The Exorcist's House (2022) de Nick Roberts
Sinopse: No Verão de 1994, o psicólogo Daniel Hill compra uma quinta rústica situada nas colinas da Virgínia Ocidental.
Juntamente com a sua mulher, Nora, e a sua filha adolescente, Alice, a família abandona as suas vidas em Ohio e muda-se para sul. No início, são seduzidos pela beleza natural da quinta e apreciam a experiência de consertar a velha casa, mas tudo muda quando descobrem um quarto escondido na cave com um poço, fechado com tábuas e adornado com crucifixos.
As lendas locais sobre a predileção do antigo proprietário por realizar exorcismos vêm à tona, mas nessa altura, todo o inferno já se soltou.
Opinião [contém spoilers]: The Exorcist's House tem todos os ingredientes que aprecio num bom livro de terror: uma casa assombrada, possessões, exorcismos e um final que deixa a porta entreaberta para outros horrores inimagináveis.
A história começa como tantas outras do género: Uma casa de campo a um preço baixo, que precisa apenas de umas pequenas reparações. Uma família que decide mudar-se para lá para fazer as remodelações necessárias e aguardar que o valor da propriedade suba para a vender com lucro.
Claro que existiam uns quantos motivos para a casa estar a ser vendida por um valor tão baixo e que provavelmente afastariam qualquer pessoa minimamente razoável:
- A casa pertencia a um antigo exorcista
- A esposa do exorcista tinha-se enforcado na ventoinha do quarto
- O próprio exorcista morreu na casa, carbonizado em circunstâncias misteriosas
Mas será que isso serve para afastar os Hill ? Nem pensar! São pessoas práticas e não acreditam nessas coisas. Um bom negócio é um bom negócio, independentemente das lendas locais e de ocorrências estranhas.
Portanto, quando o cenário é este, sabemos de imediato que nos aguardam muitos momentos tensos, mas eu estava longe de imaginar o quão tensos seriam! O autor não se limita a explorar as ocorrências já vistas e revisitadas por outras histórias do género, mas acrescenta elementos que dão um toque mais assustador - macabro até! - a tudo o que se passa.
Mas a verdade é que não precisei de ler muito para perceber que ia adorar o livro. Bastaram os primeiros parágrafos para perceber que, se o autor conseguia criar uma atmosfera daquelas em tão poucas palavras, aquilo que me esperava nas restantes 225 ia valer cada minuto.
« The old man struck a match against the large rock on which he rested. He brought the flame to his pipe and puffed the tobacco alive. The amber glow illuminated his aged face in the darkness.
Stillness in the night.
Stars burned bright in the clear sky above him. This was still God's country, no matter how much evil he'd seen in his day. He looked at his sprawling farm that stretched out into the abyss. He was grateful that he couldn't see much.
Puff, puff, puff on the pipe. Plumes of smoke twirled to the heavens. The house where he'd spent the last forty years stood about fifty yards to his back. He did his best to ignore the sounds coming from it. »
Claro que também houve um ou outro momento exasperante. Sabem quando, nos filmes de terror, as personagens parecem fazer tudo aquilo que nós sabemos que vai correr mal? Aqueles clichés típicos como ficar numa casa no meio de uma floresta, andar pela casa a perguntar "helloooo? Is anyone theeere?" quando ouvem um barulho estranho, brincar com o ouija empoeirado que encontram num sótão... Em The Exorcist's House também vamos ter disso, o que só serve para causar ainda mais tensão.
Como se não bastasse terem comprado uma casa com um passado negro, quando se mudam descobrem que alguém fechou a porta da cave com pregos, formando uma cruz. Primeiro sinal de alerta. Mas o que é que Daniel decide fazer? Tirar os pregos e explorar a cave. Claro!
Ao fundo da cave descobre o quê? Uma porta pequenina, escondida atrás de uns baús. Decide ignorar o cheiro horrível e o calor que parecem vir dali, e abre a porta. O que é que encontra? Uma estrutura de tijolo, com um crucifixo no meio, por baixo da qual está uma tábua presa com rebites enormes e, pendurado nas traves do teto, um terço. Qual seria a decisão mais sensata? Claramente sair dali, fechar tudo muito bem, por via das dúvidas pendurar mais uns terços, mais uns crucifixos e borrifar tudo com água benta. Mas Daniel tinha um plano diferente: abrir tudo e descobrir o que estava por baixo!
Na realidade, acho que em última análise acabaria por não fazer grande diferença porque, o que quer que lá andava, já andava mesmo antes de ele ter descoberto aquela porta. Mas foi irritante à brava ter de lidar com a falta de noção de Daniel. Questiono-me se os personagens dos livros de terror, não leem livros de terror. Provavelmente não.
Mas adiante.
Mesmo depois de sabermos que há uma presença na casa, é interessante vermos de que forma ela se manifesta, e como parece afetar os diferentes membros da família. Há momentos em que até connosco ela parece brincar, levando-nos a acreditar ou a duvidar de coisas que estão mesmo em frente aos nossos olhos. Ou será que não estão?
Há algum tempo que não encontrava um livro que fosse, ao mesmo tempo, tão assustador, bem escrito, com personagens tão interesantes e com uma atmosfera de fazer gelar o sangue. Também gostei especialmente das referências ao The Exorcist, The Amityville Horror e The Rosemary's Baby e achei uma bonita homenagem, o último nome do exorcista deste The Exorcist's House ser "Blatty", tal como o autor do Exorcista original.
Portanto, meus caros, se estão com vontade de ler um livro que homenageia, da melhor forma, os clássicos do género e que, ao mesmo tempo, acrescenta alguns elementos novos, The Exorcist's House é uma excelente opção!
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