melhorassem, e voltassem a encarrilar. 

Digamos que o resultado final foi uma espécie de meio termo.

Dois anos passaram entre os eventos que marcam o final do segundo volume e o início deste terceiro.

  

Zack foi capturado pela criatura-Kelly (outrora sua mãe e esposa de Eph) e vive agora no castelo do Mestre, não como seu prisioneiro, mas como uma espécie de protegido.

Eph, « outrora um proeminente epidemiologista que trabalhava para o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, era agora um homem diferente », que encontrou refúgio no álcool e nos comprimidos.

Setrakian está morto.

E entre Fet e Nora nasceu uma espécie de romance adolescente.  

Essencialmente, o mundo conforme o conhecemos mudou.

« O bem e o mal eram agora termos maleáveis. O mundo tinha mudado. A noite era o dia. O chão era o novo céu. Ali, no Mestre, estava a prova de uma criatura superior. Um super humano. Uma divindade. O seu poder era extraordinário.»

Uma nova ordem se estabeleceu e poucos são aqueles que não aceitaram submeter-se ao jugo dos strigoi visto que a oposição é sinónimo de morte, enquanto que a submissão significa a sobrevivência.

Para satisfazer as necessidades nutricionais dos strigoi, foram criados vários campos de concentração onde, a cada cinco dias, é retirado meio litro de sangue dos humanos aí reunidos, e onde os portadores de sangue B positivo são obrigados a acasalar a fim de se aumentar a probabilidade de nascerem crianças também B positivo (parece que este tipo de sangue é um pitéu para os vampiros).


Portanto, na minha opinião, o ambiente neste terceiro volume melhorou bastante comparativamente ao anterior. Está mais decadente, mais negro e transmite perfeitamente a ideia de que os humanos já não estão no topo da cadeia alimentar. Ainda assim, recordo-me que quando li o livro pela primeira vez, fiquei muito mais impressionada com determinados detalhes, podendo isto apenas significar que:

a) Estou a ficar sádica
b) Estou a ficar (mais) insensível
c) Ando a ler coisas muito estranhas ultimamente

Quanto às personagens, a realidade é que chego ao final desta trilogia com a noção de que não consegui gostar verdadeiramente de nenhuma. Considerando que havia muito por onde escolher, isto não deixa de ser estranho. Mas vou ser franca convosco: as personagens perderam muita qualidade ao longo dos livros. Por exemplo, Vasiliy Fet, o exterminador, era o meu favorito no primeiro livro. No segundo, os autores decidiram incluir uns capítulos aos quais chamaram « o blogue do Fet » e onde ele escrevia como se fosse uma adolescente histérica. Neste último volume, apaixonou-se por Nora, dando origem a uma série de dramas existenciais e dramas que pareciam saídos do consultório sentimental da revista Maria


Ainda assim, o final foi relativamente inesperado e bastante diferente daquilo que eu tinha previsto que seria e que partilhei convosco na opinião do volume anterior (ler opinião "O Ocaso"). Isso não quer no entanto dizer que tenha gostado do final ... Sobretudo porque, apesar de ser um final agridoce, não deixou de ser aquele típico triunfo do Bem sobre o Mal com perdas de ambos os lados.

Gostei no entanto do rumo que a história tomou a determinado ponto, com o Mestre a tentar corromper Zack, filho do seu arqui-inimigo e baluarte das forças da oposição, Eph. Mas esta ideia, é apenas uma entre muitas que acabam por não se desenvolver como eu esperava. Aliás, acabam por não se desenvolver, de todo.

Em última análise, não direi que é um livro surpreendente ou especialmente empolgante. Tem boas ideias, é um facto, mas a maioria acaba por ficar pelo caminho, talvez com o intuito de não ferir susceptibilidades e assim alcançar um público mais vasto. Por isso, se procuram carnificina, não a vão encontrar aqui.



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