O Sangue dos Elfos (1994) de Andrzej Sapkowski
★★★☆☆
Sinopse:
Durante mais de um século, humanos, anões e elfos conviveram em harmonia. Mas os tempos mudaram: a frágil paz que reinava foi quebrada e agora as raças lutam de novo entre si, conduzindo a mortes e chacinas.
Geralt de Rivia, temido pela sua reputação de bruxo e assassino sem misericórdia, tem estado a aguardar o nascimento de uma criança profetizada, cujos poderes poderão mudar o mundo, para o bem ou para o mal.
Com a ameaça de uma guerra sem fim a pairar sobre todas as nações, é posta em marcha uma perseguição à criança e aos seus poderes extraordinários. Caberá a Geralt, apenas com a ajuda de velhos amigos, protegê-la, pois o peso do fracasso será demasiado para todos.
Fonte: Sapkowski, Andrzej. O Sangue dos Elfos. Porto Salvo: Saída de Emergência (2018).
Opinião:
Depois de ter lido A Espada do Destino (1992) e O Último Desejo (1993), confesso que esperava um pouco mais de ação. Estes dois primeiros livros são a rampa de entrada para a saga propriamente dita, e será através deles que teremos uma ideia mais contextualizada não só das personagens mas também dos acontecimentos. Quando os li fiquei na dúvida sobre se seriam ou não essenciais para perceber a história principal, mas agora que li O Sangue dos Elfos (1994) chego à conclusão que os livros anteriores são realmente uma mais valia para se perceber a dinâmica existente entre certas personagens e determinados acontecimentos. Para quem começar com O Sangue dos Elfos provavelmente existirão momentos em que não vai perceber porque é que as coisas se estão a passar de determinada forma, ou porque é que existe uma animosidade entre este e aquele.
Comparativamente aos volumes anteriores, achei O Sangue dos Elfos muito mais lento e centrado em locais e personagens específicos. Enquanto que nos livros anteriores vamos acompanhando Geralt nas suas viagens enquanto caçador de monstros, e assistimos a combates com criaturas como quimeras e estriges, em O Sangue dos Elfos há apenas um combate com um monstro e pouco mais. Felizmente, e à semelhança do que aconteceu com combates anteriores, a descrição está muito bem conseguida e sentimos que estamos a bordo do navio a assistir a tudo. Ainda assim, não compensa a falta de ação do resto do livro, embora aguce a curiosidade acerca do que estará para vir.
Na prática, aquilo que o autor faz neste livro é ir construindo o mundo onde a história se irá desenrolar, contextualizando o leitor, e dando-lhe uma ideia das alianças e oposições políticas, dos objetivos das diferentes facções, das relações entre as diferentes personagens e, claro, do papel que Ciri poderá vir a desempenhar no desenrolar dos acontecimentos.
Portanto, se quiserem, considerem O Sangue dos Elfos como uma espécie de introdução àquilo que está para vir uma vez que, neste livro em particular, não se pode dizer que haja um desenvolvimento propriamente dito do que quer que seja. É-nos dada uma ideia acerca do panorama geral mas nada chega a ser aprofundado.
Ficamos a saber que depois do conflito com Nilfgaard, reina uma espécie de paz podre. Há de facto um cessar fogo mas, todos têm a perfeita noção que a qualquer momento poderá rebentar uma nova guerra e é o medo que leva a que humanos e inumanos olhem uns para os outros com desconfiança, sem saber quais deles se irão juntar aos nilfgaardianos para apunhalar os demais pela costas. Cada raça acusa os restantes de serem potenciais traidores, ao mesmo tempo que enaltecem os seus próprios feitos gloriosos. Por aqui, parece-me previsível que nos próximos livros assistiremos a Nilfgaard a tirar partido disso durante algum tempo, até que humanos e inumanos acabem, por fim, por se unir para derrotar um inimigo comum.
Iremos também acompanhar duas fases do desenvolvimento de Ciri. A primeira, passada em Kaer Morhen, uma espécie de esconderijo secreto no meio de uma floresta, onde os bruxos são sujeitos aos testes e treinados. A segunda, já no templo de Melitele, onde Cirilla receberá os primeiros ensinamentos de feitiçaria, sob a orientação de Yennefer. Em ambos os casos, gostei bastante das personagens femininas. Em Kaer Morhen, a presença de Triss Merigold conferiu uma dimensão mais humana à pequena aprendiz de bruxo e contrabalançou com o universo masculino que reinava na fortaleza. Por sua vez, no tempo de Melitele, Yeneffer mostra-nos uma versão mais dura do que significa ser-se feiticeiro. Curiosamente li muitas críticas que acusavam o autor de ser machista e de reduzir as mulheres a decotes e pouco mais. Pessoalmente, não partilho de todo dessa opinião. Sim, há referências a decotes, mas parece-me que o objetivo é ajudar a construir a imagem mental da personagem. Mas como hoje em dia toda a gente se ofende com tudo, é o que temos. Um destes dias começam a queimar livros ali no Terreiro do Paço porque são ofensivos.
Relativamente ao Geralt... hum... Não me deixou propriamente encantada. Para ser franca, não aparece muitas vezes mas, das poucas aparições que fez, achei-o francamente desinteressante. Ainda assim, parece que as mulheres se sentem atraídas por ele como as abelhas pelo mel. Se calhar as mutações nos olhos e nos sentidos não foram as únicas que sofreu, e isso explicaria alguma coisa.
Mas, apesar de tudo, não achei o livro totalmente desinteressante. De facto tem pouca ação, e não entramos em nada a fundo mas, percebo que se esteja a estabelecer o ponto de partida para os próximos volumes. Assim sendo, vou continuar com a saga do Witcher, porque fiquei realmente curiosa em saber como se irão desenvolver os poderes de Ciri, e que papel terá ela na história.
A quem está a pensar em começar a ler a saga, sugiro mesmo que leiam os livros anteriores: O Último Desejo e A Espada do Destino. Apesar de serem contos, ajudam a conhecer um pouco mais acerca das personagens que vão começar a ter um papel mais predominante e, sobretudo, conhecerem o que aconteceu antes do momento em que se situa O Sangue dos Elfos.
Depois de ter lido A Espada do Destino (1992) e O Último Desejo (1993), confesso que esperava um pouco mais de ação. Estes dois primeiros livros são a rampa de entrada para a saga propriamente dita, e será através deles que teremos uma ideia mais contextualizada não só das personagens mas também dos acontecimentos. Quando os li fiquei na dúvida sobre se seriam ou não essenciais para perceber a história principal, mas agora que li O Sangue dos Elfos (1994) chego à conclusão que os livros anteriores são realmente uma mais valia para se perceber a dinâmica existente entre certas personagens e determinados acontecimentos. Para quem começar com O Sangue dos Elfos provavelmente existirão momentos em que não vai perceber porque é que as coisas se estão a passar de determinada forma, ou porque é que existe uma animosidade entre este e aquele.
Comparativamente aos volumes anteriores, achei O Sangue dos Elfos muito mais lento e centrado em locais e personagens específicos. Enquanto que nos livros anteriores vamos acompanhando Geralt nas suas viagens enquanto caçador de monstros, e assistimos a combates com criaturas como quimeras e estriges, em O Sangue dos Elfos há apenas um combate com um monstro e pouco mais. Felizmente, e à semelhança do que aconteceu com combates anteriores, a descrição está muito bem conseguida e sentimos que estamos a bordo do navio a assistir a tudo. Ainda assim, não compensa a falta de ação do resto do livro, embora aguce a curiosidade acerca do que estará para vir.
Na prática, aquilo que o autor faz neste livro é ir construindo o mundo onde a história se irá desenrolar, contextualizando o leitor, e dando-lhe uma ideia das alianças e oposições políticas, dos objetivos das diferentes facções, das relações entre as diferentes personagens e, claro, do papel que Ciri poderá vir a desempenhar no desenrolar dos acontecimentos.
Portanto, se quiserem, considerem O Sangue dos Elfos como uma espécie de introdução àquilo que está para vir uma vez que, neste livro em particular, não se pode dizer que haja um desenvolvimento propriamente dito do que quer que seja. É-nos dada uma ideia acerca do panorama geral mas nada chega a ser aprofundado.
Ficamos a saber que depois do conflito com Nilfgaard, reina uma espécie de paz podre. Há de facto um cessar fogo mas, todos têm a perfeita noção que a qualquer momento poderá rebentar uma nova guerra e é o medo que leva a que humanos e inumanos olhem uns para os outros com desconfiança, sem saber quais deles se irão juntar aos nilfgaardianos para apunhalar os demais pela costas. Cada raça acusa os restantes de serem potenciais traidores, ao mesmo tempo que enaltecem os seus próprios feitos gloriosos. Por aqui, parece-me previsível que nos próximos livros assistiremos a Nilfgaard a tirar partido disso durante algum tempo, até que humanos e inumanos acabem, por fim, por se unir para derrotar um inimigo comum.
Iremos também acompanhar duas fases do desenvolvimento de Ciri. A primeira, passada em Kaer Morhen, uma espécie de esconderijo secreto no meio de uma floresta, onde os bruxos são sujeitos aos testes e treinados. A segunda, já no templo de Melitele, onde Cirilla receberá os primeiros ensinamentos de feitiçaria, sob a orientação de Yennefer. Em ambos os casos, gostei bastante das personagens femininas. Em Kaer Morhen, a presença de Triss Merigold conferiu uma dimensão mais humana à pequena aprendiz de bruxo e contrabalançou com o universo masculino que reinava na fortaleza. Por sua vez, no tempo de Melitele, Yeneffer mostra-nos uma versão mais dura do que significa ser-se feiticeiro. Curiosamente li muitas críticas que acusavam o autor de ser machista e de reduzir as mulheres a decotes e pouco mais. Pessoalmente, não partilho de todo dessa opinião. Sim, há referências a decotes, mas parece-me que o objetivo é ajudar a construir a imagem mental da personagem. Mas como hoje em dia toda a gente se ofende com tudo, é o que temos. Um destes dias começam a queimar livros ali no Terreiro do Paço porque são ofensivos.
Mas, apesar de tudo, não achei o livro totalmente desinteressante. De facto tem pouca ação, e não entramos em nada a fundo mas, percebo que se esteja a estabelecer o ponto de partida para os próximos volumes. Assim sendo, vou continuar com a saga do Witcher, porque fiquei realmente curiosa em saber como se irão desenvolver os poderes de Ciri, e que papel terá ela na história.
A quem está a pensar em começar a ler a saga, sugiro mesmo que leiam os livros anteriores: O Último Desejo e A Espada do Destino. Apesar de serem contos, ajudam a conhecer um pouco mais acerca das personagens que vão começar a ter um papel mais predominante e, sobretudo, conhecerem o que aconteceu antes do momento em que se situa O Sangue dos Elfos.
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