The School for Good Mothers (2022) de Jessamine Chan

by - maio 25, 2023


Sinopse: Neste romance de estreia, tenso e explosivo, um lapso de julgamento coloca uma jovem mãe num programa de reforma do governo, onde a custódia do seu filho está em jogo.

Frida Liu está a passar por dificuldades. Não tem uma carreira digna dos sacrifícios dos seus pais imigrantes chineses. O pior é que não consegue convencer o marido, Gust, a desistir da amante mais nova, obcecada pelo bem-estar. Só com a sua angélica filha Harriet é que Frida sente finalmente que atingiu a perfeição que dela se espera. Harriet pode ser tudo o que ela tem, mas é apenas o suficiente.

Até que Frida tem um dia horrível.

O Estado tem os olhos postos em mães como Frida - aquelas que consultam o telemóvel enquanto os filhos estão no parque infantil; que deixam os filhos ir sozinhos para casa; por outras palavras, mães que só têm um lapso de julgamento. Agora, uma série de funcionários do governo vai determinar se Frida é candidata a uma instituição do tipo Big Brother que mede o sucesso ou o fracasso da devoção de uma mãe. Confrontada com a possibilidade de perder Harriet, Frida tem de provar que pode estar à altura dos padrões estabelecidos para as mães - que pode aprender a ser boa.

Este livro, que é um turn pager espirituoso e estimulante, explora os perigos da parentalidade "perfeita" da classe média alta, a violência exercida sobre as mulheres pelo Estado e entre si, e o amor ilimitado que uma mãe tem pela filha.



Opinião: Não sei bem se ir ao escritório e deixar a filha de 2 anos e pouco sozinha em casa pode classificado como um "erro de julgamento". Principalmente quando, em cima disto, a mãe ainda diz que se distraiu a ler e-mails e não deu pelo tempo a passar. Pessoalmente, diria que isto é irresponsabilidade... Mas, que sei eu? 

Para mim, a premissa da história começou logo a ruir por aqui. Francamente, não consegui sentir o mínimo de empatia por esta personagem central que, passa o livro todo a dizer que teve um mau dia, e que por isso é que deixou a filha sozinha. Atenção, eu percebo que haja pais que entram em burnout e façam coisas que, em circunstâncias normais não fariam, mas esta mãe pareceu-me uma pessoa extremamente desequilibrada e se calhar a miuda estava mesmo melhor sem ela.

Mas adiante.

O livro descreve uma sociedade onde as pessoas parecem todas bastante obcecadas com a parentalidade perfeita: os abraços têm de ter uma certa duração para não desrespeitar os limites das crianças, a linguagem utilizada tem de ser sempre positiva, os pais têm de viver para os filhos, e os filhos têm de ser a sua única razão de existir. Quando isso não acontece, vão parar à escola para mães (e pais), onde têm de frequentar uma série de aulas para aprenderem a ser pais em condições. Se desistirem ou não tiverem aproveitamento, perdem a custódia.

E é aqui que entram as bonecas. À primeira vista, é praticamente impossível dizer que não são crianças a sério: andam, falam, choram... As instrutoras dizem até que elas sentem. A cada mãe é então atribuída uma boneca, e é com ela que irá praticar os exercícios propostos ao longo de todas as aulas, tais como embalar, ensinar palavras, abraçar, fugir de um carro, e por aí fora.

Quando as bonecas apareceram achei que o livro ia ficar realmente interessante: uma escola totalitária, bonecas que afinal são mais do que apenas isso, mães que se apegam a estas crianças-substituitas... Mas não. A história tomou um rumo totalmente diferente, que desperdiçou completamente este conceito. Francamente, bem que podiam ter usado bonecas de trapos e o resultado seria o mesmo. Não percebo o porquê de se dar a entender que as bonecas são sencientes e depois não se fazer absolutamente nada com essa informação.


Se por um lado houve informação a menos em relação às bonecas, houve informação a mais em relação a sexo. Que a mulher estava horny, tudo bem. Afinal de contas, já não tinha sexo há algum tempo. Mas qual era a relevância dos detalhes em relação ao tamanho do pénis do tipo com quem ela se enrolou? Não bastava ter dito que era grande? Ok, percebemos a ideia, não é preciso estar a dizer que teve de usar lubrificante, que no dia seguinte até tinha sangue nas cuecas e por aí fora... Bastava ter dito que tinha tido sexo com o amigo do ex-marido. 

O que é estranho é que as referências a sexo não se ficam por aqui, e é uma constante ao longo do livro. Primeiro a personagem central, depois as mães que se começam a enrolar umas com as outras (o que é absurdo visto que aquilo não é propriamente uma prisão e elas sairão de lá ao fim de um ano), com os seguranças, com os pais da outra escola. Não sei se a autora queria tornar o livro um pouco mais spicy mas acho que, se aquilo que pretende é escrever sobre um Estado totalitário que controla as pessoas, acho que a parte spicy não é assim tão importante e havia outras coisas mais interessantes para explorar.

O livro foi uma desilusão e, se andam à procura de histórias sobre estados totalitários, este não será uma boa opção.

Acho que poderás gostar de...

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