Devil Said Bang (2012) de Richard Kadrey
★★★☆☆
Sinopse:
James Stark isn't thrilled by the course his career has taken since he headed south. Rulling Hell was not on his career wish list. But before he can think about escape, he must first take charge of his unholy domain - while holding off a host of trigger-happy killers keen to make a name for themselves by removing the new Lucifer.
Then again, back home isn't quite paradise either. A serial killer ghost is on the rampage in L.A. and Stark's angelic alter-ego is hiding out in the lost days of time, plotting with a secret cabal who can rewrite reality.
Fonte: Kadrey, Richard. Devil Said Bang. London, Harper Voyager (2013)
Opinião:
Devil Said Bang é o quarto livro da saga Sandman Slim, acerca da qual ainda não sei bem o que dizer. O primeiro livro, Sandman Slim, foi absolutamente fantástico e fiquei logo rendida à personagem e ao universo. Seguiu-se Kill the Dead que, para ser franca, já não me entusiasmou tanto como o primeiro porque a ação demorou imenso tempo a começar. Em Aloha From Hell achei que o autor tinha voltado a conseguir captar o ambiente do primeiro livro e fiquei motivada para continuar a acompanhar as aventuras de James Stark. Mas agora neste último livro, o entusiasmo voltou a esmorecer e cheguei a um ponto em que já só o queria terminar.
Para quem não está familiarizado com a saga, a personagem central é James Stark, um tipo que foi enviado vivo para o Inferno onde, durante onze anos, lutou nas arenas e conquistou o nome pelo qual é agora conhecido: Sandman Slim, « the monster who kills monsters ».
Cada um dos livros acaba por ser, basicamente, James Stark a resolver problemas que aparecem. Primeiro procura vingar-se dos que o enviaram para o Inferno, depois combate uma horda zombie, em Aloha From Hell regressa ao Inferno para salvar uma ex-namorada e em Devil Said Bang tenta descobrir porque é que anda um fantasma à solta e a realidade se está a desfazer.
Assim sendo, não diria que têm obrigatoriamente de ler os livros todos para perceberem o que se está a passar, porque a história central fará sentido de qualquer modo. No entanto, se quiserem ter uma ideia mais aprofundada do background das personagens, o facto de lerem os volumes anteriores é uma mais valia.
Dito isto, vamos o que interessa: a opinião acerca do Devil Said Bang.
No final do livro anterior, Lúcifer 1.0, que agora dá pelo nome de Samael, decidiu regressar ao Paraíso e deixar a Sandman Slim o cargo de Príncipe das Trevas. Leram bem. Sandman Slim é agora o novo Lúcifer e não parece estar a gostar minimamente da função, sobretudo à medida que vai descobrindo que governar o Inferno envolve mais burocracia, presenças em eventos e conspirações do que seria de esperar.
E com isto se faz praticamente metade do livro.
Intrigas palacianas que põem a descoberto lutas de poderes, alguém que quer matar Lúcifer 2.0, e o Príncipe das Trevas constantemente a reclamar de tudo isto, e de como aquilo que realmente quer é voltar para L.A. Nesta primeira parte do livro até se levantam algumas questões interessantes, como o surgimento de uma nova igreja no Inferno que quer substituir os antigos costumes, ou até as obras de remodelação que estão a ser feitas, mas o autor acaba por não aprofundar nenhum ponto e portanto tudo isto acaba por parecer uma tremenda perda de tempo, sobretudo porque quando Sandman Slim regressa a L.A., grande parte do que se passou no Inferno não parece ter qualquer relevância.
Pessoalmente achei que esta primeira parte foi muito pouco aproveitada. Há uma série de ideias realmente interessantes, sobretudo no que diz respeito às manobras políticas no Inferno e conflitos entre forças com interesses opostos, que podiam ter sido muito mais explorados, talvez fazendo dois livros em vez de um só. Em vez disso, temos metade do livro a enrolar a história, sempre com Sandman Slim a querer arranjar confusão. Eu percebo a ideia de ser um badass, e esse é um dos motivos pelos quais gosto tanto desta personagem, mas a linha que separa um badass de um asshole é muito ténue, e neste livro a coisa resvalou para o lado errado mais vezes do que aquelas de que eu gostaria.
Mas como seria de esperar - mais um motivo pelo qual se deveria ter ido logo direto ao assunto - Sandman Slim lá encontra forma de regressar a L.A. para descobrir que o fantasma de uma criança anda a esfaquear Sub-Rosa mas também alguns civis...
« Our medium say she's a hungry ghost. A spirit that will never be satisfied no matter how much she devours. She's killed a lot of people.»
E aqui começa a segunda parte do livro, com Sandman Slim de volta a L.A depois de cerca de três meses passados no Inferno, onde irá tentar descobrir quem é este fantasma que parece matar indiscriminadamente. Para mim, esta segunda parte do livro foi bastante confusa, e a determinado ponto já não estava a ver onde é que o autor nos queria levar. Parece que Kadrey quis adensar de tal forma o mistério que acabou por se perder o propósito.
É também no regresso a L.A. que Stark vai reencontrar aqueles que têm sido os seus companheiros desde o primeiro livro. Infelizmente, acho que houve personagens que perderam a essência, como é o caso de Candy e Allegra. A primeira, porque parece ter deixado o instinto sanguinário em casa e agora passa o tempo preocupada em equilibrar o romance com Stark e com Rinko. A segunda, porque lhe deu para fazer birras por discordar com as decisões de Sandman Slim. Todos os outros, que já conhecemos do volumes anteriores, acabaram por não trazer nada de novo à história para além da sensação da familiaridade.
Assim sendo, aquilo que posso dizer é que Devil Said Bang não foi, de todo, um daqueles livros que me tivesse dado especial prazer ler e, como referi ao início, cheguei a um ponto em que já só queria que acabasse. O facto da personagem principal se estar a tornar numa espécie de palerma que se acha muito badass também já me começa a saturar... Gosto da ideia mas chega a um ponto em que já é demais.
Neste momento tenho então dois livros de que gostei, e outros dois dois quais não gostei particularmente. Sendo assim, ainda vou dar mais uma hipótese para desempatar, mas se o próximo livro não melhorar significativamente, o mais certo é abortar a coleção.
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